Lisboa  - O juiz presidente do Tribunal da Região Militar de Luanda, coronel Jerónimo Mateus Van-Dúnem decidiu agir de consciência livre rejeitando as pressões com vista a condenar de dois a três anos de prisão um  coronel das tropas especiais das  FAA,  que foi recentemente detido  pelo general António José Maria,  por  o oficial lhe  ter interrompido quando fazia exercícios físicos no Estado Maior Geral.

 Fonte: Club-k.net

O Chefe dos Serviços de Segurança e Inteligência Militar (SISM), Zé Maria reencaminhou, logo a seguir, o coronel  Ricardo Ndelessi Castro  para os órgãos de justiça militar a fim de ser julgado e condenado em conformidade com os artigos 23o  e 48o  da lei dos crimes militares.

 

O primeiro artigo (sobre ofensas ao superior) determina que “o  militar que ofender, por palavras ou acções não violentas um superior, será punido com a pena de prisão”. Já o artigo 38o , (sobre conduta indecorosa), invoca que “o militar que  praticar acção indecorosa q atente gravemente contra a honra militar , será punido com pena de prisão”. As referidas penas dão de dois a três anos de cadeia.

 

O coronel Ricardo Ndelessi Castro foi ouvido na tarde desta segunda-feira pelo o  juiz presidente do Tribunal da Região Militar de Luanda, coronel Jerónimo Mateus Van-Dúnem. O General José Maria não esteve presente na audiência mas  enviou um tenente-coronel da sua entourage para depor contra aquele  oficial superior  das tropas especiais das FAA.

 

A presença do seu enviado que procurou entrar em contacto com o juiz foi interpretada como um artifício destinado a exercer pressão sobre o  Tribunal Militar  com vista a aplicar uma pena ao Coronel Ndelessi Castro.

 

De acordo com dados fiáveis, o juiz da causa,  Jerónimo Mateus Van-Dúnem  revela-se decidido em mandar o coronel Ricardo Ndelessi Castro em liberdade, nesta terça-feira, quando ler a sentença final,  uma vez que não foram produzidas provas evidenciando  que o mesmo tenha cometido algum crime contra o superior hierárquico, general José Maria.

 

De realçar que o  coronel  Ricardo Ndelessi Castro foi detido na manha do passado dia 9 de Marco,  quando pretendia entrar no  quartel, para fazer fotocópias para levar consigo numa missão de trabalho a província do Huambo. Os guardas do general  Zé Maria impediram-lhe de entrar no EMG sob alegação de que aquela alta patente do regime estava a fazer exercícios físicos e que não podia ser incomodada. O coronel implorou a sua  entrada, até ao momento em que Zé Maria aproximou-se e solicitou-lhe a entrega das chaves da sua viatura. Este recusou invocando que não cometeu infração resultando na sua detenção imediata.