Luanda - Em Janeiro do próximo ano chegará ao fim o contrato que atribuiu, durante dois anos, a gestão do Canal 2 da Televisão Pública de Angola à West Side Investments, WSI, empresa em que tem interesses Tchizé dos Santos Pêgo. Porém, antes do termo deste acordo, a WSI poderá assegurar, também, a gestão do Canal 1 da estação televisiva pública, segundo apurou o Semanário Angolense junto de boa fonte.

Consultas neste sentido correm há algum tempo, e a sua consumação poderá, eventualmente, preceder a renovação do vínculo que desde 25 de Janeiro de 2008 liga o canal estatal àquela empresa.

A conclusão da digitalização das emissões do Canal 2, processo que precede as emissões em alta defi nição, mas que ainda assim oferece uma imagem pura como o cristal, abriu caminho para abordagens neste sentido.

A WSI estaria disposta a contribuir, igualmente, para a digitalização do Canal 1, com o que se uniformizaria toda a estação, porém na condição de que lhe fosse concedida a gestão do seu miolo, ou seja, os programas noticiosos e informativos dedicados ao desporto, à economia e à cultura. O controlo das emissões em línguas nacionais também foi incluído no «caderno de encargos» apresentado pela West Side Investments para a gestão do canal 1.

A probabilidade deste acordo ir para frente ganhou embalagem no dia 4 de Fevereiro. A tutela da Televisão Pública é referida como tendo ficado tremendamente embaraçada com o facto de nesse dia o canal público, embora com mais anos de serviço, e com melhores arquivos, ter posto no ar um programa manifestamente inferior ao da TV Zimbo.

Profissionais da TPA consultados pelo Semanário Angolense admitiram não só haver uma regressão em termos de qualidade de programas, assim como uma progressiva perda de terreno para o canal da MédiaNova.

Contrariado com a pobreza do programa lançado pelo canal principal da TPA, o ministro Manuel Rabelais lançou então o conceito de «refundação», que deverá transformar aquela casa.

A transformação poderá incorporar a proposta da West Side Investments. A acontecer, a West Side deverá recorrer a terceiros, particularmente brasileiros, a quem deverá ser confiada a gestão da parte técnica do primeiro canal.

A West Side gere desde 25 de Janeiro o canal 2. As suas impressões digitais estão visíveis nos programas na natureza cor-derosa dos seus programas, para cuja realização subcontratou os serviços da Semba Comunicações, empresa detida por Avelino Eduardo dos Santos, «Zedú», irmão da Tchizé Pêgo.

Refundação à toda escala

Depois da TAAG, o Governo poderá vir a estender a ideia da refundação às empresas públicas de comunicação social, apurou o Semanário Angolense de fonte oficial.

Precipitada pela descolorida performance do canal principal da TPA no dia 4 de Fevereiro, a reavaliação dos órgãos públicos de comunicação na verdade já vinha sendo ponderada.

A TPA deverá ser a primeira a entrar no «pipeline», seguindo-se a Rádio Nacional de Angola, cuja situação é descrita como sendo igualmente sofrível. As fontes abordados pelo Semanário Angolense não puderam garantir se a refundação que está a ser concebida será idêntica à da TAAG, ou seja, executada por quadros idos de fora.

Mas o que as fontes do Semanário Angolense garantem é que dentro de «pouquíssimo tempo» rolarão cabeças na TPA e na RNA, para começar. Fernando Torres da Cunha, director- geral da TPA, e Eduardo Magalhães, director-geral da Rádio Nacional de Angola, poderão ser as duas primeiras «vítimas» da refundação na média pública.

Fonte: Semanario Angolense