Luanda - As burlas em Angola estão a acontecer a um ritmo estonteante como se quisessem acertar o passo com o país que, na propaganda oficial, já foi apresentado como um dos que mais cresce no mundo.

Fonte: Club-k.net

Hoje o "marketing" murchou um bocado e Angola já não será bem o tal paraíso do crescimento económico por tudo quanto de menos positivo tem estado a acontecer à economia nacional.

Para o que interessa, entretanto, aos amigos do alheio o potencial para se aplicarem os "golpes do baú" mantém­se inalterável e pode até estar mesmo a crescer, daí que se multipliquem as informações sobre novas ocorrências relacionadas com o surgimento de novos "artistas".

Se o país cresce, pensam os burlões, é porque há cada vez mais dinheiro a circular no mercado não interessa saber nos bolsos de quem, desde que se criem as melhores oportunidades para atrair os "investidores/otários" que sempre acabam por surgir e cair na conversa do bandido.

Um destes "investidores" que de facto queria aplicar com alguma segurança as suas poupanças na aquisição de uma propriedade imobiliária está há cerca de três anos sem ver a cor do seu dinheiro e muito menos da casa que lhe foi prometida em troca do pagamento efectuado de cinco milhões de kwanzas correspondentes na altura a 50 mil dólares, tendo como referência o Projecto Kussanguluka do Consórcio Comandante Loy­SA.



O protagonista desta história do lado da parte vigarizada é engenheiro de profissão, chama­se Felisberto da Silva Vicente, tendo curiosamente sido aconselhado a relacionar­se com a referida empresa por uma pessoa que lhe é familiarmente muito próxima, sendo o mesmo sobrinho da sua esposa.

É aqui que entra na história o segundo protagonista que atende pelo nome de Jerónimo de Sousa Paím e em quem ele confiou totalmente quer pela proximidade familiar, quer pelas próprias garantias verbais que o mesmo lhe foi dando em relação ao projecto, como sendo o ideal para ele apostar sem outros receios.

Surge assim nesta história o terceiro protagonista chamado Alberto João Filipe Calunga que o seu sobrinho lhe havia indicado de forma insistente como sendo a pessoa ligada ao projecto melhor colocada na hierarquia para processar toda a movimentação até a entrega da moradia pretendida.

O milionário depósito foi feito assim em Novembro de 2012 na conta do próprio Alberto Calunga, domiciliada no BAI, com o seu sobrinho a garantir­lhe que por esta via tudo iria correr da melhor forma.

A partir deste momento e após ter sido efectuada a transferência, o "golpe do baú" estava dado, situação que o lesado viria desgraçadamente a confirmar pouco tempo depois.

A verdade nua e crua veio ao de cima após ter contactado directamente o referido Consórcio, já com alguma desconfiança em relação ao rumo demasiado silencioso para os seus gostos, que as coisas estavam a tomar, pois tinha­lhe sido prometido pelo Alberto Calunga a entrega do imóvel parcialmente mobilado no prazo de três meses.

No contacto directo feito com a empresa foi­lhe informado que nenhum dinheiro tinha dado entrada nos cofres do Consórcio entregue por Alberto Calunga.

Também lhe foi dito que havia funcionários afectos ao Projecto que estariam envolvidos em burlas do género.

Em posse da parte lesada e com a data de 21 de Agosto de 2013, há ainda uma declaração assinada por Alberto Calunga onde o mesmo, que assina indevidamente como Director Geral do Consórcio Comandante Loy­SA, se comprometia a fazer a devolução do montante de 5 milhões de kwanzas "por motivos de ter registado morosidade que se foi registando até a presente data".

Pelos vistos o pior ainda estava para acontecer.

Denunciado o suspeito burlão às autoridades policiais, o queixoso apenas conseguiu até ao momento que o seu sobrinho fosse prestar declarações como testemunha, numa altura em que já haverá muito poucas dúvidas em relação ao seu envolvimento como cúmplice nesta burla.

A investigação parece ter ficado por aí, pois apesar de ter sido notificado, Alberto Calunga nunca foi ouvido pela DNIC como suspeito de ter cometido um provável crime de burla por defraudação.

 

Estranhamente o mesmo tem conseguido manter­se até agora como se nada tivesse haver com o processo, em relação ao qual até já disse algures nunca teve qualquer conhecimento.

Os "azares" do protagonista desta história estão neste momento a ter como palco os corredores da policia de investigação criminal onde tem estado a levar o que se chama de "valente baile" por parte de quem o deveria ajudar a reaver o seu dinheiro e a responsabilizar os burlões.

Na realidade, da policia o Engenheiro Felisberto da Silva Vicente apenas tem recebido evasivas e mais evasivas entre desculpas e justificações que não o têm convencido minimamente sobre a bondade da sua actuação, ao ponto de já ter havido inclusivamente uma substituição do primeiro investigador por orientação do Ministério Público.

Como se não lhe faltasse mais nada em matéria de constrangimentos e depois de já ter pago mais de 5 mil dólares ao escritório de advogados "Angola Legal Circle", Felisberto Vicente também hoje se queixa amargamente do desempenho da causídica que foi indicada para junto da DPIC acompanhar o processo.

Queixa­se por sentir que da parte da sua advogada não tem havido a necessária acutilância na defesa dos seus interesses, apesar dos serviços já pagos, a tal ponto que acha que na prática ela já terá mesmo abandonado o processo.