Luanda - O presidente da União das Igrejas do Espírito Santo em Angola, bispo Manuel Inocêncio de Sousa, condenou hoje, segunda-feira, em Luanda, o comportamento da seita adventista do sétimo dia “A Luz do Mundo”, liderada por José Julino Kalupeteka, pelos efeitos negativos causados ao país.

Fonte: Angop

No dia 16 do corrente mês, nove efectivos da Polícia Nacional foram assassinados na montanha de São Pedro Sumé, município da Caála, província do Huambo, por crentes da seita do 7º dia “Luz do Mundo", quando tentavam prender o seu líder, José Kalupeteka, em cumprimento de um mandado de captura emitido contra este pela Procurador-Geral da República no Bié.

Em entrevista à Angop, a propósito do assunto, o bispo Inocêncio de Sousa disse que esta situação abalou a sociedade angolana, sobretudo os religiosos, na medida em que as igrejas cristãs encaram a paz como um dos fundamentos da fé.

“A igreja insere-se na pacificação dos espíritos, na transformação do homem violento para o bem, por ser o local onde se aprende a respeitar o próximo e educar as pessoas pacificamente”, realçou o responsável.

“Estes acontecimentos levam-nos a concluir que o acto perpetrado pela seita Luz do Mundo constitui um verdadeiro vandalismo, comportamento que não se enquadra dentro dos princípios da fé cristã”, sentenciou.

O bispo Manuel Inocêncio de Sousa declarou que José Kalupeteka não foi enviado por Deus porque não tem uma preparação teológica e muito menos uma formação que lhe permite interpretar as sagradas escrituras conforme a regra.

Disse acreditar que antes de entrarem em cena, as autoridades angolanas acompanharam o desenrolar da actividade da seita e do seu líder, inclusive aconselhando-o no sentido de pautar pela observância do plasmado na Constituição.

“Penso que por trás da religião estavam outras situações, particularmente políticas, porque quando a polícia vem ter connosco, independentemente do número de efectivos, devemos obedecer e quando nos rebelamos, somos sancionados de acordo com a Lei”, defendeu.

Em sua óptica, a atitude de José Kalupeteka está totalmente errada, porque mesmo que “a polícia viesse tentando usar a máxima força, teria de contrapor com uma atitude de paz, de humildade, evitando situações que perigam os seus seguidores”.

Afirmou que Kalupeteka estava presente no momento do ataque aos polícias e possuía autoridade para mandar os seus seguidores a pararem com a acção, reputada de criminosa, evitando, deste modo, a morte dos efectivos.

“Ele podia ter evitado e não evitou, causando a morte de cidadãos que se encontravam ao serviço da pátria e, consequentemente, de cidadãos civis inocentes”, lamentou o interlocutor da Angop.

Para o bispo Inocêncio de Sousa, o povo angolano já sofreu muito e independentemente da posição social, económica ou religiosa, cada cidadão angolano deve conhecer a história do país, parar, pensar e contribuir na restauração da sociedade e seus valores.

“Angola pagou muito caro por esta paz, grandes filhos deram as suas vidas, dai que todo o acto contra a pacificação tem de ser veementemente condenado, independentemente do estatuto, classe social ou religioso, o infractor tem de pagar”, ajuizou.

Segundo o religioso, por mais motivos que ele (Kalupeteka) e seus crentes tivessem, jamais podiam ter esta reacção, se a tiveram, temos de analisar bem e ver as questões de fundo sobre as motivações em torno da mesma”, argumentou.

O presidente da União das Igrejas do Espírito Santo em Angola concluiu dizendo que “quando começam a surgir situações que desvirtuam os princípios da igreja, como o fanatismo e o radicalismo, as autoridades têm de intervir.