Luanda - Partindo da definição de que Filosofia é a ciência inconformada, que busca sempre os porquês das coisas, o mais natural é que se descreva essa figura jovem, que considera Jornalismo como o ver além do que vê, como filósofo dessa dinâmica e apaixonante ciência. Falamos do corresponde da Voz da América, em Angola, Coque Mukuta, quem ocupa o Referência dessa edição.

Fonte: O Crime 

“O mais excitante e interessante é descobrir o que há por detrás das corridas contra as zungueiras “eu acredito que ninguém sai da sua casa com vontade de ser agredida”

Como que sentindo-se injustiçado pelo facto de não ter o nome do pai (Chico Mukuta) em seu nome de registo, que é Coque Francisco Manuel, decidiu acrescentar o nome Mukuta (no final, conseguido, para efeito, que fosse mais conhecido por Coque Mukuta. Nasceu na província de Malange, a 8 de Junho de 1984, onde frequentou o I Ciclo doEnsino Primário e enquanto mais novo na sua terra natal dedicou-se na venda de petróleo iluminante e cigarros.

Devido o conflito armado, veio para Luanda em finais de 1999 e concluiu o II Ciclo do Secundário na escola AngolCuba. O Instituto Médio de Gestão do Kicolo o recebeu na altura do ensino médio, concluindo em 2005 o curso de Gestão Empresarial. Mukuta lembra também que já em Luanda teve como o seu primeiro ganha-pão a comercialização de roupas no mercado do Asa Branca.

Completou o curso superior de Gestão e Administração Pública na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto.

Enquanto frequentava o ensino médio, decidiu fazer o curso de Jornalismo no Centro de Formação de Jornalistas(CEFOJOR) e começou logo a colaborar com alguns órgãos radiofónicos. Em 2007 entrou para a Rádio Despertar, vendo ainda este órgão privado a dar os primeiros passos, onde dirigia debates a volta de temas sociais e políticos, fez reportagens e daí não parou mais nesta vida jornalística. A fonte revela que a Reportagem é o género jornalístico que acha mais apaixonante, sendo que até agora a faz, embora mais virada para investigação, isso já na Voz da América desde o início de 2012.

Considerando o Jornalismo como ciência da descoberta, explica que, aquando de um facto jornalístico, principalmente através do “modus operandi” da Voz da América, não se cinge apenas na denúncia, que procura insistir ouvir a outra parte e navegar no que há por detrás de cada facto, corre sempre trás dos porquês.

Coque Mukuta é um dos jornalistas que acompanhou as primeiras manifestações realizadas pelos jovens activistas e algumas realizadas pelos partidos da oposição, que culminou com a coedição de um livro, intitulado “Os meandros das manifestações em Angola”, envolvendo-se, desta forma, à história de Cassule, sendo que muitas vezes o entrevistou antes de seu rapto e posteriormente sua morte. Foi desta forma que, com muita dificuldade, contribuiu para que se descobrisse os responsáveis pelo mediático caso do assassinato de Cassule e Camulingue.

Embora tendo colocado muito trabalho, esforço e criação de factos para que a sociedade despertasse ao assassinato bárbaro daqueles patriotas, o interlocutor afirma que o mais excitante e interessante é descobrir o que há por detrás das corridas contra as zungueiras “eu acredito que ninguém sai da sua casa com vontade de ser agredida. Então é necessário descobrir porquê a Polícia maltrata aquelas pobres mulheres…”, comoveu-se.

No âmbito do espírito da inovação, dentre os feitos que muito desejou foi a gestão do site Angola 24 horas, que estava sob a sua gerência, que é um portal noticioso de caris geral de interesse público, como outros. Considera que a sua gerência não é difícil sob justificação de que “quando se faz algo por amor, as dificuldades nos são indiferentes”.

Definindo o jornalista como aquele que investiga, que não se pauta no superficial, pois muitos fazem isto, e que depois informa ao público, nega redondamente que seja activista, tal como muitos o confundem.

Faz parte da elite criadora de uma recente iniciativa, Centro de Integridade Pública, projecto cuja perspectiva é de muito sucesso, é uma organização independente formada por profissionais de Comunicação que coopera com órgãos de Comunicação Social, ou seja, pode-se dizer que está a se tratar de uma embrionária agência de notícias, embora ainda muito longe da sua materialização. A criação de vários departamentos é um dos mais variados planos.

Coque Mukuta, a porta de apagar 31 velinhas (a 8 de Junho), diz que o mais importante enquanto seres viventes é necessário que encaremos a vida com respeito e dignidade. Que os seres humanos pautem pela solidariedade e amor ao próximo, principalmente pelas que sofrem porque, a seu ver, são as que mais ajudam nos momentos difíceis e se compadecem com as dores alheias.

Tem preferência em cobrir factos sociais que envolvem histórias de vida real “é o amor que tenho pelas pessoas que me faz, muitas vezes, abandonar a gravata e deixar de ir à cidade para assistir a um discurso do presidente, que foi feito num escritório, com tantas mentes pensantes, e de calção e chinelos vou assistir o martírio diário da zungueira, isso sim é uma história real que deve prender o interesse público”, contou. Aquele jovem com grandes desejos, faz-se sempre acompanhar da frase “TUNGA NE PALA UGIA KIFA KIE” na língua nacional Kimbundo, significando em português “conviva com ele para conheceres os hábitos dele”.