Menongue – A estátua do rei Tchinhama Mwene Vunongue, símbolo histórico e cultural do povo Nganguela, que viveu de 1800 a 1886, em homenagem ao seu contributo na luta contra os colonizadores portugueses e alemãs, foi inaugurada na última terça-feira, em cerimónia presidida pela ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva.

Fonte: Angop
Na ocasião, a ministra e o governador do Cuando Cubango, Higino Carneiro, procederam, em simultâneo, ao descerramento da placa e do busto, sendo que o monumento tem a estátua que pesa 3,5 toneladas e mede 6,3 metros de altura e está situada na rotunda com nome do rei, como forma de homenagear esta figura histórica do povo nganguela, que lutou contra os invasores colonialistas.

A cerimónia contou com a presença dos soberanos do Bailundo, Moxico, Lunda-Sul, Cuando Cubango, Alto Zambeze, representante do soberano da Huíla, representantes do MPLA, UNITA, Coligação CASA-CE, de entidades religiosas, magistrados do Ministério Público, vice-governadores locais, entre outros convidados.

Rosa Cruz e Silva disse que o acto constitui o cumprimento do programa inscrito no projecto de iniciativa presidencial, para a valorização e divulgação das figuras históricas. “Estamos a falar do soberano do Cuando Cubango, Mwene Vunongue, que corresponde com a chefia das comunidades nganguelas e das demais linhagens a ele ligada nesta região”, referiu.

Segundo a governante, a acção deste rei na organização dos espaços políticos sob sua jurisdição mereceu destaque não só pelos feitos de ordem política, económica, ao tempo das caravanas das borrachas, que chegou a liderar, mas sobretudo nas lides militares pelos feitos na defesa dos territórios durante os vários confrontos com chefias militares portuguesas, alemãs e outras que se abateram nesta região.

Rosa Cruz e Silva felicitou o governo do Cuando Cubango por ter aceite o desafio em participar nas equipas de pesquisas encarregues da reconstituição da imagem do soberano.

Os técnicos da província, ressaltou, incluindo as autoridades tradicionais locais, trabalharam numa estreita parceria com a comissão multissectorial para o estudo das figuras históricas que trataram da identificação da constituição física, tendo resultado na imagem da figura que hoje se homenageia.

“Trata-se de uma contribuição na recuperação da memória dos chefes e dos protagonistas que no seu contexto fizeram páginas douradas de factos e acontecimentos que ficaram indelevelmente marcados e estão marcados nos anais da história de Angola”, ressaltou.

A cerimónia foi brindada com momentos culturais, com a exibição de palhaços da tradição local, como forma de homenagear a figura de rei Mwene Vunongue, descendente de uma linhagem de sobados e soberanos.

Mais estátuas de soberanos no país

Durante o acto, Rosa Cruz e Silva assegurou a edificação de novas estátuas de soberanos dos reinos do Congo, Kwanhama, Cassange, entre outros, em função do trabalho da comissão interministerial, criada para a valorização e divulgação das figuras históricas.

Segundo a ministra, a prioridade será para os soberanos e outras figuras história de Angola que se destacaram em vários domínios, como embaixadores desde o século XV, religiosos como Kimpa Vita, escritores, jornalistas, administrativos, entre outros.

Afirmou que, com a inauguração da estátua de Mwene Vunongue, se cumpriu com o verdadeiro espírito o de missão e com os objectivos previstos nas orientações emanadas pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, para o projecto de valorização e divulgação das figuras históricas angolanas.

“Cumpre-nos prosseguir na produção deste material de marketing para o conhecimento destas figuras, na edificação das estátuas cujos estudos terminaram, tais como Zinga Mkuvu, Venda Zinga, Vita Kanga, Ngola Kiluanje, Muata Yavu, Muatchissingue Watembo, Rainha Nhakatolo, Huambo Kalunga, Mwene Bingo Bingo, entre outros”, referiu.

A ministra avançou ainda que os laços de união dos soberanos do país devem ser destacados para que as novas gerações tenham contacto com as acções e feitos dos povos de Angola

Soberanos devem trabalhar juntos para uma Angola melhor

Por seu turno, o governador do Cuando Cubango, Higino Carneiro, justificou que a presença de alguns soberanos do país, na cerimónia da inauguração da estátua do rei Mwene Vunongue, visa permitir a troca de experiência e trabalharem em conjunto para se ter uma Angola cada vez melhor.

Ao intervir no acto de inauguração da estátua, o general Higino Carneiro disse que o governo do Cuando Cubango quis assim a presença de outros soberanos de Angola para permitir que se conheçam e trabalhem em harmonia na defesa do país e dos angolanos.

Sublinhou que a cerimónia constitui um momento especial e muito esperado pela população da região sudeste do país, porquanto o homenageado se destacou na luta contra a colonização portuguesa, inglesa e alemã.

A estátua, referiu o governante, resulta de uma decisão há muito tomada, tendo a primeira sido da construção do túmulo do soberano Dala Tchinhama, conhecido como Rei Mwene Vunongue IV.

“Este é o resultado do cumprimento das orientações do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que culminaram com a criação da comissão interministerial, coordenada pela ministra Rosa Cruz e Silva, cuja finalidade é realizar pesquisas, com vista a valorizar e a divulgar figuras históricas do nosso país”, destacou.

O governador realçou que esta homenagem é o corolário de muitas pesquisas. Com este gesto, acrescentou, pretende-se valorizar e divulgar os feitos do soberano, que muitos, desde crianças, ouviam simplesmente falar mas que hoje podem ver a sua imagem. Explicou que não se pretende apenas destacar a sua importância pelas suas origens, mas pelos feitos relevantes praticados em prol da defesa do seu povo.

Autoridades tradicionais enaltecem valorização de figuras históricas

As autoridades tradicionais das províncias da Lunda-sul, Moxico, Cuando Cubango e Huambo, reunidas em Menongue a propósito da inauguração da estátua do rei de Menongue Mwene Vunongue, enalteceram o empenho do Executivo na valorização das figuras históricas do país.

Ao intervirem no encontro de cortesia com a ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, os reis e rainhas convidados para a cerimónia afirmaram que o monumento construído em memória ao homólogo de Menongue, falecido em 1886, representa o empenho do Executivo na contínua divulgação e eternização daqueles que deram o melhor de si para a liberdade dos angolanos.

O rei Ekuikui V do Bailundo (província do Huambo) elogiou a iniciativa do governo do Cuando Cubango em unir, num único espaço, soberanos de diferentes regiões do país e afirmou que apesar da diversidade étnica e linguística é notória a unidade proporcionada pela similaridade cultural.

Já a rainha Nhakatolo, do Moxico, saudou a iniciativa e prometeu, mesmo sem avançar prazos, convidar as demais autoridades tradicionais para a sua região, de forma a permitir a troca de experiência cultural e uma maior interacção entre as autoridades tradicionais das diferentes regiões do país.

Por sua vez, o rei Muatchissingue Watembo, da Lunda-Sul, mostrou-se satisfeito com o programa e disse que é uma homenagem bem merecida, dada a intervenção do rei Mwene Vunongue na luta contra a ocupação colonial. Defendeu ainda a construção e reabilitação dos museus existentes para que as novas gerações tenham contacto com as realizações protagonizadas pelos seus ancestrais.