Luanda - O presidente da segunda maior força política da oposição angolana, Abel Chivukuvuku, afirmou que se perderam vidas "desnecessariamente" nos confrontos no Huambo entre polícia e uma seita que "não representava perigo para a estabilidade" de Angola.

Fonte: JN

O líder da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) falava durante a visita ao acampamento da seita ilegal "A luz do mundo", na Serra Sumé, próximo da Caála, no Huambo, onde os confrontos com a Polícia Nacional, na versão das autoridades angolanas, provocaram a 16 de Abril nove mortos entre os agentes e 13 vítimas entre os seguidores.

Depois da tentativa, frustrada pelas autoridades, de deputados da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) para aceder ao acampamento desta seita, onde estariam concentrados mais de três mil seguidores, Abel Chivukuvuku visitou o local na quarta-feira - prossegue esta quinta-feira nas aldeias vizinhas -, constatando que naquela área estes fiéis dispunham de água, electricidade e agricultura de subsistência.

"Não representava perigo absolutamente nenhum para a estabilidade da República. Não representava. Os ritos e as práticas [da seita], é possível que fossem anti-sociais, mas não representavam perigo para a estabilidade", afirmou o líder da CASA-CE, em declarações aos jornalistas no local dos confrontos, ocorridos quando a polícia tentava dar cumprimento a um mandado de captura dos dirigentes da seita, liderada por Julino Kalupeteka.

Esta seita, não reconhecida pelo Estado angolano, advoga o fim do mundo em 2015, sendo conhecida por travar a escolarização e vacinação dos fiéis, tendo os seus seguidores mantido alguns confrontos com a polícia nos últimos meses.

Desde os confrontos na Serra Sumé, há três semanas, que surgem versões contraditórias sobre o número de mortos entre os civis, tendo a UNITA alegado, esta semana, que os levantamentos que realizou no terreno apontam para 1080 vítimas entre os fiéis.

A polícia tem vindo a negar estas versões, mantendo as 13 mortes oficiais e desafiando à apresentação de provas sobre outros números.

Abel Chivukuvuku não entrou na discussão sobre estes números, afirmando mesmo que a CASA-CE não pretende alinhar em "extremismos" ou com quem "despreza o que aconteceu".

"Porque é que fomos perder vidas de crianças, de senhoras, de adultos, de polícias? É só isso que me dói, arranjemos é maneira de resolver os nossos assuntos pela via do diálogo", rematou.