Lisboa - Um general do Burundi anunciou a destituição do Presidente, mas Pierre Nkurunziza, ausente no estrangeiro, respondeu dizendo que a tentativa de golpe “falhou”. A meio da tarde desta quarta-feira, a situação não era clara e um oficial superior disse que decorriam “negociações” entre fiéis do chefe de Estado e golpistas.

Fonte: Publico

Nkurunziza, que estava em Dar es Salaam, regressou a Bujumbura, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros tanzaniano. E o general golpista ordenou o encerramento das fronteiras e do aeroporto da capital.

Pouco antes, um militar que pediu o anonimato disse à AFP que há “negociações entre os dois campos” para encontrar “uma solução” que preserve “os interesses nacionais”. As duas partes estão “de acordo em não derramar o sangue dos burundianos”, acrescentou.

O anúncio da destituição foi feito através de rádios privadas pelo major-general Godefroid Niyombare, antigo companheiro de armas de Nkurunziza. “O Presidente Pierre Nkurunziza está destituído das suas funções, o Governo está dissolvido”, anunciou Niyombare, afastado em Fevereiro da chefia dos serviços de informações, depois de ter desaconselhado o chefe de Estado a concorrer a um terceiro mandato, o que é considerado inconstitucional pelos seus adversários políticos.

“Falhou”, reagiu pouco depois Nkurunziza, na sua conta no Twitter. O Presidente estava em Dar es Salaam, para participar numa cimeira de países da África Oriental dedicada à crise política no Burundi. Os chefes de Estado ali reunidos “condenaram o golpe”.

Depois do anúncio de Niyombare, ouviram-se tiros esporádicos no centro da capital. Soldados fiéis ao Presidente dispararam para o ar para dispersar centenas de opositores de Nkurunziza, que, segundo um jornalista da AFP, saíram à rua e se concentraram junto às instalações da radiotelevisão nacional. Militares defensores do afastamento do chefe de Estado tentaram tomar as instalações da estação, mas a guarda resistiu, segundo informações da Reuters.

“Consideramos isto uma piada, não um golpe”, disse um conselheiro do Presidente, Willy Nyamitwe, à Reuters. À AFP confirmou o levantamento de “um grupo de militares” e considerou “fantasista” a declaração de golpe. Disse também que “as pessoas que lançaram essas mensagens através das rádios privadas estão a ser procuradas para serem levadas à justiça”.

A crise política no Burundi começou a 26 de Abril, depois de Nkurunziza, Presidente desde 2005, ter anunciado a intenção concorrer nas eleições previstas para Junho. A contestação já provocou a morte de mais de duas dezenas de pessoas.