Luanda – As causas migratórias do êxodo actual à Europa Ocidental vindas do Médio Oriente e da Africa são bem conhecidas. Em síntese, são as seguintes: As guerras fratricidas, o extremismo islâmico, os actos de barbaridades, a pobreza extrema, a fome, a má-governação, a corrupção, a fuga de capitais, as desigualdades sociais, a exploração da mão-de-obra barata e a opressão, resultantes dos regimes corruptos e autoritários.

Fonte: Club-k.net
Este contexto é bastante amplo e variável, dependendo de realidades concretas e específicas de cada país afectado pelo êxodo migratório. A questão fulcral desta reflexão não consiste nas causas migratórias, mas sim, na preferência migratória. Porque o alvo migratório é a Europa Ocidental? Porque a migração actual não destina-se à Rússia eà China?

O itinerário principal da migração actual tem sido através da Região Mediterrânea, que está situada entre África, Europa e Ásia. Os emigrantes do Médio Oriente entram pela Turquia e pela Grécia no seu longo trajecto pela Europa Oriental, até atingir a Europa Ocidental.

O risco de atravessar o Mar Mediterrâneo para alcançar a Grécia é enorme; enquanto, a Síria e o Iraque têm a fronteira comum com a Turquia, que daria acesso fácil e mais segura para entrar na Rússia. Sendo esta, uma Potencia Asiática, com características culturais aproximadas aos Povos Árabes do Médio Oriente.

Alias, o Cristianismo Ocidental é o Antítese do Islamismo Árabe; sempre estiveram em desavenças; e travaram guerras violentas entre os Europeus e os Árabes, nesta Região vasta do Mediterrâneo. Porém, apesar de tudo isso, e diante os riscos iminentes, os emigrantes arriscam passar pela bacia aquática do Mediterrâneo, perdendo as vidas humanas pela travessia, só para alcançar a Europa Ocidental.

Ampliando o leque desta análise, é curioso constar que, mesmo durante a Guerra-Fria, os emigrantes africanos e asiáticos, tinham como destino preferenciado a Europa Ocidental. Muitos emigrantes originários da África Subsariana passavam pelo Moscovo, através da Aeroflot, uma Linha Aérea da Rússia, no seu percurso sinuoso para Europa Ocidental.

Muitos Jovens Africanos, enviados para Europa do Leste, fugiam daí para Europa Ocidental. As vezes encorajados pelos diplomatas africanos que tinham uma visão política diferente do Mundo, contrária aos sistemas totalitários e autocrático sque eram dominantes no Continente Africano.

O mais intricado deste fenómeno,é o facto de que, as Antigas Potências Coloniais Europeias são preferências privilegiadas do influxo migratório. Dentre essas potências, o maior alvo do influxo migratório é Alemanha(40% dos emigrantes visam RFA), que perdeu a 1ª e a 2ª Guerra Mundial, condenada pelo «Holocausto».

Durante a Guerra-Fria a maioria dos Países Africanos e da América Latina alinharam-se com a União Soviética e a China, que serviram de patronos da luta pelas independências nacionais. Hoje, no fim da Guerra-Fria, a China surgira como a 2ª maior economia do Mundo, atrás dos EUA, com investimentos maciços nos Países em desenvolvimento.

Apesar disso (da vantagem que a China e a Rússia gozam no seu relacionamento com os países em desenvolvimento),este estatuto privilegiado não lhes confere a credibilidade dos emigrantes, em termos das aspirações e expectativas. Logo, qual seria então, as aspirações profundas e as expectativas da emigração, em escolher as Antigas Potencias Coloniais Europeias e Alemanha, com seus passivos anatemáticos, isto é, da escravatura, da colonização e dos crimes hediondos das duas Guerras Mundiais?

Na verdade, em termos comparativos, a Europa Ocidental tem o padrão de vida mais elevado do que as duas maiores potências asiáticas (Rússia e China), que ainda têm uma base social bastante atrasada e pobre. As condições de vida, por exemplo, dos imigrantes na Europa Ocidental são muito confortáveis em comparação com a Classe Média dos Países Africanos. Acima disso, os Povos da Europa Ocidental possuem uma base ampla e solida de liberdade, que potencia os cidadãos desenvolverem as suas capacidades e realizar-se na base de mérito, assente na competividade leal e na igualdade de oportunidades.

Na Europa Ocidental, o princípio de dignidade humana, enquanto membro da sociedade, é respeitado e serve de mais-valia para o desenvolvimento dos recursos humanos, como factor primordial do avanço cultural, tecnológico, científico e económico, de uma Nação. Captando e integrando as faculdades humanas, através de fuga de valores e de cérebros, que se emigram constantemente ao Norte do Hemisfério.

O processo de integração humana é mais suave e efectiva na Europa Ocidental, do que na China e na Rússia, onde os níveis de xenofobia e de discriminação racial são bastantes elevados. A valorização dos Direitos Humanos, consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem, constitui o cerne da Civilização Ocidental, que se traduz no sistema da democracia capitalista, baseada na economia livre do Mercado. Esses valores, em referência, não são assumidos integralmente na Rússia e na China, onde os direitos individuais são ignorados, desvalorizados ou subjugados pelo Estado.

Nesses Países, de orientação política socialista, a Soberania do Estado é de carácter absoluto e é imposta sobre as liberdades e os direitos individuais do Povo. Embora as duas Potências Asiáticas são Membros Permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, mas o Direito Internacional tem a obediência relativa, sem mecanismos eficazes de cumprimento escrupuloso e de fiscalização efectiva.

Este sistema político é similar ao regime angolano onde a Constituição e a Lei não são respeitadas pelos órgãos de soberania de Estado. Existindo apenas no papel para o Inglês ver, com fim de iludir a opinião pública de como Angola fosse um Estado Democrático de Direito.

Esta leitura, da conjuntura internacional, em termos comparativos, nos permite entender a razão pela qual a Europa Ocidental é alvo privilegiado de influxo migratório do Mundo. Pois, a «liberdade»e a «valorização do ser humano» constituem as aspirações mais profundas e mais altas da pessoa humana, que lhe permite alcançar o«bem-estar social» e a «dignidade humana».

Logo, a preferência migratória constitui um elemento indicador da natureza das independências nacionais, conquistadas com apoio da China e da Rússia, como modelos, que têm estado a transformar-se em novas formas de Colonização dos Países Africanos. Causando a fuga massiva dos seus cidadãos para Europa Ocidental.