Alemanha - Um grupo de cidadãos concentrou-se esta tarde de forma simbólica no centro de Berlim para exigir a libertação imediata dos 15 jovens ativistas angolanos em prisão preventiva desde junho e manifestar a sua solidariedade.

Fonte: Lusa

A manifestação pacífica foi convocada pelas redes sociais e pretendeu "chamar atenção do mundo para a prisão destes jovens e mostrar aos ativistas detidos que o mundo está a acompanhar esta história", explicou o responsável pela organização do protesto, Zé Rocha.

 

Cerca de 10 pessoas reuniram-se na Alexanderplatz em Berlim, munidos de cartazes com palavras de ordem e bandeiras angolanas, para mostrarem que a comunidade angolana a viver na Alemanha é "um farol da esperança para muitos jovens que estão em Angola e que se querem manifestar e não conseguem, porque a pressão do Estado não deixa", acusou Zé Rocha, a viver em Berlim há 30 anos.

 

O grupo de manifestantes escolheu o dia 29 de julho para a concentração em Berlim de forma a coincidir com a data do protesto marcado em Luanda, que acabou por não decorrer.

 

"A manifestação de hoje no Largo da Independência, onde um grupo de jovens se queria juntar em solidariedade com os presos políticos, foi impedida por um grupo do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola). Eles sabotaram a manifestação", indigna-se o organizador do protesto.

No dia 20 de junho, a polícia prendeu 13 jovens acusados de planear um golpe de Estado já que foram detidos em "flagrante delito" pela leitura de obras sobre o ativismo político não-violento.

 

"Eu trabalho numa biblioteca científica e quando soube que os jovens foram presos ilegalmente porque estavam a ler um livro, eu assustei-me. Estou desapontado e indignado! O aparelho do estado angolano quer fazer-nos acreditar que ler um livro é um motivo para golpear a estrutura do governo", critica Zé Rocha.

 

Outros dois ativistas foram presos no dia 22 de junho e, desde então, os 15 jovens encontram-se em prisão preventiva.

 

O vice-procurador-geral da República angolana garantiu hoje à Lusa em Luanda que os ativistas detidos desde junho, em Luanda, não são presos políticos e que a detenção decorreu por estarem, alegadamente, a preparar uma "insurreição".

De acordo com informação anterior enviada à Lusa pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola, o grupo de 15 jovens ativistas estaria a preparar, em Luanda, um atentado contra o Presidente e outros membros dos órgãos de soberania, num alegado golpe de Estado.