O bem é bem, quando se quer matar ou até se defender a vida; o bem é o que é quando a própria vida perde a sua função: de ser alegre e dinâmica, feliz e contente em existir.Quem nessas circunstâncias evitar tal situação- o sofrimento infundado e desnecessário- , ainda que o instrumento de uso seja a morte, indiscutivelmente existirá uma sensação de alívio e de bem.É por bem que se mata, é por bem que se reza, é também por bem que se ama!Mas é, igualmente, por bem, que se pode deixar de amar, querer, rezar e deixar a vida vingar como se deve.É por bem, às vezes, que se mente e engana a milhões de seres humanos. Mentiras que podem levar décadas ou até o século inteiro.
É o tipo de traje ( o bem) que de maneira idônea e inequívoca se adéqua a qualquer serventia, qualquer alma, espírito ou corpo, e até missão. A identidade com essa virtude é tão alta, significante e transcendental que pode ser encarado como o deus onipresente que tudo justifica para se manifestar e aparecer. Assim, na cultura, história e mitologia de povos e nações vamos encontrar o bem justificando tudo, até a maldade dos deuses, a ambição dos homens, a traição destes e a imoralidade. O cinismo de cada um deles, quando já não sabem justificar os seus atos e não é fácil notar as aberrações que os mesmos cometem. Basta ver os discursos desencontrados, as boas intenções que não convencem nem aos incrédulos. E para que ter crença, se todas as outras foram um fiasco, uma falsa vinda das boas intenções de sempre.
Quantas às vezes não se usou, ou não se usa, o bem para se massacrar, para roubar e explorar , para provocar genocídios. Para se ser cara de pau e sem vergonha, para justificar o injustificável, para se rir na cara de quem é simples, humilde... pobre!
O bem, por exemplo, foi usado por Jonas Savimbi para justificar a sua traição contra o Povo Angolano. Era usado pelos racistas sul-africanos para escravizarem e humilharem aos milhões de africanos e negros naquele país. O Iraque foi invadido em nome do bem! Até o Vietnam foi invadido durante décadas ou anos em nome do bem.Lançaram a bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki em nome do bem. Cuba, por exemplo, sofre um bloqueio há mais de quarenta anos em nome do bem. Hoje, usa-se o bem em nome do silêncio, do cinismo, da indiferença e até do sossego, quando se cala perante às atrocidades de um Estado terrorista e fascista que tem como a sua melhor obra o assassinato de centenas ou milhares de crianças na Faixa de Gaza.
Hoje, em nome do bem, são os Kwachas que reclamam que não querem ser tratados como Kwachas. Isso já é muito bom, e que seja mesmo em nome do bem. Mas se assim quiserem devem se enquadrar no esquema modulado daquilo que é legal e civilizado nesse país. Essa renúncia de nome e identidade prova ainda que a expressão Kwacha não é simplesmente uma expressão pejorativa. É acima do tudo a essência do mal entre os angolanos, é o retrato de um bando de pecadores. É a expressão daquilo que não pode nem ser camuflado como bem. Não existe máscara que suporta a identidade de quem é Kwacha, essa mascara rebentaria, cairia a qualquer momento mesmo no inferno. Quanto mais num país chamado Angola.
Assim, usar a palavra Kwacha em um artigo de Jornal pode até ser um eufemismo para não se cair em situações patéticas, fortemente comoventes e constrangedoras; já que um artigo de jornal, mesmo sendo na web mania, não deve esquecer de sua função de agradar o amigo leitor. O que existe atrás da palavra Kwacha é muito forte, fortemente extenso para cada uma das vítimas da filosofia, da agressão e da ideologia que aquela palavra ainda protege( ou protegia), dolorido, sofrido, algo a sangrar ainda, por isso, em nome do bem usamos a palavra Kwacha ( ou Kwacharada) – e não outra, porque não existe equivalência- para aliviar a dor de milhões de seres humanos, de milhões de Angolanos.Não temos necessidade de destrinchar a mesma palavra, por falta de tempo, por respeito ao leitor e até mesmo por ato de justiça: gato é gato e deve ser chamado como tal. A citação em cima sobre a Kwacharada só serve como exemplo. Vamos em diante.
O bem é usado, também, para institucionalizar a maldade. O bem precisa do tráfico de influência, da falsidade ideológica, da mentira, é quando, por exemplo, o bem torna institucional algo que não deveria. Finge que tudo está bem e que as coisas vão a mil maravilhas, mesmo que para isso a surdez e a cegueira deve andar de mãos abraçadas com o mesmo. O pior é que o bem se tornou incondenável, mimado como uma criança e até injustiçado. O povo, por exemplo, votou no bem que está aí, e ainda vai votar nele, ao menos essa é a pretensão. Dizem que tudo isso será em nome da estabilidade política. Acreditamos. Assim, o bem tornou-se intocável, imexível e irrepreensível.
A falsidade ideológica é tanta que até apresentasse como herói de um povo que mal conhece. E que muitas vezes faz questão de estar à distância do mesmo. Mas de uma coisa temos certeza, o uso desta máscara pode inquietar tanto que dá para notar o incomodo em que os mesmos se encontram. É neste ajuste da máscara consigo mesmo que vem a tona o que há de irrisório. Enganam-se quando acreditam que o povo é tão ingênuo.
*Nelo de Carvalho, Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Fonte: WWW.blog.comunidades.net/nelo