Luanda – Foi aberto, na esquadra da Policia Nacional da marginal, em Luanda, uma queixa-crime (processo1866/15/IB) contra agentes dos serviços prisionais e da Policia Nacional que espancaram e feriram, nesta quinta-feira (26), um cidadão angolano Francisco Gomes Mapanda “Dagó”, em pleno Tribunal Provincial de Luanda (TPL).
Fonte: Club-k.net
O episódio aconteceu, a porta da sétima sessão daquela casa das leis, quando os agentes orientavam os familiares e amigos que se preparavam para entrar e assistir o desfecho final do processo Cassule e Kamulingue, os dois activistas assassinados pelas autoridades angolanas, em 2012.
Diante daquela fúria, de se pretender entrar para a sala da audiência, um agente arrancou Francisco Mapanda “Dagó” a força acusando-o de não ter cumprido as suas orientações. Logo a seguir surgiram três agentes penitenciários e dois da Policia Nacional que arrastaram o jovem para os corredores do fundo do tribunal, onde foi fortemente espancado.
Na tarde do mesmo dia, o cidadão Francisco Mapanda “Dagó” , acompanhado pelos advogados das “mãos livres” dirigiu-se para a esquadra da policia apresentar a sua queixa-crime contra os agentes agressores tutelados pelo comissário, António Joaquim Fortunato.
Nesta sexta-feira, o jovem agredido foi levado pelos familiares ao laboratório de criminalística, no bairro popular, a fim de fazer registro dos ferimentos causados pela agressão para ser anexado ao processo crime contra os agentes prisionais. “Dagó” para além de estar com ferimentos nos lábios e num dos braços queixa-se de dores numa das pernas.
Contactado pelo Club-K, Francisco Mapanda “Dagó” contou que enquanto era arrastado como se tratasse de um saco, um outro agente dava-lhe pontapés no rosto. O mesmo teve de implorar para não ser mais agredido quando um dos agentes preparava-se para arrastar-lhe pelas escadas do primeiro piso daquele edifício das casas das leis.
Depois do episódio de tortura contra o jovem, os agentes prisionais foram confrontados pelos jornalistas que os questionaram sobre os excessos que cometeram. Os mesmos responderam que agrediram o jovem por este ter alegadamente rasgado o bilhete de identidade de uma cidadã.
Confrontado, pela nossa reportagem, Francisco Mapanda “Dagó”, o jovem espancado negou a acusação dos agentes prisionais questionando “Como é possível rasgar o bilhete de identidade de alguém, se eu estava lá em cima (primeiro andar)”.
De realçar que todos todos os cidadãos que tem acesso as salas de audiência do tribunal de Luanda tem, antes, de deixar os seus bilhetes de identidade na entrada, na portaria, no res-dos-chão daquele edifício.