11/2/1977 A 11/ 02/2009- 32 ANOS SÃO PASSADOS – CIENTIFICAMENTE  A HISTORIA É A NARRAÇÃO DOS FACTOS CONCRETOS DO PASSADO AS NOVAS GERAÇÕES .-EIS AQUI 32 ANOS DEPOIS...! REFLICTAMOS CAROS MILITANTES COM SERIEDADE, FERVOR REVOLUCIONÁRIO E ESPÍRITO PATRIÓTICO…!

   … Apesar de todo este sórdido e nauseante maquiavelismo, apesar de toda esta montagem e campanha contra-revolucionária, apesar de todo este Carnaval monopolista reaccionário por excelência, tudo fiz para depor perante a Comissão de Inquérito.

       Assim, por mais do que uma vez contactei quer colectiva quer individualmente com cada um de grande parte dos membros da Comissão no sentido de se imprimir um último mais dinâmico no andamento dos trabalhos. Em nota do camarada José Eduardo, presidente da Comissão, feita em Dezembro do passado ano, fui respondido que seria ouvido nos primeiros dias deste ano (Janeiro). Junto do camarada Presidente Neto e por mais do que uma vez expus a minha preocupação pela morosidade senão mesmo o abandono da questão pela Comissão e encetei diligências no sentido de que a decisão do Comité Central tinha de ser cumprida o mais prontamente possível e dentro do espaço de tempo que tinha sido marcado: dois meses. Isto é a partir de oito de Novembro do passado ano até oito de Janeiro do ano em curso.

      Ora, são decorridos mais de trinta dias ou seja mais de um mês sobre o tempo fixado ou seja mais de 50% do tempo distribuído à comissão e nunca fui ouvido sequer uma única vez!!... Não interessa já agora investigar as causas objectivas que geraram uma tal situação de indisciplina por parte da Comissão ante uma importante decisão do Comité Central. Mas desde já, não se pode alegar falta de tempo ou excesso de outros serviços governamentais, partidários ou outros como será o argumento de base. É antes de mais, em termos de responsabilidade e seriedade que a questão deve ser posta.

 Que fazer

Diante de uma tal conjuntura, tendo em causa a gravidade das campanhas e conluios contra mim, dum lado; tendo em conta a negligência e irresponsabilidade da Comissão do outro lado; tendo em conta que, do que depende de mim tudo fiz democrática e disciplinadamente para que a Comissão marchasse e consciente de ter esgotado todas as vias e instâncias necessárias dentro dos limites formais de disciplina interna, ainda por outro lado, e r-conhecendo profundamente que ninguém lutará por mim se eu próprio não for capaz de energia suficiente para lutar pela razão científica que me assiste (no mundo é pouco ter razão, disse-me um dia um velho militante comunista), resolvi actuar dentro dos limites e critérios que suponhonormaisda nossa de mocracia interna, entendo-a revolucionariamente, a fim de destroçar corajosamente as algemas duma"estranha disciplina" que me quer fazer escravo e vítima a um mesmo tempo.

Assim resolvi endereçar a seguinte carta à Comissão de Inquérito:

Camarada Presidente da Comissão de Inquérito:

José Eduardo dos Santos

As minhas saudações revolucionárias.

Terminou, no passado dia oito de Janeiro, o prazo para a conclusão final dos trabalhos da Comissão. E sobre o prazo em questão cresceu um castelo adicional dentro do gráfico global dos dois meses, que corresponde a um período superior a trinta dias, ou seja mais de um mês e, expressando-o no rigor da linguagem matemática, equivale a mais de 50% em relação ao tempo único que foi fixado à Comissão pelo Camarada Presidente do MPLA e da República Popular de Angola, Dr. António Agostinho Neto. E tudo isto apesar das minhas instâncias no sentido da maior colaboração possível.

Em função deste revoltante quadro da situação, assiste-me o direito democrático e revolucionário de convocar a Comissão para a segunda e última reunião, a meu pedido, a fim de, legal e disciplinadamente fazer a entrega dum importante documento. Este documento deverá ser policopiado (em versão integral, rigorosamente) e ser distribuído como se segue:

Ao Camarada presidente
A cada membro do Comité Central
A cada uma das Comissões Directivas Provinciais
Ao Comité Central da JMPLA
Ao Secretariado Nacional da UNTA

Proponho esta distribuição interna do referido documento, posto que a qualquer daquelas instituições e organismos de massas do nosso Movimento, foi dado directa ou indirectamente versão oficial do espantalho do" facciosismo" de que sou acusado.

Num espaço de quinze dias, caso o referido documento não chegue a cada um dos destinatários, do ponto de vista revolucionário, e de acordo com a minha intransigência em dar combate à injustiça e a manobras do interior do Movimento e a burocracia interna, encarregar-me-ei eu próprio de fazer a distribuição que peço.

Pela Disciplina interna, única, igual e obrigatória para todos
Pela Democracia Interna
Pela Direcção Colectiva
Pelo Centralismo Democrático
ALVES BERNARDO BAPTISTA
Membro do Comité Central Luanda, 11 de Fevereiro de 1977

Esta é a transcrição fiel da carta que enderecei ao Presidente da Comissão de Inquérito.
  

"É pouco ter razão neste mundo da luta política, filosófica e ideológica, é preciso lutar tenazmente por ela", eis a lição que me foi cientificamente ministrada por um velho militante comunista! E eu sigo este sábio e militante conselho!

O meu objectivo é pois denunciar, desmascarar e combater energicamente a natureza reaccionária de aliança da direita e dos maoístas, no seio do MPLA, uma aliança que representa uma séria e uma das únicas verdadeiras ameaças ao desenvolvimento do nosso processo revolucionário e um óptimo serviço às forças do imperialismo mundial….

Fonte: Club-k.net