Lisboa – Depois de terem sido tornados públicos, na Guiné Conakry e em Angola, os escândalos sobre burlas e desvios de dinheiros por parte do embaixador de Angola acreditado na Guiné, envolvendo cidadãos guineenses residentes em Angola e não só, Eduardo Ruas de Jesus Manuel perdeu prestígio junto de entidades públicas guineenses no seio de colegas da profissão.
Fonte: Club-k.net
Mas talvez ele próprio ainda não tinha percebido, por ausência de sabedoria, piorou a situação ao conceder uma entrevista num jornal da oposição radical “O INDEPENDENT”, um jornal que ataca o regime de Alpha Conde, na sua última edição de Dezembro de 2014, sobre a polémica situação de supostos maus-tratos de que os emigrantes guineenses são vitimas em Angola, conforme veicula a imprensa local, onde o embaixador não conseguiu esclarecer nada sobre o caso, limitando-se a considerar os imigrantes de “indivíduos sem papel” que vivem a margem da lei angolana, facto que irritou os guineenses e o próprio Ministro Delegado das Comunidades guineenses no Estrangeiro, Bantama Sow, que numa conferência de imprensa em Conacry, convocada para o efeito e acompanhada na diáspora, especialmente em Angola, destratou publicamente o embaixador, numa linguagem ofensiva e sem cortesia, que não escondeu a ausência de prestigio e de status do Embaixador Ruas junto do próprio Ministério dos Negócios Estrangeiros.
A guerra que envolve o Embaixador e o Ministro Delegado dos Negócios Estrangeiros para as Comunidades guineenses na diáspora chegou muito mais longe, obrigando intervenção directa do Primeiro-Ministro, Mohamad Said Fofana, que chamou no seu gabinete o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Lounceny Fall, para baixar instruções sobre o assunto.
Os guineenses defendem que o Embaixador de Angola na Guiné não tem visão sobre as causas da imigração de centenas de guineenses que vivem em Angola desde os anos 70 e 80, em busca do espaço para viver fugindo da repressão do regime militar que governou a Guiné, que hoje constituíram famílias inteiras que de algum modo contribuem também na reconstrução do país.
Hoje, a situação deveria ser diferente, com a criação de formas de facilitação de vistos de entrada, as pessoas poderiam circular livremente para visitar famílias ou passar férias em ambos lados, mas acontece justamente o contrário, a Embaixada recebe apenas 21 processos de pedidos de vistos por semana num universo de centenas, tornando o visto para Angola o mais difícil que o visto para América na Guiné.
Este mecanismo não só bloqueia, como incentiva outras práticas tais como: compra de vistos caríssimos que custam entre 4 a 6 mil dólares, cada no paralelo que tem como consequência imediata a entrada em Angola de guineenses com vistos irregulares.
A quem beneficia esse negócio?
Em nossa opinião, sendo a Guiné o segundo país africano com maior comunidade em Angola depois da República Democrática do Congo, o procedimento na concessão de vistos não deveria ser diferente de Lisboa, Porto ou de Kinshasa.
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