O filho de Holden Roberto, Carlitos Roberto, diz que o Estado angolano, através do Governo, deve analisarprofundamente a situação dos filhos dos líderes dos movimentos de libertação de Angola. “Os nossos pais contribuíram, de maneira valiosa, para que Angola fosse hoje independente e um país soberano”, observou, salientando que enquanto ele teve a oportunidade de ser eleito como deputado da FNLA no círculo provincial do Zaire, “os outros sete irmãos lutam para sobreviver”.

Para o jovem deputado, “o partido não tem condições materiais para ajudar outros membros da família”, mas adiantou que “essa tarefa é da responsabilidade do Governo”. Por seu lado, o secretário-geral da UNITA, Abílio Camalata Numa”, que esteve no último dia de combate com Jonas Savimbi, diz que “as famílias do falecido estão bem, mas lutam como todos os angolanos nas grandes dificuldades”. “Infelizmente, a única riqueza que o Savimbi deixou foi a formação dos seus filhos. Quando morreu não deixou um único alfinete”, confirmou, salientando que “ele liderou
um partido que tinha muito dinheiro, mas não utilizou esses fundos para o seu bem”.“Ninguém na UNITA pode afirmar que Jonas Savimbi deixou uma conta bancária”, disse, afirmando que “os filhos deste patriota atravessam momentos dramáticos”. “Apesar de ter gerido anualmente perto 100 milhões de dólares, nos últimos tempos, Savimbi não deixou nada para os seus filhos”, referiu.

Mortes na pobreza

Os três líderes dos movimentos de libertação de Angola – FNLA, MPLA e UNITA – terão, segundo vários relatos, morrido numa situação de grande pobreza. Numa das entrevistas que concedeu à Rádio Ecclésia, o ex-deputado da bancada parlamentar do MPLA, Mendes de Carvalho, que conhecia bem Agostinho Neto, frisou que “quando ele morreu, a 10 de Setembro de 1979, em Moscovo, a sua conta bancária tinha somente um crédito de 200 kwanzas”.

Uanhenga Xitu referiu ainda, na altura, que Neto morreu “paupérrimo”, tendo chegado a confidenciar-lhe o que devia fazer para ajudar a sua família, em caso de miséria e abandono. “Que vendam as medalhas que têm sido oferecidas ao camarada Presidente, vendam tudo isto, que dá para sobreviver alguns anos”, disse Neto a Mendes de Carvalho.
Uma outra fonte próxima da família disse que até à altura da sua morte, Neto não podia ter mesmo nada, porque nesta fase (1975 a 79) falar de propriedade privada era um “pecado original”. “A única riqueza que o Neto deixou
são os filhos, poesia e unidade nacional que conseguiu congregar os angolanos de Cabinda ao Cunene”, apontou.
O NJ sabe que o Governo angolano tem prestado atenção especial à família de Neto.

*David Filipe
Fonte: Novo Jornal