Luanda - A CASA­-CE realizou no dia 10 e 11 de Julho de 2015 um Conclave, bem concorrido, no Hotel Pirâmide, na baixa da cidade de Luanda, no Largo de Baleizão, na entrada da Ilha do Cabo, próximo de onde a Rainha Nzinga Mbandi, em 1621, negociou um Acordo da Paz com Governador Português, Luís Martins de Sousa Chichorro.

 

Fonte: Club-k.net

Nessa negociação da paz, a Soberana Nzinga Mbandi sentou­se em cima das costas da sua segurança pessoal feminina, que ela mandou ajoelhar­se, numa postura de dignidade e de imponência do poder soberano. Este acto de soberania, de servir­se de sua escolta de assento, ela demonstrava inequivocamente a auto­estima, o orgulho patriótico do povo que ela representava e a igualdade absoluta entre o Reino Português e o Reino do Ndongo e da Matamba.

 

Este Conclave da CASA­-CE, de dimensão profunda, no ponto de vista estratégico, reuniu todos os secretários executivos provinciais e o núcleo dirigente da organização, num espirito profundo patriótico de servir Angola e os angolanos, com um grau mais elevado de entrega à pátria e de honestidade na gestão da coisa pública.

 

Desde a fundação da CASA-­CE, em Abril de 2012, este Conclave afirmou­se inequivocamente como sendo o ponto de viragem, em termos da qualidade das decisões tomadas; do plano estratégico da transformação em partido politico; da visão politica interna e externa; da avaliação da conjuntura angolana; da harmonização interna; da gestão administrativa e financeira; da capacitação, vitalização e prestação dos quadros; da conquista de votos; da definição do programa estratégico; e sobretudo, da funcionalidade dos órgãos e das estruturas intermédias e de base. Enquadrado no programa estratégico aprovado no Congresso Extraordinário de Abril de 2014, que preconizava a implantação, a afirmação e a consolidação dos órgãos e das estruturas da CASA­-CE.

 

O Líder da CASA­-CE, Abel Epalanga Chivukuvuku, neste Conclave de afirmação e de viragem, destacou­se como o pivô da organização, cuja visão e influência tornou­se um factor evidente na arena política angolana, como instrumento preponderante de luta democrática para a mudança profunda, efectiva, responsável e sustentável da sociedade angolana, sob o jugo do poder unipessoal centralizador, de índole autoritário e neocolonial.

 

Pois, o colonialismo não significa apenas o domínio económico, social e politico exercido por um país estrangeiro; mas sim, é uma opressão e exploração de um Povo e de uma Nação por um poder externo ou interno. O colonialismo está intrinsecamente ligado à escravatura e à barbaridade, que se consubstanciam no terrorismo do Estado. O terrorismo do Estado, por sua vez, é uma manifestação ilícita, em que o Estado fomenta os actos de barbaridade e de violência gratuita; desrespeitando a vida humana; furtando­ se da responsabilidade civil individual e colectiva pelos garfes e pelos crimes cometidos. Agindo, nessas circunstâncias, de má­fé – em plena impunidade.

 

O genocídio do Monte Sumi, por exemplo, enquadra­se justamente no terrorismo do Estado, exercido sobre as populações rurais, do grupo étnico umbundo, indefesas e inocentes, sem qualquer tipo de ameaça contra a integridade física ou moral do Estado Angolano. Interessa realçar o facto de que, além de perseguição continua, que prevalece até hoje, a Igreja do 7o Dia – Luz do Mundo, do Pastor Julino Kalupeteka, e outras denominações cristãs evangélicas e protestantes, estão sendo politizadas e partidarizadas, numa estrutura fictícia, financiada e controlada pelos ideólogos do MPLA.

 

Na alocução de abertura do Conclave da CASA­-CE, na baixa de Luanda, o Presidente Chivukuvuku ilustrou, de modo sucinto, a natureza real do Regime Angolano, consubstanciada num verdadeiro delírio do poder, que se manifesta no ódio visceral, na vingança, no revanchismo, na manipulação dos factos, no tráfico de influência, na corrupção e no nepotismo. Transformando­se na cultura de violência gratuita, inventando ciclicamente Golpes de Estado, como bode expiatório, para apenas justificar actos de barbaridade e de genocídio.

 

O Conclave da CASA­-CE, no Hotel Pirâmide, aprofundou o debate contraditório, de brainstorming, como método de trabalho, no espirito de abertura e de franqueza, obedecendo rigorosamente ao princípio de crítica construtiva e de autocritica, assente nos princípios e nos valores democráticos. Sendo esta, a forma mais justa e eficaz de fortalecer a unidade e a coesão interna da organização, no sentido de dinamizar e intensificar a luta democrática pela igualdade social e pela despartidarização dos órgãos de soberania e das instituições do Estado Angolano.

 

A democracia participativa, de baixo para cima da pirâmide, é um fenómeno rarefeito nos partidos históricos e tradicionais, com dificuldades enormes de adaptar­se à realidade contemporânea, em que as formações políticas submetem­se à vontade soberana do povo e das estruturas de base. A tolerância, o diálogo exaustivo e o consenso se manifestaram de modo extraordinário, como essência da doutrina da CASA­-CE, dinamizada e impulsionada pelo seu líder, Abel Epalanga Chivukuvuku.

 

A este respeito, o Presidente da CASA­-CE não somente defende a democracia interna partidária com convicção e firmeza, mas sim, vive­a no seu íntimo e pratica­a com rigor e determinação, sem reserva e sem resignação. Alias, estes factores, da defesa da democracia real, genuína e profunda no seio do partido, estiveram na origem da ruptura com o «status quo antes», para uma reflexão profunda que vinha dinamizar a fundação da CASA­-CE, que se implantou em todo país, afirmando­se nas comunidades locais, ampliando o seu espaço social e projectando sua imagem ao Mundo, como força politica patriótica, democrática, legitima, moderna e moderada.

 

Na persecução e no aprofundamento da democracia interna partidária o Conclave da CASA­-CE realçou a presença de pilares de pensamentos no seio da organização, que se afirmam como polos de reflexão, capazes de difundir as ideias, aglutiná­las, sintetizá-­las e dinamizá­l-as, no sentido de salvaguardar a diversidade de opinião, a inovação, o dinamismo e a alternância regular e estável da liderança do partido.

 

O dogmatismo resulta­se do pensamento monolítico, que se transforma num tabu ou num mistério, cuja verdade é dogmática, em que a razão humana é incapaz de compreendê­lo. Tornando­-se, deste modo, numa doutrina estática, inalterável, imóvel e irrefutável; aceite sem apreciação e sem crítica. O dogmatismo, na sua reflexão partidária, nutre o culto de personalidade, o delírio do poder, a corrupção, a cleptocracia e o autoritarismo, que se desembocam na longevidade do poder, assegurada pelos métodos ilícitos, repressivos, bárbaros e antidemocráticos.

 

Assim que, a maior parte dos partidos políticos africanos não abraçam o conceito de ampliar e aprofundar a democracia interna partidária, com mandatos limitados dos líderes, de modo a impedir a eternização do poder e garantir processos justos, transparentes e credíveis de transição e de alternância democrática de liderança partidária e do poder soberano. A questão reside no facto de que, se um líder tem apego excessivo ao poder partidário, será que deixará de tê­lo quando estiver no Governo, com todos poderes soberanos e com acesso pleno à riqueza do País?

 

Na verdade, os partidos políticos, na época contemporânea, são instrumentos mais potentes para a conquista do poder, para a manutenção do poder politico e para a sustentação das ditaduras. Por isso, torna­se imperativo estabelecer a democracia institucional efectiva no seio dos partidos políticos, a fim de regular rigorosamente o acesso, o exercício e a manutenção do poder soberano.

 

Logo, o Conceito da eternização do poder soberano funda­se na ilegalidade constitucional e do direito internacional; enfraquece as instituições do Estado, que são incorporadas na figura de uma pessoa, exposta ao descredito e à ilegitimidade, que obriga a sociedade a fazer recurso aos mecanismos alternativos de resistência; com fim de salvaguardar a cidadania e defender eficazmente a liberdade, a igualdade e a justiça social. Esta forma de resistência contra a ditadura, é global e é geralmente abraçada pelas novas gerações que não identificam­se com a ordem política contemporânea, cujas instituições são caducas, desajustadas às exigências estruturais e conjunturais, veiculadas pelos factores da globalização.

 

A ditadura, na sua caracterização politica, é um fenómeno mundial, cuja manifestação é análoga, e apoia­se nas mesmas técnicas e nos mesmos mecanismos de repressão e de subjugação. Por isso, os métodos de combatê­la são igualmente universais e estão à disposição de toda gente, adaptáveis às condições reais de cada país. Ali estará o mérito da globalização do Mundo, que oferece um espaço amplo de entrosamento global, de intercâmbio de informação e da solidariedade humana. Uma sociedade incapaz de proceder às reformas profundas do seu sistema, torna­se um espaço fértil de resistência popular.

 

Na linha deste pensamento, o «Conceito Democrático» da CASA­-CE, impulsionado pelo seu Presidente, está intrinsecamente ligado a tese defendida pelo Abel Chivukuvuku, de «sonhar alto», como atributo humano. O «bem­estar social» é o sonho de cada ser humano. Porém, este sonho só torna­se uma realidade efectiva se estiver assumido integralmente pelos governantes, pelas elites e pelas instituições públicas e privadas, como objectivo primordial do Estado.

 

A República Federal de Alemanha, que tivera um percurso dramático da sua História recente, marcada negativamente pelo holocausto da 2a Guerra­mundial, apesar disso, tornou­se hoje, o maior paraíso do Mundo, com um padrão de vida mais alto, com plena estabilidade, assente nas instituições democráticas. Olhando para a Historia da Humanidade, de modo retrospectivo, o povo alemão sempre sonhou alto, na persecução de viver bem e de ser o melhor. É um povo patriota, douto, abnegado, organizado, estruturado, disciplinado, solidário, perseverante e coerente nas suas convicções e nos seus desideratos.

 

O Abel Chivukuvuku, na sua reflexão continua, sempre insta a Juventude, com persistência, no sentido de sonhar alto, evitando o pessimismo e o conformismo, subindo para os patamares mais altos, apostando na educação e na formação, melhorando o nível de vida e combatendo firmemente as causas do obscurantismo, da exclusão social, da corrupção, da pobreza e do atraso. Esta visão, da justiça social, defendida pela CASA-­CE, representa uma «antítese» da política actual do MPLA, que defende a lógica segundo a qual:

Os ricos devem tornar­se mais ricos, e os pobres devem manter­se mais pobre, conformando­se com o estado da pobreza em que se encontram.

 

Traduzido das afirmações do Presidente José Eduardo do Santos, segundo as quais:

«A pobreza sempre existiu desde do tempo colonial. Por isso, não vai acabar hoje». A democracia não enche a barriga.

Em jeito de conclusão, a questão crucial de Angola, nesta altura, é a exclusão mútua entre os partidos históricos tradicionais, que se anulam reciprocamente, tornando­se inimigos eternos e irreconciliáveis. Este clima antagónico é nutrido pelos passivos do passado, que lhes divide literalmente e inibe o espirito patriótico da reconciliação genuína e efectiva, capaz de unir a família angolana e colocar a Pátria acima das querelas partidárias. Endurecendo, em contraste, o autoritarismo e fomentando ciclicamente massacres e genocídios, sob pretexto de Golpes de Estado.

 

Ali estará o mérito da CASA­-CE que congrega no seu seio todas as matrizes da paisagem política angolana, com uma abertura política total, reconhecendo o mérito dos três Movimentos de Libertação Nacional, como alicerces mais sólidos do nacionalismo angolano. A CASA­-CE, como organização emergente, no ponto de vista conceptual, é uma força política democrática, moderna, moderada e realista, com uma cultura política tolerante e inclusiva, do centro­esquerda, com capacidade de acomodar todas as correntes patrióticas, quer da esquerda, quer da direita, independentemente da sua matriz partidária. Ela não se identifica com o fundamentalismo politica, que reclama ser o único representante do povo, ou ser o único responsável pela mudança em Angola.

 

Por isso, o 2017 é um marco estratégico para o povo angolano no sentido de efectuar uma mudança com capacidade de reconciliar todas correntes políticas do país, e não apostar­se na mudança que apenas substitui uma ditadura por uma outra ditadura, que se anulam reciprocamente.

 

Todavia, Angola possui recursos imensos e capacidades humanas para se transformar num grande paraíso da Africa, com um padrão de vida mais alto do que dos Países Ocidentais (como Alemanha), em que cada família angolana poderá ter uma vida risonha, estável, próspera e confortável. Só dependerá do Povo Angolano, agir com consciência, com sapiência, com coragem e com determinação.