Lisboa - A ex-diretora financeira do BES responde à afirmação de Álvaro Sobrinho, ex-presidente do BES Angola, de que o dinheiro do financiamento do BES ao BESA não chegou a sair de Portugal

Fonte: Lusa/Expresso

O financiamento do BES ao BES Angola (BESA) processava-se através de operações do mercado monetário, efetuadas pela sala de mercados do BES, e confirmadas por mensagens SWIFT, isto é, com código de segurança, indicou esta manhã Isabel Almeida, ex-diretora financeira do BES, na comissão parlamentar de inquérito ao colapso do banco.

"Todas essas operações são assim uma obrigação contratualmente tomada pelo BESA", afirmou Isabel Almeida, contrariando a afirmação de Álvaro Sobrinho, ex-presidente do BESA, na sua anterior passagem pela mesma comissão de inquérito.

Sobre a afirmação de Sobrinho de que o dinheiro não chegou a sair de Portugal, Isabel Almeida salientou que "o BESA dava indicação à sala de mercados do BES para colocar esses valores na própria conta do BESA junto do BES". E reforçou: "O dinheiro era colocado nessa conta por instrução do BESA". Ou seja, o dinheiro ficava na conta que a subsidiária angonala tinha no BES, para posteriormente usar como entendesse.

A partir daí já não havia intervenção do departamento financeiro do BES, mas sim do departamento internacional. "Imagino que depois onde era colocado o dinheiro resultava também de instruções do BESA", afirmou.

BESA não pagava juros da dívida ao BES desde 2012


A exposição do Banco Espírito Santo (BES) ao BES Angola (BESA), que terminou nos 3300 milhões de euros, começou em 2008, de forma relevante, disse esta manhã Isabel Almeida aos deputados da comissão parlamentar de inquérito ao caso BES. "Na altura estávamos a falar de 1500 milhões de euros", disse a ex-diretora financeira do BES.

Depois, entre 2009 e 2012, "a exposição duplica para fazer face às necessidades e modelo de financiamento do BESA". Até por causa dos "desequilíbrios" que essa subdidiária do BES tinha.

"A partir de 2012, o aumento na exposição do BES resulta muito da capitalização de juros" da dívida do BESA ao BES, frisou. Segundo Isabel Almeida, "ao contrário do que aqui já foi dito, o BESA já não pagava" desde essa altura.

"De 2012 a 2014 foi um acumular de juros que fizeram aumentar a exposição em cerca de 400 milhões de euros". Foi assim que se atingiu o valor "enormíssimo" de 3300 milhões de euros, salientou.