Luanda - O desafio começou numa simples conversa de rotina na Universidade, evoluindo para um blog e, hoje numa plataforma mais desenvolvida, deu origem ao projecto Jovens da Banda. Afastados uns dos outros marcam a diferença com um suporte das novas tecnologias.

Fonte: Novo Jornal

Tudo começou na Africa do Sul, numa das salas da universidade quando Mila, ainda com 18 anos,estava apenas no primeiro ano. "Tenho dito que entrei na universidade aspirando ser mais uma advogada de sucesso que iria à tribunal bem vestida e faria muito dinheiro, mas isso começou a mudar, gradualmente, a partir do primeiro dia de aulas, quando o sentimento de justiça e a fome por desenvolvimento, superou todas as outras ambições que possuía".

A jovem explicou que passou então a absorver o máximo que podia, partilhando conhecimentos com um ciclo pequeno de jovens, "alguns dos quais viriam a tornar-se amigos", disse. "O canto de Mi.Stéphanie" é o blog que serviu como pontapé de saída para que as coisas começassem a ganhar corpo.

Nesta sua plataforma digital, teve a oportunidade de partilhar o pouco que aprendia assimcomo questionar aspectos ligados a sociedade civil e mostrar jovens que, embora no anonimato, já faziam muito pelo seu país de origem.

A inciativa serviu também como oportunidade para entrevistar algumas figuras importantes no cenário político angolano. O crescimento do blog deu lugar à uma plataforma maior que denominou Jovens da Banda que juntou alguns angolanos espalhados pelo mundo com a missão de promover a mudança nesta franja, inspirando-os a inovar, pensar diferente, produzir, questionar e, acima de tudo, acelerar o desenvolvimento.

Segundo a entrevistada,numa primeira fase está a ser implementado como uma revista nos formatos impresso e digital. Jovens inconformados e que procuram sempre melhorar, dão espaço à outros, desde que estejam a fazer a diferença no meio em que se encontram. "Destacamos jovens que não desistem de sonhar por uma Angola melhor,independentemente das pedras que encontram pelo caminho. Mostramos alternativas e opções para jovens sonhadores mas acimade tudo, queremos que inspirarem- -se em jovens iguais" confessou a mentora do do projecto.

Hoje, com mais de vinte jovens, dentre escritores, cronistas, designers e demais sonhadores espalhados pelo mundo, o projecto tem uma redação virtual em que os jovens fazem uso das novas tecnologias para o benefício próprio e crescimento do trabalho que fazem enquanto distantes uns dos outros.

"Temos em comum o sonho de ver o nosso projecto, tais como a nossa revista ser lida nas dezoito províncias do país para que, além de conhecimento, os nossos jovens possam conhecer histórias de pessoas que passaram pelas mesmas dificuldades".

Salta à vista o facto de gerir um projecto de tamanha ambição com tão pouca idade. Para ela, não é fácil. "Felizmente, conto com a ajuda do nosso director executivo, Deslandes Monteiro, que é formado em Direito Empresarial e Entrou para o projecto na Itália, onde estudava, mas encontra-se já em Luanda". Ainda sobre a equipa que dá o suporte necessário, Mila fala ainda do jovem Liano Lemos, seu sócio. Este vive ainda na Inglaterra onde está a fazer formação em engenharia.

"Eu cuido apenas da redacção ou seja, das matérias que vão para o ar no portal e na revista; tento envolver-me o mínimo possível em questões de gestão e administrativas", esclareceu.

Não se deixando influenciar pela negatividade, o Jovens da Banda pretende romper fronteiras. "Eu sonho em ver o projecto em mais países africanos e não me refiro somente aos de expressão portuguesa porque creio que nós, nova geração, precisamos reaver princípios como o pan-africanismo e a consciência negra. Temos muito que partilhar com os nossos irmãos africanos, eles têm muito que nos ensinar e podemos inspirar-nos uns aos outros. Creio que esta difusão tem sido adiada devido ao antagonismo mediáticode que os nossos irmãos africanos têm sido alvo, sobretudo dos países mais pobres ou que ainda vivem conflitos armados".

Mila reconhece que a sua geração tem hoje um desafio muito grande. "(…) porque se a geração anterior à nossa lutou para libertar-nos da ocupação e opressão física dos colonialistas, a grande batalha da minha geração será para lutar contra a ocupação e opressão psicológica dos media. Eu espero poder fazer o máximo para contribuir neste desafio", concluiu diante das adversidades Mila Stéphane Malavoloneke e seus colaboradores quebram a monotonia sem esperar recompensas ou estar sob os holofotes.