Luanda - Cresce a contestação ao poder liderado pelo Presidente José Eduardo dos Santos, porque é perceptível que já lhe falta capacidade e iniciativas para gerir a Nação.

Fonte: AGORA

A crise é cada vez mais profunda e a elevação dos níveis de pobreza são um argumento forte para maior descontentamento. E o Governo não sabe gerir conflitos. Não tem soluções e, por isso, reprime.


Quem pensou que Sebastião Martins estava liquidado, depois das circunstâncias que envolveram o seu 'misterioso' afastamento da chefia da Segurança, no quadro das intrigas palacianas, enganou-se redondamente.

O homem caiu de facto, mas levantou-se, sacudiu a poeira e deu a volta por cima, demonstrando a quem está lá no mais alto poleiro, que a vida não se resume ao exercício do poder. Sebastião Martins não só se dedicou à elevação da sua formação académica. Investigou e produziu uma obra de grande relevância com o título "Labirintos Mundiais - As revoluções pós-modernas e os caminhos da incerteza global".


Um tema de grande oportunidade para nós e a julgar pelas inúmeras figuras que marcaram presença na conferência temática que envolveu o lançamento, subordinada ao tema 'Geopolítica e Geoestratégia Mundial na actualidade - realidade e desafios', incluindo afectas aos órgãos castrenses, constituirá uma 'bíblia' para decisores e opinadores.


Como aprendemos, o "saber não ocupa lugar". Assim, ao contrário dos fantasmas que envolvem o livro 'From Dictatordhip to Democracy' do americano Gene Sharp, Sebastião Martins na sua obra desmistifica as tais revoluções e primaveras árabes, de que o nosso poder morre de medo.

E conclui, tal como nós, sobre a verdadeira causa desses conflitos: a falência das políticas dos Estados. Como em Angola, onde uma elite é dona e comanda tudo, subjugando e desestruturando uma sociedade, onde podemos enquadrar não só os jovens Revús presos, mas também marginais, porque escasseiam oportunidades de afirmação e de sobrevivência.


Esse é, sem dúvida, o nosso ponto de discórdia e resolvê-la passa, necessariamente, pelo reconhecimento do próprio Presidente (ou do concidadão José Eduardo dos Santos), que cumpriu o seu papel, mas que agora deve

sair, não deixando no seu lugar uma fotocópia de si mesmo, mas dando a possibilidade que seja substituído por alguém como mais dinâmica, que saiba fazer melhores leituras da realidade nacional, sobretudo que tenha a capacidade de injectar na direcção do Estado sangue novo, comprometido com a causa do povo e dos ideais libertadores dos inúmeros nacionalistas que tombaram pela nossa liberdade e bem-estar. Tudo o resto é bazófia pura.

José Eduardo dos Santos já não tem capacidade para dirigir uma Nação com tantos desafios como Angola. E manter-se em campo, após cumprido esse período legislativo, será prolongar um capricho que está a sair demasiado caro ao País. A título de exemplo, foi com alguma tristeza que ouvimos da boca de insigne médico nacional que cerca de 25% dos nossos jovens morrerá antes de atingir os 50 anos, por doenças várias, mas, principalmente, porque começam a ingerir bebidas alcoólicas fortes muito cedo, aos 11 anos. É uma das consequências do fracasso ou falência das políticas de governação.


E a quem se deve pedir responsabilidades por essa ameaça ao futuro da Nação? Quem é o Chefe do Executivo e presidente do partido que nos governa há 40 anos? Não tenhamos pois dúvidas que o futuro do País depende principalmente de mudanças. Mas, no caso concreto, elas não surtirão efeito se forem ensaiadas apenas de baixo para cima.

Elas deverão ocorrer do alto para baixo, porque o que está a faltar ao País é visão e competência da liderança. A actual acomodou- se, já não dispõe nem de força nem de perspicácia para descer às bases e perceber o que efectivamente se passa. Actua para agradar o estrangeiro. Por isso prende. Mas, desta vez, a 'coisa' complicou. A nação agradece o seu desempenho mas, por favor, chega!