Luanda -  encarregados de educação que tem os seus filhos na Colégio angolano de Talatona (CAT), enviaram para imprensa  um rol  de reclamações sobre o funcionamento pedagógico daquela instituição de ensino cuja a integra publicamos, a pedido dos mesmos. 

Fonte: Club-k.net

O Colégio Angolano de Talatona abriu as portas este ano, mas já está envolto em muitas polémicas e controvérsias. 

Já falou-se muito da política de preços. Nem liguei. Afinal, só coloca lá os filhos quem quer (e quem pode). Já falou-se muito sobre o facto de ser propriedade da família presidencial ­ a STEZINILDA, Lda, empresa dona do colégio (pelo menos é o nome desta empresa que está nas faturas que eu pago) pertence aos irmãos, Zinilda e Stevelanio dos Santos, sobrinhos do Presidente da República, filhos de Marta dos Santos. Nem quis saber. Qualquer cidadão pode investir o seu dinheiro no que quiser, seja da família do presidente ou de qualquer outra. Não é assim?

Mas como queria matricular os meus filhos e alguns amigos meus deram me boas referências, la fomos ver.

Fui incorrecto, admito já!

Nunca revelei quem era eu e nunca revelei que estou por dentro dos assuntos da educação do nosso país, ocupando lugar de algum destaque. Mas, na minha vida pessoal não tenho que revelar quem sou nem o que faço.

Como os verdadeiros donos não dão a cara e colocam-se numa posição de observadores, o que até entende-se (e no meu caso pessoal, até louvo tal atitude - colocar pessoas certas nos lugares certos é sinal de inteligência), colocaram à frente do colégio um grupo de pessoas que fui "investigar" para saber quem assume responsabilidade pelos nossos filhos: Francisco Zagallo; António Martinho; João Garção, Margarida Ataíde; Monica Pereira. Foram os nomes que assumem responsabilidade no CAT, segundo informação da secretaria do colégio, confirmada por outros pais. Pesquisei um pouco sobre todos eles.

Como bom conversador, conversei de forma anónima com alguns trabalhadores, no recreio do CAT e, como tenho bons amigos com muitos conhecimentos, até consegui algo mais. Mas, para início, nada melhor que conversar com as pessoas mais humildes, vigilantes e outros que nem percebi muito bem a função que desempenham no colégio.

Também conversei com vários pais, uns conhecidos, outros nem tanto, mas com uma característica em comum - interessados e intranquilos. Destas conversas percebi que era necessário saber mais. Acabámos por nos unir e partilhar dúvidas, certezas, inquietações experiências.

No nosso caso particular, quisemos saber mais, já que era real o nosso interesse em vagas para os nossos filhos. Falámos com todos individualmente, excepto Monica Pereira, responsável do inglês, porque ainda não conseguiu o visto de trabalho e ainda encontra-se ausente do país.

Em primeiro lugar fomos recebidos pelo Director Pedagógico, António Martinho. Depois, e porque temos crianças em idade pré-escolar, falámos com a responsável do pré-escolar, Margarida Ataíde. No recreio conseguimos conversar um pouco com João Garção, Director da Primária. Por fim falámos com o Director Geral, Francisco Zagallo, já que ainda tínhamos muitas dúvidas em relação ao funcionamento geral do colégio, os vários serviços de apoio que tanto tínhamos ouvido alguns pais a criticar.

A pessoa mais controversa de tudo isto tem o título de Director Geral do CAT, o Dr. Francisco Zagallo.

Ao fim de algumas tentativas por estar sempre muito ocupado (soubemos em conversa com outros pais que faz tudo no colégio, até vender os livros e material escolar na papelaria), lá conseguimos ser atendidos.

Bom, lá fomos recebidos. Xiiii... Homem cheio de si. Autêntico leão a admirar sua juba, cheio de presunção e vaidade, fazendo jus ao quadro do leão que está por trás da sua secretária (pintado pela sua mulher, segundo nos disse), no seu gabinete gigante no último andar do colégio.

Gabinete que me causou inveja de imediato. Adorava ter um assim. Autêntico santuário de culto egocêntrico. Admito que só lá falta uma coisa. Uma frase qualquer no estilo: "Eu sou o rei!"

No tempo que estivemos com ele, mostrou todo o edifício onde, segundo ele, fez tudo. A frase "fiz isto..." , ou "eu pensei nisto...", foi referida imensas vezes. Várias coisas percebemos: sabe tudo acerca de tudo; já fez tudo e é o único que faz tudo bem feito; nunca tem dúvidas nem hesitações.

Discurso vazio quando tentámos aprofundar os assuntos ao nível pedagógico. Apenas toca as coisas pela superficialidade. Mas é um excelente orador. Magnífico relações públicas. Um vendedor nato.

Reconhecemos que é muito bom neste aspecto. Mas de educação, de facto, percebemos que sabe zero. Mas quando fala, até parece que acredita naquilo tudo.

Apeteceu-me revelar a minha identidade várias vezes, tal o número de incorrecções que referiu, desde aspectos legais a programáticos. Fiquei muito admirado porque alguns pais me haviam dito que ele lhes dissera que é ou foi professor universitário.

Por duvidarmos, fomos investigar. Resultado: não é verdade! Nunca foi professor universitário e duvidamos, sinceramente, que saiba o que isso quer dizer, ou como se atinge este estatuto.

No final, fomos à procura de informações deste homem. A internet ajudou.

O seu perfil no linkedin e o cruzamento de algumas informações ajudaram a perceber o percurso que passou por Portugal até Angola, deixando pelo meio mais alguns países. Mas, do sucesso dos vários projectos já é outra coisa. Aliás, encontrámos na internet um anúncio que não abona muito a favor deste senhor e que transcrevemos:

Anúncio n.º 11722/2012 Processo n.º 726/12.6TYLSB ‹ Insolvência pessoa coletiva (Apresentação) No Tribunal do Comércio de Lisboa, 3.º Juízo de Lisboa, no dia 08 -05-2012, ao meio dia, foi proferida sentença de declaração de insolvência do devedor:

FZPS ‹ Consultoria de Gestão, Unipessoal, L.da, NIF 505789396, Endereço: Avenida xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, com sede na morada indicada.

É administrador do devedor: Francisco Henrique Zagalo Paz de Saraiva, Endereço: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx a quem é fixado domicílio na morada indicada. Para Administrador da Insolvência é nomeada a pessoa adiante identificada, indicando -se o respetivo domicílio: Maria do Rosário da Costa Nogueira de Freitas Taveira Pinto, Endereço: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Lisboa.

Ficam advertidos os devedores do insolvente de que as prestações a que estejam obrigados deverão ser feitas ao administrador da insolvência e não ao próprio insolvente.

Ficam advertidos os credores do insolvente de que devem comunicar de imediato ao administrador da insolvência a existência de quaisquer garantias reais de que beneficiem.

Declara -se aberto o incidente de qualificação da insolvência com carácter pleno (alínea i do artigo 36.º do CIRE).

Para citação dos credores e demais interessados correm éditos de 5 dias. Ficam citados todos os credores e demais interessados de tudo o que antecede e ainda: O prazo para a reclamação de créditos foi fixado em 30 dias. O requerimento de reclamação de créditos deve ser apresentado ou remetido por via postal registada ao administrador da insolvência nomeado, para o domicílio constante do presente edital (n.º 2 artigo 128.º do CIRE), acompanhado dos documentos probatórios de que disponham, elaborado nos termos do artigo 128.º do CIRE.

É designado o dia 09 -07 -2012, pelas 15:00 horas, para a realização da reunião de assembleia de credores de apreciação do relatório, podendo fazer -se representar por mandatário com poderes especiais para o efeito.

Da presente sentença pode ser interposto recurso, no prazo de 15 dias (artigo 42.º do CIRE), e ou deduzidos embargos, no prazo de 5 dias (artigo 40.º e 42 do CIRE).

Com a petição de embargos, devem ser oferecidos todos os meios de prova de que o embargante disponha, ficando obrigado a apresentar as testemunhas arroladas, cujo número não pode exceder os limites previstos no artigo 789.º do Código de Processo Civil (n.º 2 do artigo 25.º do CIRE).

Ficam ainda advertidos que os prazos para recurso, embargos e reclamação de créditos só começam a correr finda a dilação e que esta se conta da publicação do anúncio.

Os prazos são contínuos, não se suspendendo durante as férias judiciais (n.º 1 do artigo 9.º do CIRE). Terminando o prazo em dia que os tribunais estiverem encerrados, transfere -se o seu termo para o primeiro dia útil seguinte. 

É obrigatória a constituição de mandatário judicial 9 de maio de 2012. ‹ A Juíza de Direito, Dr.ª Maria de Fátima dos Reis Silva. ‹ O Oficial de Justiça, Carla Stattmiller.

Mas, continuemos com esta figura hilariante: Dr. Francisco Zagallo, como se intitula.  Fizemos o nosso trabalho de casa. Umas conversas com algumas pessoas que têm amigos nos escritórios do Dolce Vita, alguns trabalhadores do CAT e, sobretudo, a internet, ajudaram muito.

Começa pelo facto de, afinal, não ser Dr, mas sim Engenheiro.  O seu nome completo é Francisco Henrique Zagalo Paz de Saraiva. Ou seja, o Engº. Francisco Saraiva (viemos a saber através de vários sites na internet, sobretudo sites ligados aos meios militares), é o único filho de um militar português condecorado com as mais altas distinções portuguesas pelos feitos contra a vontade de auto-determinação e independência dos povos africanos, sobretudo nas campanhas da Guiné, o Coronel Maurício Leonel de Sousa Saraiva.

O que conseguimos saber na internet sobre este coronel: O GRAU de OFICIAL da TORRE e ESPADA, do VALOR, LEALDADE e MÉRITO ao CAPITÃO COMANDO, MAURICIO LEONEL SOUSA SARAIVA

Transcrição do Alvará da Presidência da República Portuguesa: Alvará da TORRE E ESPADA AO CAPITÃO «COMANDO» MAURÍCIO L. S. SARAIVA 

Considerando de justiça distinguir o Capitão de Infantaria Maurício Leonel de Sousa Saraiva, que, por mais de uma vez, ganhou jus a condecorações por acções em campanha desde 1961; Considerando que na prática de feitos em combate na Guiné revelou personalidade em cujo carácter estão vincados o Valor, a Lealdade e o Mérito; Américo Deus Rodrigues Thomáz, Presidente da República e Grão-Mestre das Ordens Honorificas Portuguesas, faz saber que, nos termos do Decreto-Lei n.º 44

721 de 24 de Novembro de 1962, confere ao Capitão de Infantaria Maurício Leonel de Sousa Saraiva, sob proposta do Presidente do Conselho, o Grau de Oficial da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.

Presidência da Republica, 6 de Junho de 1970 Transcrição da Portaria n.º 1109/2001 (2.ª série).

Por portaria de 2 de Junho de 2001 do general Chefe do Estado-Maior do Exército, foi promovido ao posto decoronel e reconstituída a carreira do militar nos diferentes postos, por se encontrar abrangido pelo artigo 1.º e pela alínea b) do artigo 2.º ambos da Lei n.º 15/2000, de 8 de Agosto, conjugado com a redacção dada pela Declaração de Rectificação n.º 15/2000, de 7 de Novembro, o: TCOR GRAD INF (REF EXT) 61049359, Maurício Leonel de Sousa Saraiva. Com a aplicação da citada lei compete-lhe a correcção da antiguidade conforme se indica: Alferes, com a antiguidade de 1 de Novembro de 1961; Tenente, com a antiguidade de 1 de Dezembro de 1963; Capitão, com a antiguidade de 16 de Junho de 1964; Major, com a antiguidade de 1 de Janeiro de 1974; Tenente-coronel, com a antiguidade de 1 de Julho de 1981; Coronel, com a antiguidade de 28 de Setembro de 1987.

Com tudo isto, começamos a entender o motivo de usar, em terras africanas, o apelido materno e não o paterno. Certo que entendemos.

Do pai parece ter herdado o carácter militar ao qual acrescentou alguma dose de prepotência e arrogância. Demonstra pouco apreço pelos africanos, algo que nos foi testemunhado por alguns trabalhadores angolanos do CAT que nos referiram em segredo a maneira pouco respeitadora (eufemismo) como são tratados por este sr engenheiro. Parece que por vezes só falta o chicote na mão, à boa maneira dos tempos coloniais.

O clima de medo em relação a este senhor nota-se e respira-se no CAT (me espanto só de pensar que isto acontece numa instituição que educa). Numa conversa com "amigos de amigos" que trabalham nos escritórios do grupo, no Dolce Vita, diz-se que no início ele era simpático e humilde, mas o poder mudou-o. Diz-se que nem da mulher do patrão gosta, mas que tem que a suportar para se manter no posto. E diz-se muito mais em segredo...

Sobretudo, percebe-se que não é muito apreciado por aqueles lados. Verdade ou não, o que percebemos foi este clima de medo e constrangimento que existe no CAT.

Nada se fala ou decide sem o sr engenheiro dizer. "Até os professores têm medo dele", disse-nos uma das vigilantes. Nós só falamos com o Dr. António ou com o Dr. João. "Aqui, toda a gente tem medo dele", disse nos outra vigilante.

Ainda por cima, viemos a saber (e a confirmar) que este sr engenheiro, apesar de ter pouco tempo de Angola, conseguiu a nacionalidade angolana porque o pai aqui nasceu. Se a política de atribuição da nacionalidade fosse cumprida, ele não a teria e, arrisco a questionar se merece-a.

Prosseguindo.  Nos apresentou o projecto do CAT com uma folha de papel A4 com o esquema colorido mostrando a articulação entre o programa de cambridge e o angolano, "casamento perfeito" na opinião do sr engenheiro e (como não podia deixar de ser) mais uma coisa da sua autoria. Foi ele que pensou naquilo tudo. Mas, claro que quando quisemos aprofundar alguns aspectos, enrolou tudo, mostrou desconhecimento, chegando a dizer "de manhã os alunos aprendem na matemática 1+1=2, à tarde aprendem one plus one equals two..."

A sério, sr engenheiro?! O sr Jacques de la Palice ficaria ofendido com tal conclusão. Quando perguntámos como isso faria-se, respondeu que "eles aprendem inglês nas aulas de inglês e nas outras aulas, ou com filmes ou brincadeiras...". Até vão ter laboratórios para isso. Mas a explicação clara, objectiva e séria, ainda não chegou.

Me perguntei de imediato: e eu vou pagar isto? Pela primeira vez, senti que a anterior conversa com o Director Pedagógico estava a ser insuficiente para me deixar seguro em relação a colocar os meus filhos no CAT.

Enfim...

Mas, pior que tudo isto é o desconhecimento quase total em relação ao programa educativo angolano. Uma vergonha! Nem sabia do que falava. É que este colégio é ANGOLANO, certo? Não parecia.

A visita às instalações que fez questão de mostrar-nos roçou o ridículo ­o sr engenheiro foi autor de tudo aquilo!

Mas, pronto, ficamos seriamente a acreditar que está descoberta a pessoa que será capaz de tirar Angola desta crise em que a descida do petróleo nos está a lançar. Ainda por cima, já está a trabalhar para a família do Presidente da República!

O CAT possui boas instalações, apesar de muito despidas (excepto as inúmeras fotos de autoria do sr engenheiro, como não podia deixar de ser, espalhadas por todo o colégio e presentes em todas as salas de aulas que visitámos). O culto ao egocentrismo não é só no gabinete.

No entanto, o CAT tem um enorme problema visível e que viola a lei angolana.  O CAT não tem espaços exteriores. Não tem espaços livres. Não tem recreios.

A lei diz que o espaço exterior teria que ter, no mínimo, o dobro da área construída (disto percebo eu). No CAT não acontece isto.  Apenas tem um pequeno recreio de cimento, na entrada, onde os pais, os alunos e os funcionários provocam uma tremenda confusão nas horas de entrada e saída. Tem ainda a ocupação de dois terraços para ocupar as crianças, um com um mini campo de futebol por cima do pavilhão desportivo (se não estou em erro) e outro espaço que ainda está em construção, por cima do edificio do pré-escolar, mas onde este visionário sr engenheiro consegue ver construções, mesas de jogos e tanta coisa mais para colocar os alunos da primária, num espaço muito pequeno e muito perigoso, sem vedação correcta, a mais de 5 metros do chão, propício a acidentes, sobretudo com os vigilantes de que o CAT dispõe ­ pouco activos e, pelo que pudemos verificar, com formação pouco adequada para o exercício das funções que desempenham, ou deveriam desempenhar. Ou então, terão que rodear tudo com rede, colocando as crianças numas autênticas jaulas.

Mas, sem querermos nos desviar do assunto, as incríveis explicações do sr engenheiro para a não existência de espaços exteriores e para a maneira de resolver a situação de convívio aglomerado de crianças e adolescentes, tudo misturado em tão pequeno espaço, dariam para um compêndio de psicologia infantil e juvenil ou, no mínimo, variadíssimas teses de doutoramento na área da psicologia de que também ele deve ser perito. O facto de ser pai de seis rapazes, como nos disse, faz dele perito em quase tudo o que à educação e psicologia diz respeito. Senhora da Muxima, ajuda só!

Acredita verdadeiramente que as amplas salas de convívio que o colégio possui, mas que ainda não estão em funcionamento, podem resolver o assunto. Quando o número de alunos chegar ao que pretendem, nem quero imaginar como vai ser. Vai haver maca a todo o instante. Nessa altura, espero ter alternativa para os meus filhos.

Sobre a alimentação, segurança, serviços - temas das conversas com outros pais, referiu que tudo está bem, ou tudo tratado. Nunca admitiu ou assumiu qualquer crítica.

A alimentação é cara e de fraca qualidade, sobretudo os dois lanches. Quem ouve do sr engenheiro e quem ouve os alunos e alguns trabalhadores do CAT diz que estamos certamente a falar de colégios diferentes. Claro que os alunos e os funcionários estão todos errados. A verdade existe apenas na boca do sr engenheiro. Leva me a pensar no tipo de alimentação que serve em casa aos filhos para achar normal o que toda a gente reclama no colégio.

A segurança poderá vir a funcionar, mas, neste momento, refiro apenas que saí com os meus filhos e com os meus sobrinhos sempre que os fui buscar, sem que fosse me pedido qualquer documento ou sem perguntarem me se tinha autorização. Dos meus sobrinhos nem tenho autorização. Apenas a minha mulher tem.

Depois de falar com ele apetece me dizer que nem Agualusa, Ondjaki ou Pepetela nos seus melhores dias desenvolveram tal imaginação... Podem não acreditar, mas esta figura existe mesmo! É real! Não saiu de nenhuma história destes nobres escritores da nossa Angola.

Quando as perguntas incomodaram, as respostas roçaram a arrogância, a prepotência, o desdem. Registei.

Mas, como referimos, falámos com outras pessoas responsáveis do CAT. O primeiro a nos receber foi o Dr. António Martinho, Director Pedagógico. Se não tivesse mentido (Nem sei bem se posso chamar mentira, mas... foi apenas uma, mas... mesmo entendendo, não gostei) estaria a dizer agora que se trata da pessoa que mais gostei de conhecer nos últimos anos.

Simpático e afável. Sabe de educação como pouca gente de todos com quem lidei (e já lidei com muita gente, acreditem). Vive e respira educação.

Directo. Pragmático. Muito culto e inteligente. Fala com conhecimento de causa. Explicou o projecto de forma segura e clara, focando o essencial.

Totalmente por dentro dos programas e das políticas educativas do nosso país. Angolano de nascimento. Segundo referiu, de Ndalatando, meu patrício. Mas sem nacionalidade angolana. Tentei apanhá-lo desprevenido, mas não fui bem sucedido. Parabéns!

Quando partilhámos com ele as nossas dúvidas em relação à mudança dos nossos filhos, analisou a situação connosco de forma clara e incisiva. Logo ali, a nossa decisão ficou tomada. Agradecemos a ajuda. Reparamos noutro pormenor. Em menos de meia hora, o gabinete dele foi visitado por alunos, funcionários (conhecemos uma por ter sido quem nos atendeu na secretaria) e professores. Percebemos o carinho recíproco, sobretudo por parte dos alunos. Pediu desculpa e interrompeu a reunião connosco para dar especial atenção a um assunto que os alunos lhe vieram comunicar: registei com apreço.

Mas, volto a dizer, mesmo que entenda que o tenha feito por obrigação institucional, não falou verdade quando referiu-se ao Director Geral, dando dele uma imagem bem diferente, bem mais positiva do que pudemos ver. Não quis falar de assuntos que eram da responsabilidade do Director Geral, remetendo para este, tecendo elogios a esta pessoa. Induziu-nos em erro. Pena! Mas, em abono da verdade, é a única coisa a apontar. Percebemos que mentiu por dever institucional. Está perdoado.

Sinceramente, descansa-me ter esta pessoa à frente da área pedagógica da escola que os meus filhos frequentam. 

Também fomos à procura de mais informações sobre esta pessoa. Foi fácil encontrar. A internet, o telefone e o skype ajudam. Ficámos a saber que sempre esteve ligado ao ensino em todos os níveis e ocupando diversas funções, sobretudo nas escolas salesianas em Portugal. Escolas de top.

Como tenho vários amigos com filhos em escolas salesianas foi fácil obter informações. Dos filhos e dos pais, os elogios chegaram. Em conversa com um padre salesiano que conheço em Portugal, fiquei a saber que apenas se encontra com licença sem vencimento e que não pretendem prescindir dele.

Espero que o CAT o consiga demover e convencer a permanecer por muito tempo. Desta gente, Angola precisa muito. 

Também falámos, de uma forma mais breve, com Dr. João Garção, Director da Primária. Postura elegante e correcta. Humilde. Muito atento ao que o rodeia, como vimos no recreio e muito solícito. Também muito culto, de acordo com as citações que parafraseou. Gostei muito! Pareceu-me o par ideal para o Director Pedagógico. Pagaria para os ouvir reflectir sobre algum assunto ligado à cultura, à educação, tal o nível que imagino poderem atingir. Como Angola precisa disto!

Da pesquisa que fizemos sobre o Dr. João Garção, também ficámos descansados. Num site na internet diz-se dele: "Poeta, pintor, ensaísta, desportista e professor. Foi guarda-redes profissional na Académica de Coimbra. Licenciado em História da Arte e Mestre em História Contemporânea de Portugal pela Universidade de Coimbra, foi depois presidente da Direcção e professor do Instituto Superior de Ciências Educativas de Felgueiras, no norte de Portugal (ligado à formação de professores).

Representado em diversas antologias poéticas/plásticas, proferiu palestras e publicou artigos sobre Educação, Arte, Ética e Política em jornais e revistas da especialidade no país e no estrangeiro. Especialista em teoria artística e arte aplicada."

A internet também nos mostra a sua ligação à politica, em Portugal.  Na verdade, não tem qualquer experiência nas problemáticas destes níveis de ensino. Não é a pessoa certa no lugar certo. É claramente um professor do ensino superior. Mas no apoio directo ao Director Pedagógico, é claramente uma mais valia, sobretudo na formação constante que ambos podem transmitir aos professores. Quem dera às melhores universidades deste nosso país terem esta dupla.

Como também temos um filho na pré-escolar, também falámos com Margarida Ataíde. Conversa um pouco estranha. Deixei que a minha mulher assumisse a conversa e mantive me mais como observador. Pareceu me consistente do ponto de vista pedagógico. Foi correcta sem ser simpática. Esclareceu o modo de funcionamento do pré-escolar. Visitámos o espaço. Agradável, bem equipado. O tempo me ajudará a clarificar algumas dúvidas.

Da pesquisa que fizemos, fiquei algo intranquilo. Tem formação superior em educação de infância numa das escolas superiores de melhor referência em Portugal, segundo conseguimos perceber, mas o que vimos foi uma carreira ligada à formação, sobretudo ligada à igreja católica, sendo colaboradora do secretariado das comunicações sociais e bens culturais da Igreja para a agência ecclesia e do secretariado da pastoral da cultura, sobretudo na área do cinema e audiovisual, de acordo com alguns sites visitados por nós. No entanto, acreditamos que pode vir a desempenhar um bom trabalho.

Somos um grupo de pais interessados e inconformados. Queremos a qualidade que nos foi prometida e que pagamos.

Vamos estar atentos a tudo isto.