Luanda - Lamentavelmente a bajulação assume proporções alarmantes, prova disso bastou ver o drama levado a cabo pelos Órgãos de comunicação social Públicos que decidiram tirar a mascara e atirar-se contra tudo e todos em defesa do Bom-/mau nome do chefe; assim como aos pronunciamentos irresponsáveis de certos dirigentes da JMPLA nos últimos tempos, a postura de alguns Dirigentes do Regime, o comportamento de certos académicos, etc.

Fonte: Club-k.net

É incrível. O que não entendo é o facto de que quando o assunto e do interesse do MPLA e seu Presidente, vale tudo, e nem sequer se dá importância a lei, inclusive passa-se ate mesmo por cima das normas de convivência social; refiro-me concretamente aos princípios ético-morais. Mas quando e para destapar as gafes do chefe ali os jornalistas deixam de ser jornalistas e todos atiram-se ao tapete. Forjam- se comentaristas com um pendor de bajulação acentuada. Que pena, que importa queimar toda a juventude na formação, exibir canudos para no final das contas virar um mero bajulador só para garantir migalhas. Porque tanta bajulação?

Há uma tendência de querer transparecer que só eles pensam, só eles tem ideias e todos devemos apenas cumprir, certo ou errado. É normal que os cidadãos ou responsáveis, façam reflexões sobre a realidade do nosso país. Não sei qual e o conceito de independência que este regime tem. Ao meu entender a independência não se deve resumir apenas ao içar da Bandeira da República no dia 11 de Novembro de 1975 nem tão pouco a saída dos portugueses. Independência no verdadeiro sentido da palavra e nos termos mais lógicos é mais do que isso e se estende até a maneira de pensar e de agir dos governantes, para aferir a sua legitimidade ou não. Podemos estar independentes do ponto de vista territorial com a saída dos colonos portugueses mas não estarmos totalmente independentes do ponto de vista material e espiritual, face as políticas de quem governa.

Um estado Independente é aquele em que se prima pela garantia de direitos e liberdades fundamentais aos cidadãos, e pelo respeito a dignidade humana, não a subjugação e a exclusão. Sem medo de errar vivemos num pais cujo regime que governa assume atitudes neocolonialistas e isto só não vê quem não quer ver. Para mim enquanto jovem que quer ver uma Angola melhor, inclusiva e próspera, preocupa-me o rumo que esta está a tomar, camuflado em fictício crescimento económico que cada vez mais se revela ineficiente, basta olhar para o declive do desenvolvimento social. Parece haver aqui amadorismo na concepção das políticas públicas ou então dogmatismo baseado na imitação, tornando o cidadão num desconhecedor da verdade, por estar sua mente confundida com ilustrações de uma Angola Virtual.

Não obstante o calar das armas, o problema de Angola merece uma reflexão profunda, que envolve todas as forças vivas da Nação. Quer seja no âmbito político, económico e social. Precisamos encarar com realismo os pontos de convergência e de divergências; as ambições e as motivações destas ou daquelas forcas, grupos ou camadas sociais. Precisamos acima de tudo admitir para o bem te todos que Angola só será Angola dos sonhos com Alternância de poder.

É necessário que os cidadãos participem na vida pública; é imperativo que o Estado se assuma como entidade máxima de tutela dos cidadãos e não o contrário como sempre nos fez transparecer o regime que governa Angola matando os sonhos e aspirações de milhares de cidadãos só porque não se revem nos seus ideais. Vivemos num país onde o cidadão para ter acesso a uma oportunidade lhe é obrigado a possuir o cartão de militante do MPLA, para subir de categoria no emprego precisa pertencer a um comité de especialidade do MPLA. Inclusive entidades religiosas que preferem manter a coerência e dizer apenas a verdade dentro da sua nobre tarefa de evangelização não são poupadas, em contrapartida se procura enaltecer aquelas figuras que se desviam da sua essência e remam a favor da tirania afinal qual é a independência de que se quer transparecer?

Este estado de sítio a que nos querem colocar não vai existir porque não vamos aceitar. Angola é nossa terra por isso mesmo temos os mesmos direitos e os mesmos deveres. Não nos cobrem deveres enquanto não garantirem os nossos direitos porque ambos estão interligados. Os jovens revolucionários desempenham o seu papel enquanto cidadãos que querem ver o seu país a ser governado com justiça e respeito a diferença; 

por isso, não devem ser diabolizados só porque quereis continuar a governar a todo o custo e não procurem bodes expiatórios para justificar o vosso fracasso. A liberdade é um direito consagrado universalmente por isso todo o cidadão tem direito de se manifestar quando esta mesma é posta em causa.

Quero lembrar quer queiram quer não, a democracia é irreversível. Aqueles que teimosamente insistirem em trava-la ou então deturpar o seu curso, serão ultrapassados pela história bastou um sopro. Tenho dito.

- Agostinho Kamuango -