Luanda - O tribunal de Luanda suspendeu hoje, a pedido dos advogados de acusação, o julgamento sobre a acusação de violação de direitos humanos, opondo generais angolanos ao jornalista Rafael Marques, mas a defesa admite um entendimento extrajudicial.
Fonte: Lusa
A posição foi transmitida pelo advogado David Mendes, que defende o jornalista e activista angolano, acrescentando que o julgamento - que esta quinta-feira, 23, deveria decorrer à porta fechada - conta já com nova sessão agendada, para 14 de maio.
Segundo o advogado, a acusação, por sete generais e empresários angolanos, pediu a suspensão para estudar nova documentação. Nomeadamente a que confirma que, antes de publicar o livro expondo a violação de direitos humanos na província diamantífera angolana da Lunda Norte, Rafael Marques, enquanto autor, contactou um administrador das empresas envolvidas, para fazer o contraditório.
"Os advogados pediram o adiamento para questionar o administrador", disse David Mendes, aludindo ao facto de o jornalista angolano não ter obtido respostas às questões colocadas.
Rafael Marques é acusado de "denúncia caluniosa", por ter exposto estes alegados abusos com a publicação, em Portugal, em setembro de 2011, do livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola".
Os queixosos são sete generais, liderados pelo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa" e os representantes de duas empresas diamantíferas.
Sobre a possibilidade de entendimento extrajudicial entre as partes, já admitida por Rafael Marques, o advogado David Mendes disse não ter sido contactado nesse sentido, mas também admite que essa seria a melhor solução.
"No meu entendimento seria o melhor caminho, mas enquanto advogados não fomos contactados para avançar nessa direção. Se houvesse uma desistência das partes isso não nos deixaria incomodados, pelo contrário, porque facilitaria o processo", afirmou David Mendes.
Este julgamento teve início no final do mês de março, no Tribunal Provincial de Luanda, sob forte vigilância policial e mobilização de apoiantes do jornalista angolano, cenário que não se repetiu no início desta segunda sessão, agora adiada para 14 de maio.
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