Luanda - Lucas Ngonda cede à pressão e aceita dialogar com partidários de Ngola Kabangu ao mesmo tempo que anuncia que os membros expulsos serão delegados ao congresso, entretanto adiado para o dia 13 de Fevereiro.

Fonte: VOA
Os antigos combatentes da FNLA podem ter sido os protagonistas do primeiro contacto directo que o presidente Lucas Ngonda aceitou com os seus opositores internos.

Esta Quarta-feira um grupo maioritariamente composto por elementos do ex-braço armado da FNLA (ELNA), realizaram uma manifestação, diante da sede deste partido, no Maculusso, em Luanda, exibindo panfletos que apelavam à necessidade do diálogo com vista a realização conjunta de “um congresso de reconciliação da grande família FNLA”.

O presidente da FNLA permitiu, com efeito, um encontro de mais de três horas com uma representação dos militantes que partilham do pensamento de Ngola Kabangu, com os quais fez um primeiro ensaio de aproximação entre as duas lideranças.

A primeira novidade saída do encontro vai para a aceitação dos mais de 300 antigos membros do Conselho Político Nacional como delegados ao próximo congresso.

Novos encontros foram anunciados para os próximos dias para se estabelecerem “os termos do diálogo”, segundo Laiz Eduardo, coordenador da comissão preparatória do congresso.

Este anunciado evento, entretanto protelado para o dia 13 de Fevereiro por alegadas “razões técnicas”, está de resto na base deste novo movimento contestatário contra o actual presidente do histórico partido.

A reunião que esta Quarta-feira colocou frente a frente Lucas Ngonda e uma delegação mandatada por Ngola Kabangu foi classificada como sendo “histórica”, por Laiz Eduardo.

“Foi um encontro produtivo, franco e aberto e travado entre irmãos”, descreveu Laiz Eduardo, em declarações a OPAÍS.

O dirigente da FNLA revelou que a outra parte pretendia saber dos passos já dados no quadro da preparação do congresso. Segundo declarou, a direcção do partido prestou toda a informação respeitante ao evento, incluindo a disponibilidade de aceitar todos os militantes expulsos a fazerem parte da reunião magna do partido. “Nós já criamos um quadro em que todos os 321 membros do exconselho político nacional participam como delegados ao congresso”, garantiu Laiz Eduardo.

Laiz Eduardo disse que o novo cenário político interno latente não vai comprometer a realização do congresso na nova data anunciada, tendo garantido que muito antes de 13 de Fevereiro as partes poderão discutir todos os aspectos principais que têm sido “o pomo da discórdia”.

“Fomos dizer ao senhor Lucas Ngonda para que pare para dialogar. Sem diálogo não haverá congresso algum”, advertiu, por seu lado, Maria Margarida Cardoso, mandatária de Ngola Kabangu às conversações.

A responsável partidária sustentou que se o presidente reconhecido pelo Tribunal Constitucional insistir unilateralmente na realização do evento, os seus partidários não reconhecerão as suas decisões.

Margarida Cardoso disse que a outra parte prometeu responder “a qualquer momento”, às questões postas à mesa de discussões antes de as comissões voltarem a encontrar-se. “Do nosso lado está tudo pronto e já temos a comissão negocial constituída”, disse a porta-voz de Ngola Kabangu, que defende a realização de “um congresso conjunto”.

Informação disponível deu conta que ontem e hoje, a equipa do presidente Lucas Ngonda está a realizar os acertos necessários para as negociações previstas, podendo ter havido o mesmo exercício da parte de Ngola Kabangu e pares.

O antigo membro da comissão política nacional da FNLA, Castro Freedom, disse que manifestação dos militantes esta Quarta-feira demonstra que são as bases que mais se preocupam com a crise em que o partido está mergulhado desde 2004.

Castro Freedom disse estar encorajado com a iniciativa dos “mais velhos”, que de alguma maneira veio frenar a bipolarização que enferma a organização. “O acto de ontem partiu das pessoas que viveram a guerra no peito e eles, homens e mulheres idosos, foram exigir para que se pare para se repensar o partido”, defendeu.