Luanda – Os efectivos do Comando Provincial da Polícia Nacional no Huambo detiveram nesta quinta-feira, 17, na comuna de Catabola, município de Longonjo, o líder seita Cristã do Sétimo Dia a Luz do Mundo, vulgarmente conhecida por "Kalupeteca", juntamente com o seu filho e outros crentes, quando tentavam abandonar aquela província. Os mesmos encontram-se, neste preciso momento, detidos na Direcção Provincial de Investigação Criminal do Huambo.   

Fonte: Club-k.net
José Kalupeteca estava, inicialmente, a ser procurado pela polícia nacional, desde terça-feira, 14, após os seus seguidores terem espancados (e desarmados) cerca de dez efectivos do Comando Provincial da Polícia Nacional no Bié, na segunda-feira última, quando tentava impedir que os fiéis desta seita vendem-se os seus bens.

“No Bié, os fies desta seita foram orientados pelos seus dirigentes a venderem os todos seus bens, e destruir as suas residências, uma vez que o fim do mundo será este ano”, explicou uma fonte oficial, acrescentando que “a polícia foi ao local onde funcionava a seita no sentido repor a ordem, e, surpreendentemente, foram espancados e desarmados pelos membros desta seita”.

Após este incidente, a Procuradoria Geral da República da província do Bié emitiu um mandado de captura contra José Kalupeteca, na qualidade do líder da seita, que se encontrava em retiro, em companhia dos seus fiéis, à localidade da Serra do Sumi, à 25 quilómetros da sede municipal da Caála, província do Huambo.

Mas antes, no município de Balombo, na província de Benguela, um outro grupo de membros da direcção desta seita transmitiam, igualmente, a mesma mensagem (do fim do mundo) aos fiéis daquela região. No entanto, quando os efectivos da polícia tentaram “de forma indecorosa” persuadir os crentes da “Kalupeteca” a não catar as tais recomendações, os responsáveis da seita impediram-nos de forma apropriada, resultando numa salada de violência.       

A rixa entre os efectivos da polícia nacional e os fiéis da “Kalupeteca” provocou, na quarta-feira, 15, à morte de dois agentes, um ferido e um automóvel queimado. No entanto, a polícia do Comando Municipal do Balombo ripostou efectuando alguns disparos a “queima-roupa” contra agressores que estavam munidos de “paus, catana e outros objectos contundentes”, resultando na morte de alguns civis no local.

O Club K sabe que a polícia recusa-se a fornecer informações concretas sobre o número exacto dos fiéis da seita “Kalupeteca” mortos pelos seus efectivos. “Ninguém quer falar disso, mas sabemos que esta acção resultou na morte e detenção de algumas pessoas que são crentes desta igreja”, revelou a nossa fonte.  

Já na quinta-feira, 16, tendo em conta os dois episódios e em cumprimento do “mandato de captura”, o Comando Provincial da Polícia Nacional no Huambo ordenou o comandante municipal da Caála, Evaristo Catumbela, a criar condições para deter o líder religioso José Kalupeteca que se encontrava, juntamente com os crentes, numa das montanhas à localidade da Serra Sumé, a 25 quilómetros da sede municipal da Caála, em actividades.   

No local da detenção, o comandante Catumbela fez-se acompanhar com um aparato policial (armados até aos dentes) onde integrava igualmente a Polícia de Intervenção Rápida, investigadores da DPIC, efectivos dos Serviços de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE), Polícia de Ordem Pública e membros do Serviço dos Bombeiros.

De acordo com registo, Evaristo Catumbela, na qualidade do comandante municipal da Polícia da Caála, juntamente com o seu guarda, foi ao encontro do líder seita Cristã do Sétimo Dia a Luz do Mundo, José Kalupeteca, a fim de convence-lo a entregar-se às autoridades judiciais. A conversa que teve uma duração de menos de 20 minutos, não produziu resultados satisfatórios.

Não se sabe ao certo o que terá dito o comandante Catumbela a José Kalupeteca para começar a ser violentamente agredido (com o seu acompanhante) pelos guarda-costas do líder da seita. Ao testemunhar a agressão, os elementos da caravana do policial dirigiram-se de imediato à montanha a fim de socorrer o seu chefe, e foram surpreendidos com disparos a “queima-roupa” efectuados pelos crentes desta seita que se encontravam entrincheirados.  

As primeiras vítimas, segundo apurou o Club K, a serem mortos no local foram o comandante Evaristo Catumbela e a sua escolta. Em gesto de defesa, os efectivos do Ministério do Interior começaram a ripostar com as “armas de guerra” de forma alienatória contra tudo e todos, provocando mortes até das crianças e mulheres que assistiam de longe o cenário de guerra.

Durante a troca de tiros, os fiéis da “Kalupeteca” abateram cerca de dez elementos, entre os quais cinco efectivos da PIR (incluindo o seu chefe de Operações), quatro de Ordem Pública e o chefe municipal do SINSE da Caála. A maior parte dos efectivos foram mortos com tiros a cabeças. Do lado da seita morreram um número incalculável de crentes.       

No final da “rixa”, uma caravana – de três motorizadas – dos membros da “Kalupeteca”, em protecção ao seu líder, puseram-se à fuga em direcção a província de Benguela. Mas, ao passar pela comuna de Catabola, município de Longonjo, no Huambo, foram surpreendidos pelos elementos da corporação. Nesta senda José Kalupeteca com os seus seguidores irão responder, em tribunal, pelos crimes de homicídio qualificado.

De realçar que, em Outubro do ano passado, o governador do Huambo, Kundi Paihama, aconselhou aos seguidores da seita "Kalupeteca", a obedecerem as leis vigentes no país e a ordem social estabelecida, sob pena de incorrerem em crime.

Kundi Paihama fez este apelo durante um encontro com os fiéis da referida igreja, na aldeia de São Pedro Sumi, município da Caála, motivado do facto dos mesmos serem constantemente acusados de desrespeitar a ordem social, com o comportamentos contrários as leis angolanas.

Trata-se da seita que por altura do Censo da População instou os crentes para não participarem no processo, instigando-os a abandonarem as casas para não se depararem com os recenseadores.

Em outro acto, 576 membros abandonaram as suas casas para acamparem na localidade de São Pedro Sumi, sem quaisquer condições de sobrevivência, para servirem os seus princípios doutrinais, o que obrigou a intervenção da Direcção da Assistência e Reinserção Social a fornecer alguns meios de subsistência.

Por isso, o governador disse que Governo não vai permitir qualquer desorganização social, nem tão pouco a desobediência da lei. “É preciso interpretar correctamente as instruções bíblicas e amar o próximo para a construção da nossa sociedade. Os líderes religiosos de todas denominações eclesiásticas e os dirigentes governamentais devem servir o povo”, disse.
 
Kundi Paihama lembrou que cada cidadão é livre em seguir a denominação religiosa da sua opção, mas ninguém deve ser manipulado pelos líderes religiosos a seguirem preceitos que contrariam os objectivos do Estado.
 
Por sua vez, o líder da referida igreja, José Kalupeteka, prometeu cumprir com as orientações do Governador, sobretudo as relacionadas com o cumprimento das leis angolanas. Sem implatação legal, a "Sétimo Dia a Luz do Mundo" é uma dissidência da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e controla 3700 fiéis nas províncias do Huambo, Benguela e Bié.