Luanda – Luanda segue em dois anos consecutivos como a cidade mais cara do mundo e este ano com certeza não será diferente. Com a descida brusca do preço do petróleo as especulações nos preços dos produtos e serviços já começaram e se o executivo não disciplinar, orientar, fiscalizar, coordenar o sector do comércio, vamos assistir de forma pávida e serena muitas famílias a passar fome como no tempo de guerra.

Fonte: Club-k.net
AADIC Orlando Borges.jpg - 23.21 KBE todo plano do executivo de combate a pobreza vai por água abaixo, sendo que aqueles que têm pouco capacidade económica são os que mais sentem o custo de vida na cidade de Luanda.

Enquanto alguns a consideram como um paraíso, para grande maioria é um inferno. Os produtos alimentares nos armazéns, onde a população que vive Luanda compra barato no sentido de economiza, já começam a galopar, com a desculpa para a especulação é a subida dos preços do combustível.

Exemplo:
                         Antes        quantidade               Agora         moeda        USD
Frango                2.200            10 kilos                     3.800          AKZ         38 USD
Arroz                  2.300            25 kilos                     3.600          AKZ         36 USD
Febras                5.100            10 kilos                     9.800          AKZ         98 USD
Entrecosto         3.200             10 kilos                    6.900          AKZ         69 USD
Ovos import         100               4 ovos                     3 ovos         AKZ           1 USD
Leite em pó       2.300             2,2 kilos                   2.900          AKS         29 USD
Óleo                  2.300            12 litros                     3.300          AKZ         33.USD
Maça                  350                 1 kilo                      480             AKZ          4.8 USD
Leite UHT          180                 1 litro                          220         AKZ          2.2 USD

Quase todos os produtos registam uma subida de quase 50%. Isto é especulação. Ainda não se justifica tal subida uma vez que está em desacordo com os custos de aquisição, distribuição, circulação e a margem de lucro.

Lamentavelmente, a mão firme da Inspecção do Comércio e a Polícia Económica para com estes infractores – que maioritariamente estrangeiros – ainda não se fez sentir, deixando assim os consumidores a sua sorte, com dívidas amontoadas.   

Nós jovens luandense acreditamos em dias melhores na capacidade de liderança, mas somos açoitados pelo desemprego, dificuldades diárias, até vender para sobreviver. É preciso perícia porque viver nesta cidade não é fácil, por isso vamos estudar como se classificam os luandense, tendo em conta a sua capacidade económica de origem salarial e outro rendimentos.

Os quatro tipos de Luandense

Luandense do tipo/Classe A. O que tem subsídios para combustível, cartões de compras em vários estabelecimentos comerciais, cartão saúde completo, motorista, viaturas, empregados, residências, filhos em melhores escolas e universidades do mundo, alimentação em grandes restaurantes, viagens 1º classe e hospedagem em melhores hotéis do mundo, além de outras regalias cedida pelo Estado. Esta classe/tipo nem mexe no salário, porque tem negócios e patrimónios que auxiliam nas grandes compras avultadas e carros top de gama.

Luandense do tipo B. Trabalhador, batalhador e empenhado.  Vive sonhando alcançar a Classe A, tudo que faz é  mostrar que também pode, com um salário abaixo de 200 mil kwanzas.  Tem carro de luxo, boa casa e faz questão de educar bem os seus filhos, porque sabe que amanhã pode não ter, este vai ao Dubai fazer  as suas compras e vive com muitos esforços e com muitas puxadas e sabe aproveitar das oportunidades. Felizmente este não vive do salário, pois que os seus negócios são as suas tabuas de salvação.

Luandense do tipo C. Funcionário público (ou trabalhadores do privado) com salário de sacrifício entre o 800 a 180 mil kwanzas. É dedicado e subalterno, mas sem muitas opções e não deixa de fazer as esticadas um pouco daqui um pouco dali, para conseguir comprar o carro de mais de 10 mil dólares. Com alguma magia a David Copperfield, o carro aparece, consegue por os miúdos a estudar e pagar as contas de casa, este tem o seu salários, como algo sagrado e dele depende quase 60 porcento das suas despesas, com a esperança de ver o país a mudar, no futuro, para que seja reconhecido e valorizado.

Luandense do tipo D. Este faz de tudo para que não falte o básico para a sua família. Funcionário público com um salário de menos de 80 mil kwanzas, dependente da repartição todos os dias leva para sua casa um pouco de dinheiro, de mil a sete mil kwanzas. Nem sempre, de forma ética deontológica ou profissionalmente, aceite, mas não tem outra solução. Este tem o seu salário como a sua dor de cabeça e lamenta constante da vida.  

Luandense do tipo E. São na maior desempregados, ou com salário máximo de 500 dólares. Este sobrevive com 500 kwanzas diários, incluindo o matabicho/pequeno almoço, almoço e jantar da família. Come a pior carne a venda na rua, o pão da rua, as verduras das praças. Seus filhos vão a escola mais próxima á pé porque o pai não tem carro. Compra roupas no fardo e quando o filho está doente, vai ao centro de saúde e reza para que lá esteja um médico e profissional bem disposto para salvar a vida do seu familiar, uma vez que não pode ir a clínica.
 
Quanto a energia, vive de girador pois o bairro nunca tem luz. Consume a água de cisterna de origem duvidosa que lhes provocam constantemente diarréias agudas e febre tifóide. Este vive revoltado com tudo e todos. Odeia o que ganha, mas ao mesmo tempo ama o seu misero salário, porque é a sua chave mestre que abre as portas da luta pela sobrevivência dos seus pequenos. Para este, basta que haja saúde e pão na mesa, o resto Deus vai acrescentar. Amem!

Ainda temos o novo Luandense

Este é estrangeiro, pensava que Luanda fosse um mar de rosas pelas publicidades e pela boa imagem que via na televisão. Gasta 50 Euros por um simples almoço que no seu pais pagaria apenas 10 euros ou menos. Alguns têm casa paga pela empresa ou Estado, transporte, alimentação, cartão saúde, viaja regularmente para o seu país de origem com um subsídio chourudo. Lhe-é pago 600 mil kwanzas gastar durante o final de semana. E com salários acima dos quatro mil dólares, este faz de tudo para não regressar definitivamente até que as coisas melhorem nas suas paragens.  

Se vens a Luanda tens que te encaixar numa destas classes para viver ou sobreviver. A escolha é tua e o convite está feito. Seja feliz a tua maneira e consoante a sua possibilidade seja luandense.