Cabinda - Depois da restruturação feita na TAAG sob o impulso do Ministro dos Transportes, Dr. Augusto da Silva Tomás, a companhia angolana de bandeira ganhou uma nova imagem com aquisição de novos aparelhos para os vôos domésticos e com novo dinamismo que vimos no pessoal da companhia tanto nas lojas como nas operações de despacho de passageiros. Com a nova programação, Cabinda passou a contar com três vôos diários, plenamente justificados pela enfadonha tese da  ́descontinuidade geográfica ́ ́.

Fonte: Club-k.net

O primeiro serviço era logo de manhã cedo, com o check-in na véspera, o segundo serviço ao meio-dia e o terceiro ao anoitecer. Os horários eram cumpridos à tabela. Vários funcionários executivos e empresários davam-se ao luxo de ir trabalhar para Cabinda ou para Luanda e regressar no mesmo dia sem grandes transtornos. Eu próprio arrisquei uma vez apanhando o segundo serviço de Cabinda para Luanda tendo seguido no mesmo dia para fora do país sem qualquer constrangimento. A regularidade e o novo dinamismo da TAAG pesou bastante no desaparecimento daquela miríade de pequenas e misteriosas companhias aéreas cujos serviços inundavam o aeroporto doméstico da capital. A mim sempre causou reservas a qualidade dos serviços e a fiabilidade daquelas aeronaves recicladas não sei de que lixeira doutra margem do mundo.

Por um momento deu para esquecer aqueles dias difíceis da velha TAAG das  ́ ́quedas ́ ́(houve quem tivesse tentado viajar durante um mês sem sucesso) e dos  ́ ́cancelamentos ́ ́, das filas intermináveis nos aeroportos e dos  ́ ́esquemas ́ ́, etc, etc. Foi uma espécie de catarse que veio exorcizar os dias mais funestos da companhia. Ouvi da boca de vários passageiros, e com sobeja razão, esta exclamação: «TAAG, quem te viu e quem te vê!» Tudo isso prenunciava novos tempos para a TAAG, assim pensávamos nós, ingenuamente crédulos. Ledo engano! Afinal tudo não passou mesmo de um charme. Praticamente desde 2013, a TAAG começou a registar os mesmos problemas no cumprimento da sua programação. Os horários passaram a ser fictícios.

Os  ́ ́esquemas ́ ́ e as  ́ ́gasosas ́ ́ voltaram ensombrar a imagem da companhia. Na última quadra festiva a situação estava tão insustentável que um amigo meu nao se coibiu de comprar bilhete ida e volta para Cabinda a 50 mil kuanzas no  ́ ́esquema ́ ́. E é mesmo em relação aos vôos para Cabinda que as coisas se complicaram mesmo. Para os passageiros de Cabinda, a  ́ ́banga ́ ́ acabou pela simples razão de que a TAAG deixou de cumprir os seus próprios horários. Aliás, provavelmente deve haver horários oficiais (da direcção de programação da TAAG) que são postos ao nosso conhecimento e horários oficiosos (reservados aos pilotos).

O passageiro recebe um horário no bilhete, outro horário no talão de embarque para viajar finalmentente num horário completamente diferente dos dois anteriores. Por incrível que pareça, o famoso último serviço para Cabinda tem sido agora à meia-noite. Os passageiros estão no aeroporto desde a hora do check-in (15:30) para embarcarem pela noite adentro, já extenuados e no limite da paciência Em Dezembro de 2013 cheguei à Cabinda às 00:45 e só cheguei à casa a 01:40, porque a demora na entrega da bagagem é outra dor de cabeça para os passageiros. Ora, se já é penoso chegar a Cabinda a estas horas impróprias (na gíria diz-se fora de horas) vejamos a situação dos passageiros que saiem de Cabinda a estas horas e chegam a Luanda ou a uma ou às duas da madrugada como aconteceu recentemente no dia 27 de Janeiro com o vôo DT 121 CABLAD (ironicamente era o primeiro serviço previsto inicialmente para as 07:45). Para avaliar a gravidade de tamanha irresponsabilidade da TAAG e flagrante deselegância em relação aos utentes, basta dizer que alguns passageiros preferem dormir ao relento no aeroporto doméstico de Luanda por razões de segurança e porque os taxistas também não são seguros. Não são novidade para ninguém os níveis de criminalidade que assolam a capital de Angola, onde todo o cuidado é pouco para qualquer forasteiro, sobretudo, na calada da noite em que até Deus não está seguro nos templos. O que a TAAG faz é só despejar os passageiros no destino e lavar as mãos sem qualquer nesga de sensibilidade humana e responsabilidade empresarial.

Por outro lado, não é cortês ligar a estas horas a um familiar ou amigo para ir até aeroporto à nossa busca. É neste sentido que eu quero deixar aqui, como utente useiro e vezeiro dos serviços da TAAG, um repto ao Conselho de Administração e seu pessoal:

1) Respeitem escrupulosamente os direitos dos passageiros;

2) Ponham fim a esses vôos de madrugada ou então declarem que os vôos para Cabinda são vôos internacionais e assim sendo publiquem aos passageiros o novo horário e o check-in passa a ser às 22:00 em vez das 15:30. Se assim for, quem quiser viajar a estas horas impróprias que o faça livremente e assuma o ónus. Outra saída, se a TAAG está com problemas operativos graves, então acabem simplesmente com o terceiro serviço e façam dois serviços para Cabinda com todas as condições para a satisfação dos passageiros.

Basta de humilhações!