Luanda – O continente africano é amplamente conhecido pelas suas belezas naturais, principalmente quando se refere á grandiosa vida selvagem. Porém, o que encontramos de imenso neste continente é uma enorme diversidade física e sócioeconómica, pois existe nesse espaço desde extenso vales férteis, onde a vida parece não ter fim, até desertos gigantes, como é o caso do Saara, o maior do mundo.

Fonte: Club-k.net
O contraste da pobreza e riqueza também é muito visível por toda a sua extensão continental, sendo caracterizado principalmente pelas péssimas condições de vida em muitos países.

Em consequência a esta diversidade, não é tarefa fácil dividir a África por regiões devido a sua heterogeneidade ao longo do continente. Porém, existe uma forma básica de classificação regional, que é a questão humana que se descreve na cultura e ocupação.

No quadro dos conflitos na África Central, deparamo-nos, com os que têm origem étnica como primordial, que tiveram o seu começo nas grandes navegações do século XV, em que na África havia mais de 8 mil povos, organizados em tribos e alguns em impérios.

Ao longo de cinco séculos, os europeus desarticularam essas pequenas nações tribais e organizaram territórios coloniais segundo os seus interesses. Esse fenómeno é encarado, sob a óptica do europeu, como um processo de partilha. O que ocorreu de facto foi um violento processo de unificação, pois os milhares de povos e territórios existentes foram confiados aos actuais Estados-Nações africanos, com as fronteiras impostas pelos colonos.

O desenho das fronteiras modernas da África pelos colonizadores gerou duas situações opostas: alguns povos foram divididos, passando a viver em Estados diferentes, enquanto dezenas de outros foram obrigados a viver juntos, em um mesmo Estado. Isso explica, em grande parte, os crescentes conflitos étnicos e tribais que ocorreram no continente.

Após a 2ª Guerra Mundial, quase 500 anos de expansão, o colonialismo e o imperialismo europeu entraram em crise, já que os países do continente estavam arrasados. Dentro desse contexto teve início a Guerra Fria, marcada pelas ascensão de duas superpotências antagónicas: Estados Unidos de América e ES.

Com o enfraquecimento das Metrópoles europeias, desenvolveu-se na África um nacionalismo caracterizado pelo anti-imperialismo e pela busca da soberania política e económica. Esse nacionalismo vinha a ser a base dos processos de independências do período: somente entre 1950 e 1980 surgiram novas Nações na África.

Esse facto, entretanto, não trouxe paz para o Continente, pois as fronteiras impostas pelos europeus, raramente modificadas com as independências, contribuíram para a eclosão de conflitos no continente, a maior parte deles relacionados a diferença étnica.

Com as independências, muitos dos novos Estados tentaram manter sua coesão territorial por meio da federalização, onde cada etnia pudesse estar representado no governo Central. Mas, a grande diversidade de povos e as lutas pelo poder acabaram marginalizando muitas etnias, o que originou novos conflitos.

Durante o processo de independência política das nações africanas foi criada a OUA, fundada em 1963. Os estados-membros se comprometeram com princípios como o respeito as fronteiras herdadas dos colonizadores; respeitar a soberania dos estados e não intervir nos assuntos internos dos estados-membros.

Isso, no entanto, não impediu os conflitos, dentre os quais, a Guerra de Biafra ocorrida na Nigéria como o primeiro grande conflito étnico africano do pós-colonização; Ruanda Burundi, a maioria tutsi, formados por pastores, dominava a maioria hutu de agricultores. No final da 1ª Guerra Mundial quando a região ficou sob mandato Belga, a maioria hutu passou a participar do poder.

A OUA não conseguiu manter seus princípios, sendo os dois conflitos acima apenas um exemplo pálido da dimensão dos problemas étnicos e político da África. O não pagamento das contribuições dos Estados para a organização levaram-na ao fracasso.

Diante dessa situação, em Junho de 2001 foi criada uma nova organização, a União Africana, inspirada na União Europeia. Na acta da constituição da organização foi previsto que ela poderia intervir nos estados-membros em três casos: prevenção ou pacificação de conflitos; crimes de guerra e práticas de genocídio.

Isso também não tem impedido que os conflitos étnicos e a guerra entre nações continuem a acontecer. Dentre os conflitos étnicos actuais, destaca-se o que vem ocorrendo no Sudão, na região de Darfur, que levou a divisão do país.

Outros factores agravantes para o surgimento desses conflitos na África se referem ao baixo nível sócio-económico de muitos países e á instalação de governos ditatoriais. Durante a Guerra fria, que envolveu os EUA e a US, ocorreu o financiamento de armamentos para os países africanos, fornecendo aparato técnico e financeiro para os distintos grupos de guerrilheiros, que muitas possuíam - e ainda possuem - crianças que são forçadas, através de uma manipulação ideológica, a odiarem os diferentes grupos étnicos.

Na África Central são vários os conflitos. O que é pior, muitos deles estão longe de um processo de pacificação. Alem do étnico, existe outros conflitos que resultam da disputa territorial e religioso.

RESPONSÁVEIS DOS CONFLITOS

A responsabilidade primordial dos conflitos deve-se aos próprios africanos, pelo desgoverno social, económica, pela corrupção pela criminalidade financeira, pela sede do poder, pela má organização das eleições e pelo facto de colocar na base das decisões a etnia e a religião.

Mas não é exclusiva dos africanos dos Grandes Lagos. A Comunidade Internacional também tem culpa, pelo menos, devido á indiferença manifestada em relação aos conflitos. Apenas um exemplo, o do Ruanda. Em 1993, entre a OUA e a ONU, foi firmado um acordo de paz que estabeleceu, como havia acontecido com os acordos de Lusaca, um catálogo de boas intenções.

Acontece que o Conselho da Segurança da ONU levou exactamente oito semanas a votar a resolução que criava a AMMNUA, a missão militar que deveria apoiar e manter a paz. Depois foram necessárias mais oitos semanas até que o primeiro soldado da ONU pusesse o pé no território. O que fez com que aqueles que não desejavam a paz tivessem tido tempo para destruir tudo aquilo que não queriam.

SOLUÇÃO PARA FIM DOS CONFLITOS NA ÁFRICA CENTRAL

Quanto aos conflitos internos, é preciso haver respeito pelo outro, uma correcta distribuição das riquezas, é preciso atacar na raiz a corrupção e os crimes financeiros, melhorar as condições de vida das populações e sobretudo dar ás pessoas liberdade da opção política.

Em relação aos conflitos entre Estados, a solução é certamente a integração regional. Nalguns casos, conforme se viu, a panaceia descentralização, que nalgumas zonas toma o nome de regionalização. Por isso, é preciso responsabilizar os cidadãos até aos extractos mais baixos para os comprometer na gestão política da sua vida, da sua província, da sua região, do seu país.

A integração regional era uma preocupação dos estados que em 1963 criaram a CEDEGL (Comunidade Económica dos Estados dos Grandes Lagos). Refira se, ainda, o problema da desmobilização dos combatentes e da sua reintegração. Eles não inspiram confiança, porque, longe das armas, tornam-se criminosos e criam insegurança.

As crianças soldados é preciso reintegrá-las nas famílias, se as tivessem, e levá-las a frequentar uma escolarização especializada. Os africanos têm capacidade de pôr fim aos seus conflitos sem a intervenção externa, porque a África é, por tradição um continente de medição: quando uma pessoa tem problemas com o lar, são as famílias que intervêm para os apaziguar; quando um jovem faz uma asneira, procura a mediação dos anciãos para que eles falem com os pais.

É assim os conflitos nos Grandes Lagos e outros países do Continente. Espero pertinentes comentários quanto a vossa compreensão.