Luanda - O desentendimento entre os três movimentos que combateram o colonialismo português em Angola (MPLA, FNLA e UNITA) acabou por cimentar alianças que directa ou indirectamente acabaram por internacionalizar um conflito que durou mais de 20 anos.

Fonte: Angop
Esta consideração foi nesta terça-feira, feita em Luanda, pelo Chefe do Estado Maior General das Foças Armadas Angola (FAA), Geraldo Sachipengo Nunda, quando discursava na abertura da conferência “Angola – Guerra de Libertação Nacional e Independência”.

Observou que no actual contexto geopolítico africano, Angola tem vindo a desenvolver, após alcançar a paz, um paradigma de progresso interno e de afirmação regional e continental em que as forças armadas asseguraram a transição da guerra para a paz e contribuíram para a independência dos países da África Austral e para a estabilidade regional e do continente africano.

Nesta perspectiva, declarou que as FAA vão continuar a trabalhar no sentido da sua modernização, do seu reequipamento e sustentação lógica, condensados na directiva do Comandante-em-Chefe sobre a reedificação, cujo núcleo central é a formação do homem, propiciando um modelo ajustado à estrutura política do país e contribuir para a estabilidade regional, continental e do mundo.

“A sociedade angolana precisa de aprofundar e amadurecer o conhecimento a respeito da defesa nacional, das tendências mundiais dos assuntos militares, das instituições militares e paramilitares, no mundo em que imperam as ameaças do novo tipo e de natureza assimétrica, a imprevisibilidade, tendo a mudança como a única constante”, defendeu.

Segundo o general Sachipengo Nunda, é neste quadro conceptual que se enquadram os propósitos da conferência, iniciativa que caracterizou de “extrema importância para a manutenção da nossa especificidade como militares”, contribuindo assim para a história recente de Angola.

Salientou que o evento visa valorizar os esforços dos guerrilheiros angolanos durante a luta armada de libertação nacional nas várias frentes, reavivar questões ligadas ao período da descolonização do país em busca de ensinamentos, de modo a fortalecer o Estado angolano e a Nação.

Pretendemos, nesta conferência, reafirmar e transmitir às gerações mais novas que a história militar é, antes de mais, a interpretação dos acontecimentos passados, capazes de inspirar o profissional das armas, acrescentou.

“Queremos demonstrar que não devemos ignorar a nossa história, mesmo que tenha sido muito conturbada, para que ela nos ensine a não repetirmos os mesmos erros no futuro, por isso não devemos ter medo da história”, asseverou.

Durante o evento, os participantes terão o privilégio de ouvir testemunhos na primeira pessoa daqueles que estiveram directamente envolvidos nas várias fases do processo de luta que conduziu o país à independência nacional, em 11 de Novembro de 1975.

Para o efeito, foram convidados prelectores angolanos e estrangeiros provenientes da África do Sul, de Cuba, de Portugal e da Rússia, que durante dois dias vão debater questões atinentes à luta de libertação nacional, com relevância para as guerras de guerrilha dos movimentos de libertação nacional.

Participam na conferência, membros da alta hierarquia militar do Ministério da Defesa Nacional, do Estados Maior General dos três ramos das FAA (Exercito, Marinha de Guerra e Força Aérea Nacional), capitães e subalternos, comissários da Polícia Nacional, deputados à Assembleia Nacional, entre outras entidades.