Lisboa - O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, afirmou esta semana  que a legitimidade do chefe de Estado do Burundi "não pode ser posta em causa", defendendo a manutenção das eleições naquele país, apesar da presente crise pré-eleitoral.

 

Fonte: Lusa

José Eduardo dos Santos discursava em Luanda na abertura da cimeira extraordinária dos chefes de Estado e de Governo da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), organismo presidido por Angola desde janeiro de 2014, estando o encontro a analisar a situação regional, mas não qual não participa o Presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza.

 

Sobre a situação de crise pré-eleitoral naquele país, que já levou a confrontos violentos, o Presidente angolano e líder em exercício da CIRGL disse que os presidentes desta organização condenam "energicamente" a tentativa de golpe de Estado e que saúdam "a defesa da Ordem Constitucional pelas forças leais" a Pierre Nkurunziza, "cuja legitimidade não pode ser posta em causa".

 

"É necessário que se restabeleça rapidamente o diálogo com vista a criar as condições, com o apoio da região, para que a realização das previstas eleições legislativas e presidenciais tenha lugar de forma ordeira, transparente e credível, e seja depois respeitada a vontade expressa pelos eleitores nas urnas", disse José Eduardo dos Santos.

 

O Burundi vive uma crise política iniciada pela designação do atual Presidente como candidato a um terceiro mandato a 26 de abril.

 

Os opositores consideram um terceiro mandato anticonstitucional, mas o tribunal que fiscaliza a aplicação da lei fundamental deu razão ao campo governamental. O argumento é que o primeiro mandato do Presidente, iniciado em 2005, não conta dado ele ter sido escolhido pelo parlamento e não por sufrágio direto como em 2010.

 

As eleições presidenciais no Burundi estão marcadas para 26 de junho, exatamente um mês depois de legislativas e municipais.

 

Além de Angola e do Burundi, a CIRGL integra ainda a República do Congo, Quénia, República Centro-Africana, República Democrática do Congo (RDCongo), Uganda, Ruanda, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia e Zâmbia.

 

A cimeira de hoje, que deverá produzir uma declaração final, vai analisar e deliberar sobre os relatórios das reuniões dos ministros da Defesa e das chefias militares e de serviços de informação e segurança dos países que integram a CIRGL, realizadas na última semana em Luanda, tendo os conflitos no Sudão do Sul, RCA, RDCongo e agora no Burundi em plano de destaque.