Luanda – Finalmente, a polícia angolana repôs a liberdade os três jovens raptados na via pública (por estes), no passado dia 22 de Novembro do ano em curso, no bairro Kaputo, arredores do mercado dos Congolenses, em Luanda, quando regressavam de uma festa.

Fonte: Club-k.net
Comando da policia.jpg - 57.56 KBO Club K publica extractos da “nota de agradecimento” que a família Ngonga enviou a nossa redacção.

NOTA DE AGRADECIMENTO

A família Ngonga vem por meio deste agradecer a todos aqueles que não pouparam esforço para solucionar a questão do desaparecimento do meu sobrinho Edson Rafael Ngonga, de 27 anos de idade, e dos seus amigos.

Como foi exposto no documento anterior digitado por mim, havia uma grande preocupação por parte da nossa família, em relação ao desfecho dessa história, pois temíamos que o final dessa história fosse o mesmo que a dos activistas KASSULE e KAMULINGUE, mas graças a Deus e ao vosso apoio, conseguimos ultrapassar essa questão e, podemos voltar a sorrir e dormir despreocupados, pois o assunto já está resolvido.

Não posso deixar de agradecer a todas instituições, imprensa virtual (como o CLUB K), activistas online (pelo facebook e outras redes-sociais) e todos aqueles que receberam e responderam a nossa mensagem de desespero.

OBS: Apesar de estar já resolvido esse caso, não queremos exposição na média, pois a minha família prefere que o caso fique desassociado a algum tipo de actividade política e, a partir daí tome outros contornos.

Passo a informar que encontrava-me em casa quando tomei conhecimento do sucedido. No dia 04 de Dezembro de 2014, por volta das 14:00, quando estava a almoçar, durante a paragem de descanso que é feita quando faço uma longa viagem, isto é, vinha do Huambo, recebi uma mensagem da minha sobrinha, a dizer que o assunto já estava na média (pelo menos na internet) e, também já tinham informações sobre o meu sobrinho. Sendo assim, pedi-lhe que contasse-me o sucedido assim que eu chegasse em casa.

Posto em casa, isto por volta das 19 horas, falei pessoalmente com a minha sobrinha e, esta confirmou-me que o meu sobrinho já tinha aparecido. Depois disso, pedi-lhe que chama-se logo o mesmo para esclarecer sobre o que passou realmente. 20 minutos depois, o meu sobrinho, Edson Ngonga, apareceu e explicou-me o sucedido.  

- Passo agora a explicar o sucedido, segundo o relato do meu sobrinho, Edson Ngonga, o causador desse desespero temporário:

1 - O rapto: na verdade a detenção aconteceu. Segundo o meu sobrinho, os oficiais justificaram a detenção dos mesmos pelo facto de entoarem hinos de carácter ofensivo e, que dada a ocasião, isto é, a existência de uma manifestação naquela manhã, demonstrava ligação com os organizadores da mesma (manifestação). “Ele (o oficial) disse que não nos fariam mal algum, disse que era para esperar algumas horas e, daí seríamos libertos, mas pediram-me para desligar o meu telefone (eu era o único que se fazia acompanhar do mesmo) para não comunicar com outros manifestantes, pois eles ainda suspeitavam da nossa participação naquela actividade”.   

2 - A soltura: “ficamos detidos (…) que, segundo o oficial, era para esperar baixar o clima da manifestação”, argumentou o meu sobrinho.

3 – (…)
4 – (…)

5 - Finalmente aliviados: Para o bem de todos, nada de mal aconteceu, quer o meu sobrinho, como os seus amigos, não foram maltratados pelos oficiais da polícia nacional, estão em casa e gozam de boa saúde.

Mais uma vez ficamos agradecidos pelo vosso trabalho, pois fica provado que as instituições defensoras dos direitos humanos no nosso país funcionam e exercem o seu trabalho com muita força e dedicação. Não podemos esquecer o contributo do CLUB K que divulgou a informação para a campanha da busca de paradeiro do meu sobrinho e seus amigos.
Grato pelo vosso apoio;
Saudações;

Martinho Patrício Ngonga

De salientar que as vítimas (raptados por voltas das 05 horas e 40 minutos) foram confundidos com os membros do Movimento Revolucionário de Angola, uma vez que entoavam hinos. Por sina, um dos amigos das vítimas terá testemunhado, a olho nu, a acção perpetrada os efectivos da polícia nacional.

No dia em que Edson Ngonga, juntamente com os seus dois amigos, foram sequestrados pelo dois agentes da polícia do Comando Provincial de Luanda, o auto-denominando Conselho Nacional dos Activistas de Angola realizou uma manifestação pacífica, em Luanda, que exigiam a demissão do Presidente da República, José Eduardo dos Santos.