Lisboa - O antigo ministro de Estado e chefe da Casa Civil da Presidência angolana Carlos Feijó considerou hoje em Lisboa que Angola falhou o objetivo da diversificação económica proposto no final da década passada.

Fonte: Lusa

"Esta fase de diversificação da economia, que deveria permitir que chegássemos a 2017 e entrássemos na fase de sustentabilidade da economia, temos de dizer que não fomos assim tão bem sucedidos", disse o antigo chefe da Casa Civil do Presidente José Eduardo dos Santos durante um debate sobre o papel do petróleo na economia mundial e em Angola.

"O petróleo deveria constituir a principal arma para que Angola deixasse de depender do petróleo, ao mesmo tempo que podia ser a trave-mestra para o desenvolvimento e diversificação da economia, da agricultura e dos serviços", acrescentou.

Carlos Feijó disse ainda, na sua intervenção de abertura, que a predominância chinesa na importação de petróleo de África e até no relacionamento económico deve-se ao facto de, no princípio da década passada, a comunidade internacional ter decidido não aceitar a realização de uma conferência de doadores, obrigando Angola a prometer petróleo em troca de financiamento para a reconstrução.

"Bem ou mal, feliz ou infelizmente", foi isto que fez nascer o relacionamento com a China, que é hoje o maior importador de petróleo de Angola, valendo cerca de metade das vendas de petróleo para o exterior, e sendo responsável por 15% das compras de petróleo ao exterior por parte da China.

A diversificação económica é fundamental porque, sem esse esforço, "o investimento na prospecção e exploração significa que no médio prazo os campos podem cair em declínio, principalmente os dois maiores (blocos de exploração petrolífera) Dália e Girassol, antes de 2020, o que pode criar dificuldades no tal programa de sustentabilidade", concluiu,

O debate decorreu na Universidade Lusófona, numa iniciativa da RDP-África denominada 9.º Seminário Internacional "A Economia Global - Impacto da Crise do Petróleo e as Relações de Poder Internacional".