Luanda – Em meados do ano 2011, no calor das primaveras mais bem-sucedidas no Médio Oriente e África ocidental. Um aventureiro do bem lançou-se inocentemente na brincadeira que virou de mal gosto para o país que a partir do dia 7 de Março de 2011, conheceu outro rumo que não aquele do país da TPA, RNA, Angop, alguns jornais semanários de faz de contas, das igrejas ecuménicas do mal e etc.

Fonte: Club-k.net
Emiliano Lameira.jpg - 21.86 KBCom o pseudónimo de Agostinho Jonas Roberto dos Santos, gerou um suspense digno de gravações em HD, dos «xinguilamentos» e exorcismos ateu-religiosos de vária ordem que fizeram entrar em pânico até pessoas que simplesmente viviam e não entendiam nada! Da incerteza ao facto (a luta do kuduro vs rap comercial vs underground)

A história se repete, quem disse isso tinha razão. A música mais uma vez foi usada como arma de combate para a propagação do vírus da tomada de consciência dos jovens revolucionários à partida e de muitos não revolucionários na altura.

Ainda sob o efeito do terror que permanecia nas cabeças dos sobreviventes das batalhas que cessaram em 2002, as coisas começavam a mexer-se timidamente. Enquanto o kuduro e uma boa parte do rapper foi tornado comercial e transmissor da mensagem de que somos um povo alegre e muito de bem com a vida que parece que o que faltava era apenas atingir a transcendência humana por via de uma aparente boa governação pelo menos mostrada e demonstrada na televisão e média fútil encomendada, que passou a ser a tábua de salvação de quem finge que governa bem.

Do pouco dos rappers que sobreviveram à custo zero e sem nenhuma mediatização, nasceram e floresceram os movimentos de rap consciente (underground, ou seja revolucionário), com actividades no centro da cidade (Elinga), e noutros cantos pouco iluminados pela Edel da nossa Luanda.

A revelia de insistir e persistir do rap consciente, criou uma nova gama de filósofos e pensadores forjados dos becos dos bairros que nem fazem parte da cartografia e toponímia da cidade como tal. E eu comprovo (vivi num bairro e frequentei outros que mais tarde ao ler nos mapas cartográficos da cidade, para os mesmos espaços viam designações como: terreno baldio, lixeira, vala de drenagem pluvial, aterramento de resíduos sólidos e tóxicos, zona de parque infantil, zona escolar, área reservada para infra-estruturação etc.).

Confesso-vos que não existe nada mais libertador e desafiador que o conhecimento. Este conhecimento que nos tem custado tão caro ante uma ignorância de quem detém o poder, não aquele poder real mas o bélico, parafraseando MaoTséTung: “O poder político cresce do cano de uma arma”. É com este poder que Angola vem sendo (dis) gerida pelos tais…

O kuduro fez a sua parte, antes os kotas também fizeram a sua parte através da música revolucionária, enquanto uns só queriam saber de farras. O rap comercial também já fez a sua parte e tanto fez que até desgastou-se ou dilui-se no nada. Deixem o rapper underground fazer em paz a sua caminhada.

Estamos cansados de mortes, violência gratuita, excesso brutal e ignorante de uso de força, por causa de um estilo de música libertador. Cada estilo de música carrega em si suas consequências boas e más. Com o devido respeito já se produziu muita futilidade, muita incitação ao consumo desregrado de bebidas alcoólicas e outros entorpecentes, promove-se o sexo irresponsável, a homossexualidade e muito mais.

Agora um estilo de música que quer libertar e promover o diálogo, a crítica o debate e o acompanhamento da vida social é crime? Senão porquê mataram pessoas até agora só por pensarem diferente ou tentar saber um pouco mais sobre o país?

Já trucidaram, molestaram e desgastaram muito este povo; “é hora de acabarem de nos matar”. Temos de nos considerar como as viaturas que mesmo acabando de nos matar ainda insistem em fumegar a cidade. Eu peço aos manos que estejam firmes, pois este caminho escolhido é um caminho sem volta. Os frouxos vão sendo esclarecidos ao longo do tempo. Quanto mais nos tentarem pisar mais aprenderemos a lidar com a ignorância e estupidez institucionalizada deste país. Avante manos não precisamos ser muitos, precisamos ser muito fortes!

Homenagem aos guerreiros: Luaty Beirão – Pedrowski Teca – Mbanza Hamza – Adolfo Campos - Emanuel Pitra – Emiliano Catumbela – Nito Alves – Nelson Dibango – Nginga Ncumbu – MCK – Fat Soldiers – Kady Mixinge – Laurinda Gouveia – Tia Ermelinda - Carbono Casimiro – Monstro Imortal –  Manuel das Mangas - Jonas Rob –  e todos manos conscientes. Os traidores e vendidos não valem um centavo da nossa consideração. Este país é meu.