Luanda - O ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, rejeitou ontem que activistas detidos nos últimos meses em Angola sejam presos políticos, considerando que o Estado não aceitará quem procurar "alterar a ordem constitucional".

Fonte: Lusa

"Acho que não são (presos políticos)", disse o governante à agência Lusa em Díli, à margem da XX reunião do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Chikoti falava à agência numa altura em que decorre uma campanha internacional apoiada por várias individualidades, que denunciam o que dizem ser "prisões arbitrárias e perseguições políticas" em Angola.

Em causa estão as detenções dos activistas Marcos Mavungo, em Março, em Cabinda, e de Mário Faustino, em Maio, em Luanda, na sequência da convocação de manifestações de protesto contra a violação dos direitos humanos e contra o Governo.

A situação, apontam os autores deste protesto, agravou-se a partir de 20 de Junho passado, com a prisão preventiva de 15 jovens activistas, suspeitos de estarem a preparar em Luanda um atentado contra o Presidente José Eduardo dos Santos e outros membros dos órgãos de soberania, num alegado golpe de Estado, informou na ocasião, a Procuradoria Geral da República (PGR).

"Essas pessoas não demonstraram necessariamente um valor político essencial para Angola. Antes pelo contrário, orientaram-se para uma via completamente inaceitável. Angola é um pais democrático, tem partidos políticos que participam no parlamento. O que não se pode aceitar é quando as pessoas querem utilizar a violência como via de atingir ou alcançar o poder político", afirmou hoje Georges Chikoti.

O chefe da diplomacia disse não estar preocupado com a campanha internacional que já conta com o apoio de individualidades como os escritores José Eduardo Agualusa e Ondjaki, artistas como Kiluanji Kia Henda e Nástio Mosquito, o gestor Cláudio Silva, músicos como Paulo Flores, Pedro Coquenão e Aline Frazão, entre muitos outros.

O governante disse não estar preocupado com esta questão, já que o processo está a ser seguido por via judicial e é a justiça que tem de decidir sobre esta matéria

Um grupo de activistas agendou para 29 de Julho, em Luanda, uma "manifestação pacífica" para denunciar o que definem como "prisões arbitrárias e perseguições políticas" no país, exigindo a libertação dos vários detidos nas últimas semanas.

Na carta de convocação deste protesto, entregue no Governo Provincial de Luanda, como decorre da lei, os promotores da manifestação denunciam a "injustiça e as arbitrariedades cometidas pelo Governo" e exigem "a libertação incondicional dos mesmos presos políticos".