Cabinda – Era numa inusitada tarde de sol ardente no dia 01 de Dezembro de 2013 quando se anunciou a morte por doença de Maria Mambo Café. A primeira fonte de informação foi o canal principal da Rádio Nacional de Angola (RNA), através do noticiário das 13 horas, por via de uma Declaração do Bureau Político do MPLA.

Fonte: Club-k.net
A notícia apanhou de forma incrédula e incutida toda a Nação Angolana, particularmente os que conheceram e conviveram com a malograda, dirigente do partido no poder em Angola.

É desta forma que a revista “In Memoriam”, na sua edição número dois, apresentada publicamente em Cabinda, no dia 15 de Maio, começa por traçar o perfil de uma nacionalista de forte e firme convicções, nascida aos 06 de Fevereiro de 1945, na província mais ao norte de Angola.

A cidade de Cabinda parou no dia 15 de Maio. Todos os caminhos foram dar ao cine Chiloango. Familiares, amigos de longa e jovens interessados marcaram presença no acto, com destaque a Santana André Pitra "Petrof", Miguel Zau Puna, Aldina da Lomba Catembo, na qualidade de governadora de Cabinda, entre outras figuras.

Ao falar de Mambo Café, o director da revista, Luís Paulo, frisou que foi membro do Bureau Político do Mpla, partido que ajudou a crescer, ao lado dos seus companheiros de luta como José Eduardo dos Santos, Brito Sozinho, Mário Santiago, Julião Mateus Paulo "Dino Matrosse", Luzia Inglês "Inga, Roberto de Almeida, entre outros.

Cândida Café, irmã da homenageada, agradeceu a iniciativa dos promotores do evento ressaltando que todas as famílias, países e continentes têm nomes, figuras e dirigentes de muito destaque e de enorme peso, sendo Maria Mambo Café uma delas.

De igual modo, a governadora Aldina da Lomba Catembo agradeceu a iniciativa da revista “In Memoriam” em homenagear uma figura de indescritível entrega as mais nobres causas do povo angolano como é a nacionalista Maria Mambo Café.

Maria Mambo Café ganhou na educação religiosa altos padrões, dedicando-se desde tenra idade e de modo especial à defesa de justiça social em prol da dignidade do ser humano sem isenção.

Maria Mambo Café fez os estudos primários em Cabinda. É filha do pastor Evangélico Zacarias Mendes Café e de Dina Chilala Café. Fez parte do corpo coral da Missão Evangélica de Luanda, cidade onde cresceu, saída de Cabinda aos 12 anos. Passou também no ex-Liceu Salvador Correia. Formou-se em Economia na então União Soviética, em 1968.

Integrou um dos vários grupos de nacionalistas angolanos que, nos anos 1960 a 63, rumaram para o então Congo Leopoldville a fim de se integrarem na luta de libertação nacional conduzida pelo MPLA.

A nacionalista ocupou de forma marcante vários cargos e funções durante a luta de libertação, que como Secretária da OMA, no Congo Leopoldville e membro activa da JMPLA, quer como as de secretaria do Presidente Agostinho Neto e directora adjunta e professora do CIR da Zona C da III Região Político-Militar, sendo cooptada em 1971 para o Comité Director do Movimento.

Fruto do seu empenho e qualidades demonstradas, destaca-se o mandato que a Direcção lhe conferiu para integrar as delegações do MPLA, que chegou a Luanda, em 08 de Novembro de 1974 e para as negociações com a potência colonial, que culminaram com os acordos de Alvor, em Janeiro de 1975.

Com a proclamação da independência nacional, a 11 de Novembro de 1975, Maria Mambo Café foi chamada a desempenhar várias funções no Partido e no Estado, com destaque para os cargos de Secretária do Comité Central para a Política Económica e Social e as de Ministra de Estado para a Esfera Económica e Social, iniciando, assim, um percurso em que se podem destacar as suas qualidades como humanista e, sobretudo, defensora de causas justas.

Ela também teve participação activa na luta pela emancipação das mulheres angolanas e pela igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres, sendo membro activo do Comité Nacional da Organização da Mulher Angolana (OMA).

O MPLA considera que a forma amiga, afável e de elevado espírito de compromisso e lealdade com que desempenhava as suas funções, permitiram-lhe ser proposta e eleita para cargos fundamentais na hierarquia do Partido e do Estado, destacando-se a sua eleição para Deputada a Assembleia do Povo, a Assembleia Nacional em 1992 e reeleição em 2008 e para membro do Bureau Político do Comité Central do MPLA, na sequência dos II.º, III.º, IV.º, V.º e VI.º Congressos.

A sua incansável vontade de trabalhar e de servir o seu Partido e a sua Pátria levaram-na a manter-se activa, vencendo todas as dificuldades e contrariedades da vida mesmo consciente das limitações físicas e de saúde com que se deparava, nos últimos tempos.