Luanda - Integra do discurso da conferencia de imprensa cedido, esta semana, pela Secretária provincial da UNITA na Huíla Dra. Amélia Judith.

 Fonte: UNITA

Senhores Jornalistas; Meus Senhores; Minhas Senhoras.

Eu agradeço, antes, a presença de todos que acederam ao nosso convite para, nesta tarde, mantermos uma breve conversa em torno de assuntos que preocupam à UNITA de uma forma particular e o povo angolano em geral. Naturalmente teriam outros afazeres mas deram importância ao nosso convite e aqui estão. Aceitem, por isso os nossos profundos agradecimentos e sejam todos bem­vindos neste ato democrático e nesta casa de democracia.

Como encontramo­nos no mês de Março quero saudar de forma particular todas as mulheres desta bela província da Huíla e, através delas, todas as mulheres de Angola e do mundo por ocasião do 8 de Março, esta data comemorativa que simboliza a luta da mulher pela sua dignidade. Mas saúdo também, de forma ainda mais particular, todos aqueles homens que aqui e no mundo em geral, lado a lado com as mulheres, lutam pela igualdade do género.

Minhas senhoras,

Meus senhores,

A construção da nação angolana tem conhecido caminhos sinuosos desde 1975. Os vícios do período de transição decorrentes da violação, pelo MPLA, dos Acordos de Alvor, celebrados entre Portugal de um lado e os três movimentos de Libertação de Angola, (FNLA, MPLA e UNITA) do outro lado, perseguem impiedosamente o nosso belo país devido a intransigência de um dos actores políticos em presença. Ao sequestrar os Acordos de Alvor, de 1975, o MPLA desencadeou um conflito armado que, felizmente, terminou em 2002 cujo suporte são os distintos instrumentos jurídicos assinados entre o governo e a UNITA tais como os Acordos de Bicesse, o Protocolo de Lusaka e o Memorando do Lwena, todos eles procurando repor o espirito que norteou o processo de descolonização de Angola que configurava, naquele tempo, o nascimento de um país independente, multipartidário e igual para todos.

No calendário político angolano o mês de Abril ficou definitivamente marcado pelo alcance da paz militar ocorrida no longínquo ano de 2002. Porém a paz social que deveria permitir a reconciliação genuína dos angolanos tarda a chegar porque está permanentemente beliscada pelo medo do julgamento popular através das eleições. Sempre que se aproximam as eleições o MPLA enceta manobras que visam criar instabilidade social e realizar as eleições num clima de muita intimidação e medo.

Em 1975 o conflito foi desencadeado pela iminência da vitória eleitoral da UNITA naquelas que seriam as primeiras eleições em Angola. Em 1992, a fraude generalizada nas eleições e o consequente retorno à guerra visou obstaculizar a tomada do poder pela UNITA.

Senhores jornalistas; Meus senhores; Minhas senhoras.

Volvidos quarenta anos desde que o país ascendeu à independência, volvidos treze anos desde que foi alcançada a paz militar através do Memorando do Lwena e quando faltam apenas dois anos para a realização das eleições de 2017, o medo do julgamento popular naquelas eleições começa a apoderar­se do MPLA e do seu presidente que, como em ocasiões anteriores está a orientar as estruturas de inteligência do estado para colocarem em marcha um plano que visa o aniquilamento total da UNITA.

Trago comigo um texto que circula há alguns dias nas redes sociais, datado de 28 de Dezembro do ano findo e que provavelmente já seja do vosso conhecimento cujo teor é o seguinte:

A traves do BP do MPLA e sob orientação do seu Presidente, os órgãos de inteligência na sua generalidade, receberam um programa a cumprir desde já, até 2017, para debilitar (reduzir a zero a UNITA), cujo plano de medidas consta o que abaixo descrevemos: 

1. Cessar com qualquer acto (programa), que visa o cumprimento dos acordos entre o Governo (MPLA) e a UNITA;

1.1O memorando do Luena, complementar aos acordos de Lusaca, terminou com a extinção do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN), em 2008, e tudo que dai o governo vem fazendo é favor, flexibilidade e gesto de boa vontade (característica da atitude do nosso partido – MPLA;

2. Com efeito deve­se proceder um levantamento (registo) de todo Universo da UNITA, a todos os níveis desde as FAA e a PN, até as instituições civis, cumprindo com as seguintes medidas:

2.1. Proceder exonerações e calúnias susceptíveis a processos criminais e jurídicos.

2.2. Eliminar (acelerar) a morte destes, uma vez hospitalizados cuja acção deve ser executada por militares profissionais de cada instituição;

2.3. Todos os membros da ex­ FMU integrantes e patenteados nos órgãos de defesa e segurança (FAA e PN), devem estar nas condição de oficiais, a disposição para de forma legal abrangirem a reforma em curso nas FAA.

­ De recordar que a integração, a formação e a colocação em função destes efectivos, era de acordo as vagas existentes naquela altura, bem como os quarenta e cinco mil (450.000), do pessoas desmobilizado das ex­FUM, sendo objecto de reinserção social na função publica (ver acordo memorando de entendimento do Luena).

3. Evitar a todo custo inclusivel os seus descendentes, ascender de patentes (funções), ou ocuparem lugar de destaque (chefia). Discrimina­los desde os concursos de acesso a funcção publica, fazendo triagem a juventude (militantes) desde as suas origens políticas­partidárias.

Minhas senhoras,

Meus Senhores,

Infelizmente os nossos irmãos do MPLA e de modo particular o seu presidente não quer aprender com os erros do passado. Insistem na macabra ideia de serem os únicos representantes do povo angolano e numa governação monopartidária contrariando o espírito dos Acordos de Alvor que claramente  reconheceram os três movimentos de libertação de então (FNLA; MPLA e UNITA) cuja retomada pelos acordos de Bicesse, em 1991, propiciaram a consagração de Angola como um estado democrático de direito e multipartidário. Ao arrepio dessas disposições que asseguram a paz militar vigente no país, o MPLA continua a não só apostar na eliminação das forças políticas tradicionais como vem acontecendo com a irmã FNLA como obstaculiza o livre exercício da democracia quer através de partidos políticos quer por via das organizações da sociedade civil que são a outra âncora da democracia.

O texto que acabei de vos ler não demonstra apenas o medo do MPLA para com a UNITA mas corporifica claramente o desejo do regresso ao sistema de partido único ou partido­estado através de artifícios que visam manter a sociedade presa ao um só partido, principalmente a juventude. O conteúdo deste texto não é um plano. É a realidade quotidiana em todas instituições do nosso estado. Os acordos de paz há muito foram engavetados.

Minhas senhoras,

Meus senhores,

Parafraseando o Presidente Fundador da UNITA Dr. Jonas Malheiro Savimbi, eu quero aqui afirmar que a UNITA é uma emanação do povo angolano; A UNITA palmilhou Angola de Cabinda ao Cunene e do Lobito ao Luau. A UNITA conhece, como mais nenhuma força política, as legitimas aspirações dos angolanos. A UNITA não é reduzível nem a zero, nem em outra qualquer unidade porque a dimensão da UNITA é simplesmente universal. Aqueles que pensam na redução da UNITA a zero são os verdadeiros obstáculos a paz social em Angola. Essa paz que os angolanos em geral e UNITA em particular jamais a venderão seja a que preço for. A paz militar conquistada por todos angolanos através dos distintos instrumentos jurídicos que retomaram os acordos de Alvor, assinados em 1975, será mantida por todos meios.

Por isso importa trazer aqui e agora a lapidar orientação do mais alto mandatário da UNITA, o querido Presidente Dr. Isaias Henriques Ngola Samakuva quando em Novembro de 2013 afirmou:

«O regime quer empurrar Angola para as águas turvas da violência. O regime está a esticar demais a corda da provocação. Revogou a paz.

Asfixiou as liberdades. Fechou todas oportunidades económicas a quem não é subserviente do MPLA [...] É preciso ter coragem para manter a cabeça fria e utilizar a razão e a paz como armas contra a ditadura [...] N\ao vamos cair na armadilha da ditadura como aconteceu com a RENAMO em Moçambique...» Fim de citação.

Na UNITA sabemos que no interior do regime implantado em Angola desde 1975, a contestação interna está no auge graças a tomada de consciência dos angolanos filiados no MPLA. Encorajamos esses homens e mulheres a enfrentarem com o vigor necessário essa luta que trará a democracia e uma mais justa e equitativa distribuição das riquezas nacionais.

Neste mês da mulher no mundo, especial petição é dirigida particularmente à mulher angolana enquanto esposa e conselheira desses desinquietos dirigentes que querem levar Angola ao abismo e ao atraso político, económico, social e cultural para que tudo faça a fim de desencorajar esses planos retrógrados e únicos obstáculos a uma efectiva reconciliação nacional e consequente desenvolvimento de um estado de direito e democrático.

Senhores Jornalistas, Meus Senhores; Minhas Senhoras.

Reitero, em nome do Secretariado Provincial do nosso Partido, a nossa profunda gratidão por nos terem honrado com a vossa presença.

Coloco­me agora a vossa disposição para eventuais esclarecimentos que desejarem acerca deste e de outros assuntos da actualidade.

Muito Obrigada.