Luanda - A FNLA pode desaparecer e por isso é dever dos militantes “fazer renascer o partido”, disse Carlito Roberto no programa “Angola Fala Só” das VOA de sexta-feira, 20.

Fonte: VOA

ImageRoberto, filho do fundador da FNLA, Holden Roberto, faz parte de uma “Plataforma de Reconciliação” que visa encontrar uma solução para os diferendos existentes no partido.

A FNLA realizou recentemente um congresso em Luanda que foi marcado, antes do início, por actos de violência entre apoiantes das facções de Lucas Ngonda e Ngola Kabango.

Uma pessoa morreu nos confrontos e vários ouvintes que telefonaram mostraram-se chocados e desiludidos com a situação no partido. “Isto é uma vergonha”, disse um dos ouvintes.

Carlito Roberto afirmou que o problema do congresso foi de que “havia pendentes que não foram resolvidos antes de se ir para o congresso”.

“Há situações pendentes que criaram um divórcio e de posições irredutíveis”, afirmou.

“Infelizmente estamos a constatar que se estão a defender os interesses pessoais acima de todos os interesses colectivos”, acrescentou Roberto que quando interrogado sobre se havia a possibilidade de militantes afastarem os actuais lideres afirmou que isso “não se pode decidir fora do congresso”.

O filho do fundador da FNLA acusou Ngola Kabango de usar o congresso para fazer “uma fuga em frente que não resolve nada”

Carlito Roberto defendeu a realização de um novo congresso para estabelecer uma direcção colectiva de transição que resolva os diferendos e decidir “entre o que é importante e o que não é”.

“O partido pode desaparecer”, avisou Roberto, criticando o facto de muitos dentro da FNLA continuarem a identificar-se com os líderes e não com o partido.

“Não temos que nos identificar com os lideres”, disse afirmando que muitos continuam a dizer “sou do Ngola Kabango ou sou do Lucas Ngonda” em vez de afirmarem “sou da FNLA”.

“Corremos o risco de perdermos o nosso partido”, advertiu.

Para Carlito Roberto a personalização da política dentro da FNLA em detrimento do colectivo e dos interesses do partido “está a afundar” a FNLA.

O congresso, disse, “foi uma perda de tempo para nada”.

Interrogado sobre a possibilidade da criação de um outro partido com militantes desiludidos com a FNLA, Roberto disse que a FNLA “representa uma esperança” com uma base social e que por isso “não podemos apagar essa identidade”, mas pôs de parte a possibilidade de ele próprio se candidatar à liderança. “Não tenho ambição de liderar o partido”, garantiu.

Questionado por um ouvinte sobre a quem atribuía responsabilidade pela morte do militante durante os confrontos no inicio do congresso, Carlito Roberto afirmou que “infelizmente só poderão ser os dois líderes”, mas acrescentou que o problema dentro da FNLA “é um problema colectivo” e os responsáveis “somos todos nós”.

Embora a esmagadora maioria dos ouvintes tenha falado sobre a FNLA e a situação interna do partido, um ouvinte quis saber a opinião de Roberto sobre um recente incidente em que militantes do MPLA atacaram uma caravana da Unita na Lunda Norte.

Roberto disse que a função dos dirigentes é “apaziguar os espíritos” que podem não ser pacíficos devido a anos de guerra, mas acrescentou que “infelizmente a intolerância é uma realidade” em Angola.

“Um país não é democrático pelos princípios que pode ter numa constituição, mas sim pelo respeito prático desses princípios”, disse acrescentando que em Angola “não se pratica a democracia”.