Lisboa - O antigo delegado do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE) de Luanda, António Gamboa Vieira Lopes revelou recentemente em tribunal como a sua organização emboscou em Outubro de 2013, o activista e coordenador da SOS Habitat, Rafael Morais, como forma de sabotar uma marcha que visava  celebrar o dia Internacional da Habitação.

 Fonte: Club-k.net

Verdades vêem a superfície 

Gamboa Vieira Lopes, que está a ser julgado pela morte de Alves Kamulingue, citou o caso da emboscada contra Rafael Morais para ilustrar ao juiz que o papel do SINSE não é assassinar mas sim assessorar, os órgãos de Estado, com  informações privilegiadas em casos de realização de manifestações ou marchas incómodas ao poder político.  

O antigo responsável da “secreta” em Luanda contou que ao tomarem conhecimento das pretensões da SOS Habitat, em 2013, a sua organização realizou um plano de emboscar  o líder da ONG promotora da marcha, numa operação que contou com os préstimos da Polícia Nacional. O objectivo foi sabotar a realização da inicitiva pacifica.

Vieira Lopes detalhou que eles tinham informações que a viatura que transportava o coordenador da SOS Habitat estava com documentos em falta, e usando estes dados solicitaram a Policia Nacional para que o mesmo fosse interditado no trajecto que ele faria de casa até ao local de concentração da marcha.

Foi assim que agentes da Polícia Nacional retiveram o activista quando eram 7h20 da manha do dia 5 de Outubro de 2013 quando ele se fazia transportar de uma viatura Toyota Lander Cruizer de cor branca com a matricula cor verde LDR-73-89. Ao ser interpelado, os agentes da polícia - que estavam a operar  com o SINSE - alegaram que a viatura do activista estava na lista dos carros roubados e levaram-lhe para a divisão da Policia Nacional em Viana onde permaneceu atè às 14h40, hora que terminaria o tempo previsto para a marcha.

Naquele mesmo dia, o Governo Provincial de Luanda (GPL), também agindo dentro do plano do SINSE disse aos organizações da marcha que a mesma não poderia ser realizada por causa de uma suposta prova de ciclismo que segundo eles teria lugar no mesmo local da marcha da SOS Habitat, em Luanda.

Depois de ter sido solto pela Polícia Nacional, o coordenador da SOS Habitat Rafael disse a imprensa  que realização de uma prova de ciclismo no local onde deveria acontecer a manifestação, foi a justificação apresentada pelas autoridades de Luanda para impedir os planos da ONG.

"Não aconteceu a tal prova de ciclismo. O Governo Provincial de Luanda mentiu à sociedade e mentiu à SOS Habitat, no sentido de mais uma vez impedir um acto que está plasmado na Constituição", afirmou  Morais.

Apesar de as liberdades cívicas estarem consagradas na  constituição angolana, o executivo do Presidente José Eduardo dos Santos  tem recorrido ao uso da violência e agressão policial para impedir todas as iniciativas do género que tem lugar em Angola. A evidencia de tais impedimentos, estão nas revelações do ex-delegado do SINSE, em tribunal,  revelando as armadilhas que o executivo angolano  engendra contra os promotores das manifestações ou marchar que tem lugar em Angola.