Luanda - Integra da apresentação do Balanço da digressão diplomática do Presidente da UNITA, Isaías Samakuva ao Exterior apresentado esta terça-feira aos jornalistas, em Luanda.

Fonte: Club-k.net

O mesmo foi objecto de censura pelos órgãos de comunicação do governo que optaram por fazer uma matéria intitulada “Samakuva esquiva a perguntas de jornalistas”, em que o autor, recusa a fazer menção do que o político falou no seu discurso, optando por fazer julgamento de perguntas que os mesmos insinuam não ter respondido.

Senhoras e senhores jornalistas,
Caros membros da Direcção do nosso Partido,
Minhas senhoras e meus senhores,

Gostaria, antes de mais nada, dirigir-vos os meus cumprimentos e os meus agradecimentos por terem aceite o nosso convite.
Como de costume, quisemos estar convosco aqui esta manhã, para falarmos do nosso País sobretudo na base das nossas actividades das últimas semanas. Achamos que é de extrema importância esse exercício porque precisais de ser informados e porque, através de vós, os nossos compatriotas e não só, acompanham o que fazemos e podem saber a nossa posição sobre aquilo que afecta o nosso dia-a-dia ou seja, as nossas vidas.

No fim do mês de Outubro, mais exactamente no dia 29 de Outubro, uma delegação do nosso Partido, constituída por mim próprio e pelos digníssimos deputados e distintos membros da Direcção da UNITA, Alcides Sakala Simões e Adalberto Costa Júnior, iniciou a viagem que a levou sucessivamente a Portugal, Cabo Verde, França e Bélgica.

Tratou-se de uma viagem com fins políticos e diplomáticos
CINCO objectivos bem definidos:

(1) Responder ao convite do Club Internacional de Portugal.
(2) Participar na República de Cabo Verde nos trabalhos da reunião internacional do IDC/África de que a UNITA é membro efectivo.
(3) Responder ao convite do maior partido na oposição em Cabo Verde, que é o MPD (Movimento para a Democracia), para visitar este país africano, insular, amigo de Angola.
(4) Restruturar as Delegações da UNITA junto das Comunidades Angolanas em Franca e nos países do BENELUX, Bélgica, Holanda e Luxemburgo.
(5) Apresentar o ponto de vista da UNITA sobre a situação política, económica e social de Angola.

 

O Club Internacional de Lisboa ou Internacional Club of Portugal, como é normalmente chamado, é um espaço privilegiado de reflexão e debate sobre os grandes temas hodiernos da sociedade global. Neste fórum e na presença de uma audiência multiforme, constituída por intelectuais, homens de negócios, políticos e deputados portugueses, analistas e jornalistas da rádio, da televisão, semanários e diários, e da imprensa especializada, como também por académicos e diplomatas, incluindo representantes da Embaixada de Angola em Portugal. Tivemos, portanto, a oportunidade de proferir um discurso sobre “O Futuro das Relações entre Angola e Portugal no Quadro da Geoestratégia Internacional”, durante o qual também abordei questões pertinentes da actualidade nacional e internacional, na perspectiva da UNITA.

No mesmo dia, em Portugal tivemos a ocasião de ser recebidos no Palácio das Necessidades para o encontro com Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. José Cesário e seu STAFF, bem assim como na Assembleia da Républica Portuguesa onde tivemos um encontro que consideramos bastante frutuoso com a Comissão dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, na pessoa do seu Presidente, o Deputado socialista Sérgio Sousa Pinto, acompanhado pelo Vice-Presidente desta Comissão dos Negócios Estrangeiros e outros deputados.

Ainda em Portugal, a nossa delegação, manteve encontros com membros da Comunidade Angolana aí residente e com influentes personalidades autárquicas e do sector empresarial e académico no Porto.


A nossa delegação não deixou Lisboa sem que apresentasse os seus cumprimentos de cortesia à Embaixada de Angola em Portugal. De salientar que este encontro também serviu para transmitir as preocupações que angolanos e não só nos apresentaram, sobretudo no que diz respeito ao funcionamento da nossa representação consular.

CABO VERDE

Terminada a etapa de trabalho em terras lusitanas, a nossa delegação partiu para Cabo Verde, onde visitou, sucessivamente, as ilhas de Santiago, Sal, São Vicente e Santo Antão. Na ilha de Santiago, mereceram a nossa especial atenção, a capital do País, a cidade da Praia, bem assim como a histórica cidade de Tarrafal.
De realçar aqui, a amizade que o Povo e dirigentes caboverdianos nutrem pelos angolanos bem assim como a simpatia que a nossa delegação encontrou em todas as localidades por onde passou.

Um dos temas que dominou os encontros tidos com a classe dirigente do País e com cidadãos em geral, foi o impacto do poder local no processo de aprofundamento da democracia cabo-verdiana, sobretudo como factor de estabilidade social e de desenvolvimento das comunidades nacionais. Foi também realçada a importância política do diálogo nacional em Cabo Verde para a criação permanente de consensos entre as forças políticas e sociais. Do Presidente da República, aos deputados (do partido maioritário e da oposição), dirigentes autárquicos até o cidadão comum, todos reconheceram, durante os encontros que mantivemos com eles, os avanços que Cabo Verde conheceu desde que assumiu o sistema autárquico como seu modelo de governação.


A visita a Cabo Verde proporcionou-nos uma visão real da importância das autarquias enquanto instrumento de resolução dos problemas do dia-a-dia das populações, tanto aos que se relacionam com a saúde, educação, distribuição de água potável e de energia elétrica como aos que dizem respeito aos mais variados sectores da vida do cidadão.

É digna de menção, a proximidade entre governantes e cidadãos, o que permite uma perfeita interacção entre eles, facilitando o trabalho dos governantes, sobretudo na identificação dos problemas mais candentes das comunidades. Uma nota positiva que também não se pode ignorar é o sentimento de dever, visível nos governantes, no que diz respeito à prestação de serviços básicos, sobretudo o abastecimento de água potável e de electricidade, cuja extensão cobre todas as comunidades, incluindo as mais pequenas. Em Cabo Verde não encontramos governantes que se acham na posição de “chefes”. Encontramos governantes que se sentem como servidores do Povo.

A nossa delegação pôde também constatar a capacidade de iniciativa e de realização do povo cabo-verdiano que, no meio de tantas adversidades da natureza, consegue viver com notória dignidade graças ao papel das autarquias.

Depois destes encontros acima mencionados, que tiveram lugar na Ilha do Sal, Santo Antão, São Vicente, e na ilha de Santiago, com vista ao fortalecimento das relações bilaterais entre a UNITA e o Movimento para a Democracia de Cabo Verde (MpD), a delegação participou na reunião da Internacional Democrática do Centro, IDC que ocorreu, como previsto, nos dias 7 e 8 de Novembro de 2014, na cidade da Praia. Durante os dois dias de trabalho, a conferencia abordou questões pertinentes relacionadas com a situação política, económica e social do continente africano, como também com o processo de restruturação desta organização em África.

Para além do país anfitrião, que presidiu a conferencia, na pessoa do Dr. Ulisses Correia e Silva, Presidente do IDC África, do MpD, e da Câmara Municipal da cidade da Praia, acompanhado pelo Dr. Antonio Lopez-Isturiz, Secretário Geral do IDC e do Partido Popular Europeu (PPE), e pelo Coordenador executivo do IDC, Alberto Thiery, estiveram presentes, nesse fórum internacional, delegações constituídas por Representantes do Senegal, da Costa do Marfim, do Gabão, de Angola, de São Tomé e Príncipe, da Guiné Bissau e da Argélia, bem assim como e de Portugal e Brasil, estes dois últimos como observadores.

No fim dos trabalhos, os delegados à conferencia aprovaram importantes resoluções com vista a dinamização das actividades da Internacional Democrática do Centro (IDC) na África. Foram deste modo aprovadas as propostas de alteração do modelo organizacional dessa instituição, dotando-a de maior autonomia em termos de actividades no continente africano. À UNITA foi atribuída uma Vice-Presidência e a Coordenação das Organizações Femininas Africanas, filiadas nesta importante organização internacional. Este encontro permitiu à UNITA, o reforço das suas relações com outros partidos presentes, tendo sido mesmo convidada a visitar, em tempo oportuno, vários países

FRANÇA, BÉLGICA E UNIÃO EUROPEIA

Depois de ter cumprido o seu programa EM Cabo Verde, a delegação rumou para França e Bélgica, onde trabalhou com membros das estruturas partidárias junto das Comunidades angolanas desses países. Em Bruxelas, a delegação teve também importantes encontros no Parlamento Europeu, onde reuniu com Eurodeputados do Grupo Socialista, Liberal e do Partido Popular Europeu. Em Bruxelas, a delegação foi também recebida pelos responsáveis da política africana no Ministério dos Negócios Estrangeiros do Governo Belga, cumprindo, assim, a sua última etapa.

Importa realçar a abertura, o calor e o interesse com que a delegação foi recebida por todos os seus interlocutores que escutaram com bastante atenção os pontos de vista da UNITA sobre questões de índole nacional e internacional, particularmente de natureza política, económica e de segurança regional.

À semelhança da viagem anterior à Europa, personalidades europeias exprimiram o seu reconhecimento pelo papel que a UNITA tem desenvolvido no que diz respeito à manutenção da Paz e da estabilidade em Angola.

- Hoje as relações entre diferenciados países, não se restringem ao relacionamento oficial entre os seus governos. Cada vez mais as relações formais entre governos, se associam as relações entre os seus povos, traduzindo-se em múltiplos eixos que vão do relacionamento entre indivíduos, entre organizações da sociedade civil, entre partidos políticos, enriquecendo e consolidando os múltiplos interesses e oportunidades que podem ser explorados, desenvolvidos e consolidados.

- A UNITA constitui um inquestionável e importante veículo, reconhecido, do conhecimento e do relacionamento de Angola com o mundo global, de que somos parte.

- O nosso país, em alguns aspectos alimenta ainda algumas correntes de pensamento retrogrado, arreigadas a uma mentalidade restritiva, resultante do período do partido único, em que o estado-partidário se sobrepõe a tudo, e a todos anula e retira existência visível, negando desempenho e representatividade complementar.

- Achamos que os Angolanos, devemos libertar-se dessas amarras mentais e abraçarem definitivamente os valores característicos de um verdadeiro Estado Democrático e de Direito. So em liberdade, usufruindo da plenitude de direitos cívicos e políticos, poderemos abraçar o desenvolvimento e poderemos reduzir o atraso real em que estamos, no que respeita a cidadania reconhecida aos povos que vivem em países democráticos.

Senhoras e senhores jornalistas, o que acabei de relatar, constitui o conjunto das actividades mais relevantes da nossa visita que penso, foi acompanhada com algum interesse pelos angolanos.


Agradeço mais uma vez a vossa presença aqui.

Luanda, aos 25 de Novembro de 2014.-

Isaías Samakuva
Presidente da UNITA