Luanda - Camarada Presidente hoje (28) é o seu dia de seu aniversário, gostaria de o saudar e desejar festas felizes. Amanhã (29) o meu Pai, nacionalista de gema pela liberdade de Angola, faria 91 anos. Eu também farei anos no dia 30 e tenho 4 irmãos que também são do nosso signo no zodíaco. Somos virgens! Não devo esquecer que também partilhamos o mês com o nosso irmão Obama e Jonas Savimbi, o velho Holden Roberto partiu para outra dimensão num período de Agosto. É o mês que o ditador, Imperador Romano, César Augusto, quis que o lembrássemos eternamente. Infelizmente no calendário de Angola Agosto tornou-se num mês negro de tristes memorias.

Fonte: Club-k.net

Para onde vamos camarada Presidente?

Foi neste mês que se decidiu cometer o sacrilégio de bater nas Mamãs e soltar os cães contra elas, quando tinham a pretensão de reivindicar o direito à liberdade dos seus filhos feitos bodes expiatórios, sobre problemas que nada têm haver com eles. Onde esteve a nossa OMA, que não foi capaz de tomar uma atitute de defesa dessas Mamãs? As declarações dos bispos católicos da CEAST em preparação do I congresso eucarístico foram ásperas. O líder da AJAPRAZ descobriu, irresponsavelmente, que a formula para aparecer reside na ameaça gratuita aos angolanos com o putativo retorno à guerra.

 

Segundo os especialistas em questões económicas, a crise em Angola ainda vai no inicio mas o líder da Sonangol já declarou falência técnica. Afinal, nossa Sonangol está de tanga, de fio dental à vista de todos. O Cuando Cubango continuará a fazer parte das terras do progresso? Para os Chineses? É verdade que se negociou parcelas das terras dos soberanos a favor dos chineses? Nada se diz às pessoas do país?

 

Na sua mensagem de fim do ano de 2008, o Camarada Presidente falou bonito sobre as pessoas, sobre ética e moral e passo a citar: “Um país é feito de pessoas,… é importante que os actuais avanços políticos, económicos e institucionais da Nação se façam sentir também no plano social …?O Estado deve ser um agente dinamizador da transformação espiritual, em particular no resgate dos valores éticos e morais que,… deram lugar a uma mentalidade imediatista e egoísta no seio da nossa sociedade. Mas não poderá haver mudanças profundas e duradouras se estas não tiverem na base, como eixo central e estruturante, a própria família. Não haverá desenvolvimento real nem modernização do país sem famílias estruturadas e saudáveis, ….É necessário que o Estado encontre na sociedade e nas famílias aliados e parceiros…” “Temos também de resgatar o(s) valor(es)…. cerrando fileiras contra o grande mal da corrupção, tanto activa como passiva.”

 

Para alem da retórica dos discursos os angolanos continuam a pagar a factura amarga da má governação do nosso Governo, liderado pelo nosso partido. O acento tónico da governação não está nas pessoas. Hoje não sabemos viver sem corrupção até para as coisas mais insignificantes do dia-a-dia.

 

Camarada Presidente, estamos a sucumbir diante de toda corrupção que graça no pais. Esta prática tem sido como um tumor maligno que nos consome lentamente até à desgraça. Os problemas económicos que nos apoquentam hoje estão ligados a má gestão dos recursos gerados no período de apogeu financeiro, desde a independência, de 2003 a 2007 e 2010 a 2014. Fomos das economias que mais cresceram no mundo, dois dígitos, hoje não sabemos da dimensão da crise. Alguns especialistas dizem que o pior ainda está por vir. A frágil e insípida “classe média” que se tentou construir está a esfarelar-se. Para diversificar a economia “é indispensável o papel fulcral do sector privado”, mas este sector é amplamente negligenciado e marginalizado. No quadro mundial dos melhores países para se fazer negócios em 2015, estamos como dos piores países, de 189 no total estamos na posição 181.

A tentativa infrutuosa de ousar pensar em comprar metade de Portugal está-nos a sair pela culatra. A maior parte dos fundos investidos na antiga metrópole nunca mais terá retorno à nossa terra. Vamos continuar a criar riqueza lá, como já era de costume até antes de 1975 e não se vai criar valor cá. A sua filosofia de “acumulação primitiva de riqueza” só está dar frutos para uns poucos, que são sempre os mesmos, de costume. Na recta final do período de guerra em finais da década de 90, o Camarada Presidente constatou que a corrupção era o segundo maior mal da nossa Nação, depois do conflito armado. nada mais certo!

A 21 de Novembro de 2009 (na abertura da XV SESSÃO ORDINÁRIA DO COMITÉ CENTRAL DO MPLA), o Camarada Presidente sentenciou este e outros males que nos afligem com a seguinte sapiência: (cit.)

“...MPLA aplicou timidamente o princípio da fiscalização dos actos de gestão do Governo, quer através da Assembleia Nacional, quer pela via do Tribunal de Contas.

...Esta circunstância foi aproveitada por pessoas irresponsáveis e por gente de má fé para o esbanjamento de recursos e para a prática de actos de gestão ilícitos e mesmo danosos ou fraudulentos.

...Devíamos assumir uma atitude crítica e auto-crítica em relação à condução da aplicação da política do Partido neste domínio.

...O melhor é comprometermo-nos com uma espécie de “Tolerância Zero”...”

Como militante, a minha atitude critica e auto-crítica vai no sentido de aconselhar o camarada Presidente sobre alguns dos actos destas “pessoas irresponsáveis” e de muita “má fé” que têm praticado “actos de gestão ilícitos e mesmo danosos ou fraudulentos” para Nação e manchando a imagem do nosso partido. Cada vez menos, acredito nas boas intenções e militância destas pessoas no nosso partido. No entanto, essas pessoas há muito que deixaram de servir o partido, sendo que servem-se do partido em quantidades industriais.

 

Mesmo que “tecnicamente” de jure, aqueles 15 jovens, mais um, o Marcos Mavungo, em Cabinda, não sejam considerados presos políticos, verdade é que se lhes deu a importância política para ostentar tal estatuto, de facto. Para nós que combatemos em todas grandes batalhar para se alcançar a paz, é um insulto de tamanha medida sugerir que 15 jovens pretendiam dar um “Coup de Etat” numa Angola que conseguiu ultrapassar os ventos do leste com a queda do muro de Berlim e, finda da guerra fria, trávamos o maior exército dos 53 países (54 com Angola) no continente africano, sobrevivemos o teste do multipartidarismo dos anos 90. Só para recordar que não somos um pais qualquer, em 2014 gástamos mais em arsenal bélico que a África do Sul e Nigéria juntos.

 

Passaram 68 dias desde que os jovens foram apanhados em “flagrante delito”, juridicamente ainda não se conseguiu acusar ninguém, mas nos microfones da comunicação social do estado eles já foram julgados e condenados; fez-se tábua rasa da presunção de inocência, que até o Coronel Callan (Costas Giorgiou)e seus companheiros mercenários tiveram direito em 1976.

 

Com a presente situação, o diriam os nossos nacionalistas do “processo dos 50” que foram desterrados no Tarrafal, em Cabo Verde, aqueles que foram enviados para Colónia Penal do Capolo, no Bié, no campo de Extermínio do Missombo, em Menongue, aqueles que tiveram em São Nicolau, no Namibe e todos outros presos políticos pela causa de Angola? É irónico que alguns que tiveram em São Nicolau hoje investidos de poder também participam nesta farsa.

A nossa juventude está ansiosa para contribuir e desfrutar do crescimento de dois dígitos que muito se falou. Dizia o Camarada Presidente à Nação na habitual mensagem de fim de ano de 2012: “Quem tem muito deve ajudar aqueles que têm muito pouco ou quase nada, tendo presente na sua consciência que a solidariedade fortalece a coesão social.”

 

Os que têm tudo na actualidade estão bem próximos de si, por isso os ordene que distribuam melhor para todos. A origem de muitos destes fundos é questionável, se for a filosofia do “Robin dos bosques” em que se retira do estado para se fazerem operações de charme com distribuição de alguns bens aos pobres de Angola não é honesto. Esta juventude “frustrada”, que estamos a mandar para as cadeias, está com a mesma idade do seu consulado como alto mandatário da Nação, nasceu depois de 1977, daí que lhes aterrorizar com os acontecimentos tenebrosos da tragédia do 27 de Maio é tétrico. Um dia teremos que abrir o livro, quantas não foram as vezes que nos cruzamos no Ministério da defesa, você ainda Major das FAPLA? Vimos camaradas nossos amarrados no chão como se de animais no curral se tratassem, dissimulámos não os conhecer preferindo não os olhar nos olhos para não sermos conotados. Tenho lembranças do Zeca Ndongo, do Camacho, da Isaura, da TAAG, no Lubango, do meu primo Marito marido da Virinha. O 27 de Maio atrofiou, atrasou a nossa sociedade da altura por algumas décadas. Queremos o mesmo para a sociedade de agora? A quem interessa atrasar a sociedade actual?

Os Revús, como todos outros jovens de Angola, deveriam estar nas escolas, universidades, no campo, no desporto, nas fabricas ao serviço da Nação para ajudar a produzir mais para se distribuir equitativamente melhor para todos.

Camarada Presidente, ordene a soltura destes jovens! Fomos magnânimos com o inimigo visceral até 2002 e não conseguimos fazer melhor com os nossos filhos? Estes jovens são filhos e parentes de Angolanos de gema, que lutaram no anonimato, para que pudéssemos celebrar 40 anos de independência. Não ficará bem para todos nós comemorar 40 anos com presos de consciência em plena era de pluralismo democrático.

Nas festividades dos 40 anos, deveríamos focar-nos nas coisas positivas, aprendendo com os erros do passado para construir um futuro mais digno para os Angolanos. Não nos podemos esquecer dos feitos dos nacionalistas que já partiram, nós que continuam vivos a comer o pão amassado pelo diabo. Tenho Lembranças do Lolo Kiambata, dos primeiros negros a desviarem um avião para chamar atenção ao mundo dos acontecimentos em Angola, do comandante Farrusco pelos feitos heróicos no Sul de Angola contra as investidas do Exército (da SDF) do regime hediondo do Apartheid. Todos nós aguardamos pelas nossas medalhas, por tudo que se fez em prol da Nação independente.

Presidente ao longo de mais de 40 anos também dei o melhor de mim ao serviço do MPLA, o seu conceito de que todos nós que não concordamos consigo ”que crie(mos), se não tiver, o seu Partido político” nem o único co-fundador sobrevivente do MPLA, o camarada Lúcio Lara, ousou dizer ou agir em conformidade.

O capital que nós adquirimos com muito suor, sacrifício e sangue de muitos nacionalistas está desaparecer, e a boa imagem de Angola,
intramuros e no estrangeiro, está desgastada. Já comparam o nosso sistema politico ao regime discriminatório e repressivo do Apartheid. Outros mais afoitos chamam-nos de fascistas com similitudes ao comportamento do Sr António de Oliveira Salazar no tempo do estado novo, até ousam chamar-nos de “tiranos e ditadores” como Júlio Casar e outros imperadores da Roma antiga.

“Viva Angola de Cabinda ao Cunene do Mar ao Leste! Somos milhões e contra milhões ninguém combate!”!

*Manuel Paulo Mendes de Carvalho Pacavira
Tenente-General
Icolo e Bengo, 28 de Agosto de 2015
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Foto de Os Conselhos Do General.