Luanda - A Polícia Nacional desafiou terça-feira o partido de oposição Unita a “apresentar provas” do alegadamente elevado número de mortos da seita religiosa “Luz do Mundo”, em resultado do incidente registado no dia 16 deste mês no município da Caála, província do Huambo.

Fonte: Angop

Comandante diz que apenas mataram 13 crentes 

O desafio partiu do comandante da Polícia Nacional no Huambo, comissário Elias Livulo, em declarações ao Canal 2 da Televisão Pública de Angola, publicadas no serviço noticioso das 22 horas de terça-feira.

Em reacção ao incidente, a Unita indicou que terão morrido 700 a 1.080 cidadãos, enquanto fontes oficiais apontam a ocorrência de 13 mortes entre a população e 10 membros da polícia angolana, sendo nove no Huambo e um em Benguela.

Nas suas declarações à televisão estatal angolana, Elias Livulo denuncia a tentativa de “aproveitamento político” do incidente, ao mesmo tempo que desafia os autores dessa “propaganda barata” a exibirem factos que provem as suas alegações.

No dia 16 de Abril, nove efectivos da Polícia Nacional foram assassinados na montanha de São Pedro Sumé, município da Caála, província do Huambo, por crentes da seita “Luz do Mundo", quando tentavam prender o seu líder, José Kalupeteka, em cumprimento de um mandado de captura emitido contra este pela Procuradoria-Geral da República no Bié.

Com ramificações em algumas províncias, sobretudo no Centro e Sul do país, a seita “ Luz do Mundo” foi fundada pelo cidadão José Kalupeteca, 52 anos, na província do Huambo.



Segundo a Angop, em 2014, a seita foi interditada, mas as suas actividades continuaram de forma clandestina, com a realização de cultos e reuniões atentatórias à Lei, hábitos, costumes e tradições do povo angolano.

Com recurso à sua astúcia, José Kalupeteka, cujo alvo eram cidadãos das zonas rurais, facilmente conseguiu atrair centenas de seguidores, que, para além de venderem as suas casas e outros bens, renunciavam tudo em troca de um hipotético bem-estar celestial.

Em 2014, José Kalupeteka, segundo a angop,  voltou a criar constrangimentos ao Censo Geral da População e Habitação, ao levar os seus seguidores às montanhas para evitar que estes tivessem contactos com os recenseadores.


A partir do início de 2015, Kalupeteka começou a persuadir as pessoas para seguirem para as montanhas, onde, alegava, "aguardariam pelo fim do mundo, marcado para o dia 31 de Dezembro".