Benguela - A história da cidade do Lobito jamais será a mesma, depois do dia da tragédia que a “submergiu” ferozmente, tirando a vida aos nossos irmãos.

Fonte: Club-k.net

Prontamente, as autoridades reagiram, o chefe despachou uma comissão ministerial e 100 milhões de kwanzas para acudir as necessidades urgentes. Isaac dos Anjos Governador de Benguela interrompeu às suas sagradas férias para acompanhar in loco todos os detalhes da calamidade.

A imprensa pública arrastou de forma benéfica a “população em geral” para uma campanha solidária inédita em Angola, iniciativa gratificante e merecedora de grandes elogios. Não obstante, aparição dos paraquedistas e modelos/manequins que se exibiam na entrega de bens e soltavam o seu ego maléfico às vítimas.

Este momento de luto e dor, a presença física do chefe é(seria) imperiosa para que transmitisse o seu calor e uma brisa de esperança aos desabrigados, seria reconfortante. É assim, que acontece sempre nos “grandes países”.

Esta “ausência injustificada” foi “juridicamente suprimida” pela presença dos seus colaboradores/subordinados. No entanto, do ponto de vista político, não nos pareceu a mais acertada, embora compreensível. Quiçá, o chefe reconheceu que a politica habitacional falhou grosseiramente, e mais, sabe que a falta de soluções condignas tardarão a chegar, e não quer pactuar com as medidas emergenciais que foram tomadas, dentre elas “ realojar em tendas”.

Algumas pessoas questionam a falta de investigação/inquérito a fim de apurar as responsabilidades, a verdade é que há, os serviços especializados fazem diariamente o seu trabalho, porém o consumo é interno, é inconveniente que se torne público.

O que é muito curioso é o facto de alguém que é coroado como humanista, solidário, arquitecto da paz e toda adjectivação colorida não esteja com os sobreviventes nesta hora de desgraça. Nem pelo menos, a sua voz de solidariedade foi ouvida, não bastou o comunicado! Quiça, a história se encarregará de justificar.

A imprensa pública trabalhou de forma “irrepreensível”, de hora em hora, o país mobilizou-se para mega campanha de solidariedade. Afinal, é possível fazermos jornalismo sério a favor do povo.

A mobilização atingiu/mexeu até os mais perplexos, e a calamidade poderá virar à página do jornalismo público que deverá ser mais cidadão, mais virada para cidadania, promoção do debate, contraditório, pluralidade, pois, que a porta da solidariedade foi aberta com a tragédia do Lobito.

Não há mais motivos para parar, as redações deverão continuar as suas actividades preocupadas unicamente para bem servir o público, terminaram os cortes e a censura, a propaganda ao invés do noticioso.

A lição desta calamidade obriga que a conduta dos jornalistas/governantes/políticos/intelectuais faça uma volta de 360º, seja preventivo e útil ao cidadão. Porquanto, a solidariedade do Lobito não se esgota com doações, é agora ou nunca, que ela deve prosseguir no exercício diário das redacções/gabinetes/estudos...

A lição desta calamidade mostrou que o discurso do “país maravilha” acabou, que é urgente sermos sérios e coerentes, valorizar e encorajar o que está bem feito e reprovar impiedosamente o que está mal. Senão, um dia seremos todos os desgraçados.

A tragédia do Lobito é uma aula…