Luanda - A propósito do próximo debate que a Zimbo vai promover terça-feira sobre o estado do nosso ensino superior, alguém ligado ao sector já nos tinha anteriormente manifestado interesse em publicar algumas reflexões/preocupações sobre o que se passa com a formação superior ao nível das instituições públicas, tuteladas pelo Ministério do Ensino Superior (MES).

Fonte: Club-k.net

Ministro da Educao.jpg - 50.50 KBPor razões ligadas ao clima nada propenso ao debate interno em termos de liberdade de expressão, sem outras consequências mais pessoais para quem hoje assume de forma crítica a diferença/divergência, o autor destas reflexões que é um ADI*, achou por bem e para já não revelar o seu nome, tendo tomado a decisão de vir a terreiro, apenas com o propósito de contribuir para um melhor levantamento/equação dos problemas existentes.

"Como anda o nosso ensino superior?
Uma boa questão para se colocar em início de mais um ano lectivo.
Desta vez não vamos tratar do investimento no ensino a pensar no desenvolvimento do pais. Convenhamos que é um tema muito interessante e apaixonante, pois podemos estar a hipotecar o futuro. Adiante.


Uma série de factores, incluindo a necessidade de abranger todas as províncias com ensino superior estatal, levaram a que o poder instituído decidisse fatiar o pais em regiões académicas e, consequentemente, retalhar a Universidade Agostinho Neto (UAN) em tantas universidades quantas as regiões académicas. Entretanto, já foi efectuado um upgrade no KK. Outro factor que podemos considerar nesta decisão é a necessidade de “controlar”, administrativa e financeiramente, os pólos da “antiga” e abrangente UAN.


Criadas as universidades nas regiões académicas, houve necessidade de nomear equipas reitorais e de gestão por unidade orgânica (faculdade/instituto). Mal ou bem, todas têm vindo a funcionar com a regularidade possível. Por vezes, as equipas de gestão das unidades orgânicas vêem-se em dificuldades para responder às repetidas solicitações de áreas distintas do MES pois, ao que parece, os responsáveis do MES, cada vez que efectuam uma viagem, solicitam os dados que observaram nas suas visitas, independentemente das informações já existentes no ministério.

*Desorganização?
*Incompetência?
*Falta de controlo?
*Irresponsabilidade?
*Inconsistência?
*Inconsciência?
*Propósito de manter as equipas de gestão das unidades orgânicas ocupadas com a produção de mapas para que se despreocupem com as necessidades dos processos de ensino-aprendizagem e investigação?

Talvez um pouco de tudo.


Os reitores e as suas equipas estão, como é de calcular, interessados em manter as “suas” universidades a funcionar, maugrado as insuficiências deixadas pelos poderes ao livre arbítrio das equipas reitorais, já que as universidades foram geradas sem se ter em linha de conta as condições básicas para o seu funcionamento, incluindo as infraestruturas físicas.


Para “ajudar” as equipas de gestão das universidades, são-lhes limitados os orçamentos (com incumprimentos apesar de já serem reduzidos) e qualquer contacto com outro ministério é dificultado por dever os processos passar, sempre, pelo MES.

Um artifício burocrático e bobo (para não se ser mais severo) para dificultar todos os actos de gestão das universidades.
Ou será uma tentativa de centralizar qualquer tipo de decisão contrariando as politicas de descentralização, iniciadas com a própria criação de regiões académicas?
Agora, a propósito de nada ou talvez por um qualquer passo de mágica, o ministro descobre mais fundos financeiros para esbanjar com a contratação de técnicos estrangeiros.

Será que se trata dos recursos financeiros extorquidos às universidades?
Pasme-se: o ministro do “seu” ensino superior contratou um assessor cubano por cada região académica e indicou-os para serem “a sombra” dos reitores.

*Afinal, para que servem os reitores?
*Se são nomeados pelo próprio ministro, serão homens da sua desconfiança?
*Redução prática dos homens que nomeia?
*Repito: para que servem, então, os reitores?
*Será que o ministro do “seu” ensino superior ainda está na década de setenta do século passado, onde a máxima era “ao lado de cada técnico estrangeiro deve estar um angolano”?
*Ou invertendo a ordem destes factores?
*Ou se trata apenas de criar uma equipa de delatores (entenda-se bufos), onde os cubanos são peritos?
*Ou apenas aumentar a clientela corrupta composta por bastantes professores dessa origem?
*Ou se trata de comercio simples para servir clientelas?
*Ou estamos na expectativa de criação de um museu de tortura para transformar os Reitores em churrasco?

Definitivamente Senhor Ministro, estamos no mau caminho."

*(ADI-Autor Devidamente Identificado)