Luanda - “Nos últimos tempos o cerco foi-se fechando (á informação)”, disse o editor-chefe da Rádio Eclésia, Manuel Vieira, no programa “Angola Fala Só”.

Fonte: VOA

O jornalista mostrou-se pessimista quanto ao futuro imediato da informação angolana para 2015.

Para Manuel Vieira a grande questão com os media angolanos se vão debater este ano será a “sustentabilidade”.

São grupos económicos que sustentam jornalismo e que “pagam aos jornalistas” e que querem influenciar “tudo e mais alguma coisa”.

Mas, acrescentou, esses grupos económicos vão ressentir-se das reduções financeiras, que vão surgir devido á queda do preço do petróleo, e que afecta bastante Angola.

Provavelmente, disse, “haverá falência de alguns jornais, haverá falta de salários”.

Mas ao longo do programa o editor-chefe da Rádio Eclésia disse que a sustentabilidade dos media está também dependente da credibilidade.

“julgo que hoje estamos a regredir em alguns aspectos, como na questão da qualidade da pontualidade”, disse Manuel Vieira.

“Investigamos pouco, queremos ser imediatistas e depois temos peças ocas”, acrescentou.

Contudo notou que o jornalismo angolano se debate com a falta de meios, tanto financeiros como outros, para ter um jornalismo de investigação sério.

Interrogado contudo sobre se há receios em ferir as autoridades, Manuel Vieira, disse as circunstâncias obrigam muitas vezes o jornalista “a pensar duas vezes” já que “nos últimos tempos o cerco se foi fechando”.

“Os heróis da informação existem mas é bom observar a sociedade angolana, é bom saber de quem são os órgãos (de informação), é bom saber ás quantas andamos”, disse.

Para Manuel Vieira a Rádio Eclésia “não é um partido político” e tem como princípio “acomodar a todos tal como a igreja o faz”.

Mostrou-se contudo confiante que o eventual aumento de meios de informação irá garantir a liberdade de informação.

“Liberdade de imprensa é vista na sua diversidade”, ainda que “o jornalismo verdadeiro é o cão de guarda da democracia”.

Interrogado por diversos ouvintes sobre a expansão da Rádio Ecclésia, o editor-chefe disse não pode responder a essa pergunta por não ser da sua competência.

Afirmou contudo que em muitos casos, como Cabida, a rádio está pronta a entrar em funcionamento "faltando apenas autorização."