Luanda - Na génese do nacionalismo Angolano pudemos destacar esta data, como resultado dos feitos de homens e mulheres que com sentido elevado de patriotismo não mediram esforços mesmo conscientes das respectivas consequências dado o poderio militar do opressor, lutaram na ânsia de ver uma Angola melhor. Não importa de onde estes homens tenham vindo ou pertenciam importa sim referir, que eram Angolanos corajosos que carregavam nas suas veias, o espírito nacionalista que traduzia claramente a vontade de liberdade. Pois tinham a certeza de que a liberdade que tanto procuravam não estava tão distante. Estava sim, nas entranhas de cada um deles; no empunhar de um cajado; no soar de uma trombeta; no sopro de uma flecha e na imensidão dos sonhos de uma Angola una e próspera. São feitos com marcas indeléveis e que transmitem de geração à geração, a importante experiencia do dever de lutar por causas nobres.

Fonte: Club-k.net

Partindo deste pressuposto pode se afirmar que ainda assim não se realizou nem mesmo em parte, os sonhos dos nossos heróis e Mártires que para além da liberdade, queriam ver esta Angola unida, próspera e igual para todos. Pois, merecem muito mais; deve‐se pois honrar a sua memória com verdade. Estamos a falar do 4 de Fevereiro, poderíamos falar também do 4 de Janeiro, do 15 de Marco em fim é uma lista longa de eventos levados a cabo por homens e mulheres com bravura, todos tombados em busca da liberdade e do bem‐estar para todos.

A proclamação unilateral da independência nacional a 11 de Novembro de 1975 pelo então Presidente do MPLA o Saudoso Dr. António Agostinho Neto em Luanda, demonstra claramente o momento soberano em que perdemos a oportunidade de fazer de Angola o verdadeiro Estado Democrático e de Direito. A ambição desmedida dos dirigentes do MPLA, levou Angola num caos, culminando numa guerra fratricida, deitando por terra todas as conquistas alcançadas nas negociações que culminaram com a assinatura dos Acordos de Alvor onde se pode destacar o papel fundamental desempenhado pelo Saudoso Presidente fundador da UNITA o Dr. Jonas Malheiro Savimbi, que a pois o 25 de Abril, levou a cabo conversações directas com a FNLA em Kinshasa em Novembro de 1974 e com o MPLA em Dar‐Es‐Salam, Lusaca e luso em Dezembro do mesmo

ano, cujos esforços culminaram com a conferencia de Mombaça que conduziu a plataforma dos acordos de Alvor em Janeiro de 1975, permitindo assim a formação do primeiro e único legitimo governo Angolano a pois 500 anos de dominação colonial. Por isso é sem dúvidas o Dr. Savimbi, o Pai do Nacionalismo Angolano, pois naquela altura, já havia assimilado a inquebrantável vontade dos nossos heróis e mártires que tanto se bateram acreditando em dias melhores para Angola e para os Angolanos.

Nos dias de hoje nada nos faz crer que este governo está interessado em manter a chama viva do nacionalismo Angolana, pois a pratica e o critério da Verdade (fim de citação). É habitual ouvir‐se pronunciamentos muito bem pensados e estruturados sobre o 4 de Fevereiro, com referências muito positivas daquilo que foram os feitos dos nossos heróis; porem na prática é completamente o contrário. Honrar os heróis e mártires é fazer com que as causas pelas quais lutaram, pelas quais sacrificaram ate as suas vidas, triunfem. Não é coerente falar em defesa dos ideais do nacionalismo Angolano enquanto se abrem fileiras para combater a democracia; enquanto o povo continuar na miséria; enquanto as liberdades forem violadas constantemente, enquanto a igualdade de oportunidades for uma miragem, enquanto a ditadura se constituir num instrumento subversivo da consciência patriótica, enquanto não se dar respeito aos antigos combatentes. Os objectivos pelos quais os heróis do 4 de Fevereiro lutaram, devem estar plasmados na agenda nacional, pois representam a base para a construção da nação Angolana.

O país precisa tornar‐se numa verdadeira referência em África, primando pelo reconhecimento de todos aqueles que por ele se Bateram. Pois desde então a sua assunção contou sempre com a participação dos seus melhores filhos, da luta de libertação Nacional até aos nossos dias. Porém, pode constatar‐se que muitos destes, têm sido esquecidos ou simplesmente ignorados pelos caprichos dos governantes que muita das vezes procuram escamotear a verdadeira história de Angola. A reflexão sobre o 4 de Fevereiro deve levar a criação de alicerces para a construção de uma verdadeira Nação, assente sob os pilares da tolerância, fraternidade, convivência na diferença, e sobretudo na unidade nacional.

Angola é um país pelo qual deveríamos todos nós nos orgulhar, com imensas riquezas traduzidas na sua cultura, recursos naturais e minerais, na capacidade de realização da sua juventude, na larga experiência dos seus mais velhos, em fim... porem, ainda assim assistimos uma Angola que não Anda nem desanda, uma Angola que caminha a paços firmes num dia e que acorda dia seguinte descompassada. Esta não é Angola com que sonhavam os nossos antepassados, nem é a Angola por que lutaram os nossos heróis, precisamos construir uma Angola inclusiva baseada nos pilares de uma democracia participativa, assente na vontade do povo. Uma Angola onde a justiça social simbolize a vontade de crescer, uma Angola verdadeiramente reconciliada onde a adesão às cores partidárias seja vista somente como uma opção pessoal e não como um direito a exclusão. Esta Angola dos sonhos, não se constrói com cobardia. Constrói‐ se sim, com a entrega e dedicação de todos os seus filhos, encarnado o espírito de liberdade empunhado pelos nossos heróis e mártires e por todos aqueles, que com espírito patriótico não mediram esforços e criaram as bases para a construção desta tão almejada Nação.

“Agostinho Kamuango”