Lisboa -  O Presidente-fundador da UNITA, Jonas Malheiros Savimbi, segundo um cruzamento de dados, partilhava junto dos seus principais colaboradores políticos, ainda na Jamba,  que em caso de vitória eleitoral em 1992, o seu partido, estaria disponível para convidar uma figura que não fosse da UNITA,  para se tornar  no Primeiro Ministro do seu futuro governo.

 Fonte: Club-k.net

Salupeto e Chivukuvuku lhe sugeriram  um outro nome

Jonas Savimbi, estava convencido que ganharias as eleições naquele ano. Porém, a figura  que ele identificava qualidades e outros predicados para desempenhar o cargo de PM, é   Vicente Pinto de Andrade, um académico de referencia em Angola e oriundo de uma família tradicional cujo patriarca, o tio,  Mário Pinto de Andrade, foi o primeiro Presidente do MPLA, ao tempo da guerrilha contra o colono português.

 

Enquanto pensava numa figura neutra para PM, o então Presidente da UNITA, teria solicitado a dois quadros seus, Elias Salupeto Pena e Abel Epalanga  Epalanga  que sondassem um outro nome dentro do partido mas com particularidades que pudessem também agradar  o eleitorado  do litoral.

 

Estes dois dirigentes  teriam lhe sugerido, para Primeiro Ministro, o dirigente partidário Victorino Domingos Hossi, na altura um quadro em ascensão partidária e que teria se formado em direito em Portugal.

 

 Victorino Hossy, foi ao encontro das exigências de Jonas Savimbi mas tinha no ver do líder do “Galo Negro”,   um "handicap" que era de  estar oficialmente  solteiro na altura.  Apesar do seu estado civil, Domigos  Hossi, tinha uma companheira desde o seu tempo de Portugal, e com quem esta até aos dias de hoje, Lena Pinto de Andrade, curiosamente familiar de Vicente de Andrade.

 

Não obstante as sondagens que vinha fazendo, o então presidente da UNITA, antes de regressar das matas, havia ensaiado uma estrutura governamental em que  também premeditava como Primeiro Ministro, o seu então Vice-Presidente Jeremias Chitunda.  Contudo, estava  garantido  que em caso de vitória eleitoral, em 1992, o seu ministro da Defesa Nacional, seria o general António Sebastião  Dembo. 

 

As dirigentes Maria de Fátima Moura  Roque e Judith Bandua (malograda esposa de António Dembo), também estavam garantidas que  deveriam ser Ministra das Finanças e do Ensino Superior, respectivamente.  Foi Fátima Roque, académica angolana  a viver actualmente em Portugal, a  figura a quem Jonas Savimbi delegou poderes para estudar o programa económico que o  futuro governo da UNITA  iria implementar em Angola.

Admiração e respeito de Savimbi por quadros que não eram da UNITA

Já desde a Jamba, o líder fundador da UNITA, expressava admiração por Agostinho Neto.  No ponto de vista de Savimbi, se Neto não ocorresse a morte prematura de Neto, a guerra nunca teria se prolongado porque ambos conseguiriam ter entendimento para por termo o conflito, ao contrario de Eduardo dos Santos, a quem o mesmo desapreciava.

 

A titulo de exemplo, Savimbi, transmitia aos seus colaboradores que num governo de Agostinho Neto, ele seria capaz de aceitar o convite para ser Ministro das Águas, porque no seu entender, o falecido líder do MPLA, era um nacionalista que lutava pelos angolanos. Também tinha simpatias por Lopo do Nascimento.

 

Para além de Agostinho Neto e  Vicente Pinto de Andrade, um outro quadro angolano (não da UNITA), que Savimbi manifestava admiração é Filomeno Vieira Lopes, economista e dirigente da alta estrutura do Bloco Democrático.  Savimbi,  entendia que os pronunciamentos de Vieira Lopes, feitos em Luanda, era preenchidos de coragem para um pessoa que vivia em Luanda, onde estava o regime.  Quando teve oportunidade falou pessoalmente com este dirigente político transmitindo-lhe o seu apresso.