Trata-se de uma ex-secretária argentina da embaixada, que denunciou o embaixador e o seu adido fi nanceiro,Abel Adão João, acusando-os de lhe terem proposto manter relações sexuais em troca da conservação do seu posto na representação diplomática angolana. A mulher, Andrea Piñeiro, que começou a trabalhar na embaixada em Fevereiro de 2007, declarou na sua queixa que em várias ocasiões Fernando Dito lhe disse que «todas as manhãs devia cumprimentá-lo com um beijo na boca».

«Depois de me ter dito tal coisa, não teve dúvidas em repeti-lo no dia seguinte, dizendo-me que pelo menos queria dar-me um beijo próximo dos seios, pelo que voltei a dizer-lhe que não acederia a tal coisa e que deixasse de levantar questões dessa índole», segundo denunciou a mulher.

«Numa das muitas viagens que fi zemos de avião, aproveitando-se do facto de estar adormecida, apoiou a sua mão entre as minhas pernas, muito próximo da minha parte feminina. Logo que senti o tacto afastei bruscamente a mão, ao que ele reagiu dizendo ‘não percebestes qual é o teu trabalho’», acrescentou a secretária.

Além disso, na denúncia, que foi apresentada a uma instância federal argentina, o adido fi nanceiro da embaixada é acusado de ter oferecido, através de vários correios electrónicos, dinheiro para manter relações sexuais com a secretária.

«Mandava-me mensagens de texto dizendo-me que me amava, que desejava que tivéssemos um encontro privado; mandava-me fl ores à embaixada; estando eu no meu gabinete, aparecia por detrás e tocava-me sem se importar com quem estivesse por perto e fazia constantes comentários sobre o meu corpo», declarou.

Toda essa situação levou a que a ex-secretária renunciasse ao seu emprego e apresentasse agora a queixa com o patrocínio de um advogado local conhecido por Horácio Rivero.

«Mentira!», diz fonte angolana

Fonte angolana qualificou como «fantasiosas» as acusações que a argentina faz ao embaixador Fernando Dito bem como ao adido fi nanceiro Abel Adão João.

Um diplomata angolano na embaixada de Angola em Buenos Aires que pediu para não ser identifi cado, negou qualquer fundamento às acusações, sustentando que Andrea Piñeiro está apenas a ser movida pela sede de vingança.

Admitida na representação diplomática angolana em Fevereiro de 2007, com a categoria de secretária, Andrea Piñeiro foi demitida em meados do ano passado por mau desempenho profi ssional, traduzido na ausência injustificada do serviço por mais de um mês, depois de um periódo de férias.

Andrea Piñeiro, segundo o diplomata, teria aceite sem contestação as razões da embaixada. «Porém, nos finais do ano passado e aconselhada não sabemos por quem, ela começou a recorrer a jornais de pouquíssima circulação em Buenos Aires para disseminar o boato de que teria sido afastada porque não aceitou fazer favores sexuais ao embaixador e ao adido fi nanceiro. Esta é a mais deslavada mentira que já ouvi em toda a minha vida».

O diplomata vê em tudo isso um único propósito. «Ela quer dinheiro fácil. Ela quer conseguir através da calúnia e da difamação aquilo que não conseguiu ganhar com o seu esforço e suor e que lhe foi negado por uma instituíção argentina reguladora de confl itos laborais, a qual ela apresentou queixas». O nosso interlocutor disse igualmente que o caso já foi entregue ao advogado da embaixada, o mesmo que conseguiu que a representação diplomática angolana pagasse USD 240 mil por suposto despedimento ilegal.


Fonte: SA/ http://www.diarioperfil.com.ar/edimp/0319/articulo.php?art=11514&ed=0319