Luanda – Tentaremos abordar este assunto, de forma tão geral, de maneira que a analise seja válida, para as crises organizacionais, económicas, políticas, conjugais, pessoais e de outra índole.


Fonte: Club-k.net
Desde logo, por definição geral a crise é uma alteração negativa e brusca do “estado de coisas”, que causa desequilíbrio, entre duas ou mais variáveis inerentes a um objecto, relação ou processo. Crise é o rompimento da normalidade até então dominante, criando disfunções e adversidades. Por exemplo, crise no domínio económico, poderia ser a subida geral dos preços (inflação), os desajustes acentuados entre a oferta e a procura de bens e serviços.

A crise, quanto a sua dimensão pode ser profunda, parcial, ou ligeira. E quanto a sua durabilidade pode ser de longo, médio ou curto prazo. Quanto a repetição pode ser, ainda que por diferentes causas, cíclica ou ocasional.

É importante referir que alguns autores destrinçam três fases da crise, nomeadamente a pré-crise (em que se verificam alguns sinais tendentes a romper o equilíbrio, e que são negligenciados por serem ainda pouco incómodos) a crise propriamente dita (momento em que se sente o auge do desequilíbrio e se reconhece a necessidade de se alterar a situação para alcançar novo equilíbrio e eliminar as dificuldades) e a pós-crise (circunstancia em que já se corrigiram os desajustes verificados no “estado de coisas e se instala a nova normalidade”).

Elas têm causas endógenas e exógenas, as quais podem actuar em simultâneo ou separadamente. As crises, de forma geral, se devem ao facto de que tudo está em constante mudança, durante a qual pode ocorrer inadaptação, se pode cometer erros, perder energia, harmonia e sincronia.

Ideias atribuídas à Albert Einsten (1879-1955) indicam a sua visão sobre a crise nos seguintes termos: “ Não pretendamos que as coisas mudem, se fizermos sempre a mesma coisa. A crise é a maior bênção que as pessoas e os países podem ter, pois a crise trás progressos. A criatividade nasce da angústia, tal como o dia nasce da noite obscura. È da crise que nasce a invenção, os descobrimentos e as grandes estratégias”.

E este cientista acrescentou: “ Quem atribui à crise os seus fracassos e amarguras, violenta o seu próprio talento e respeita mais os problemas do que as soluções. O inconveniente das pessoas e dos países é a preguiça de encontrar as saídas e soluções”.

Lair Ribeiro, autor da obra “O Sucesso, Não Acontece Por Acaso”, refere que: “ A palavra crise, em chinês, tem dois significados: Perigo e Oportunidade. È você quem escolhe se vai considera-la como perigo ou oportunidade. Quando você ouvir falar em crise pense em riscar a letra S. Assim, CRI$E. Agora risque de novo e coloque-o no fim da palavra. O que fica? CRIE$. Exactamente Crie, dinheiro, sucesso e prosperidade”.

Na verdade, na generalidade, só podemos corroborar tanto com a ideia de Einsten, como com o pensamento chinês, pois as crises, problemas e dificuldades fazem despertar o engenho, a busca de soluções alternativas novas, de oportunidades novas, as quais, em condições normais dificilmente seriam detectadas.

A História Universal registou inúmeros casos em que as situações difíceis, caóticas deram lugar à criatividade, à invenção e inovação. Inúmeros países e pessoas converteram-se empreendedores, descobriram oportunidades graças as suas próprias crises e dificuldades. A invenção da Roda, por exemplo, resultou das dificuldades de locomoção de pessoas e de bens de grande porte, função que os animais que até então a cumpriam se revelaram incapazes.

Enfim, há situações que obrigam, a todo custo, as vezes até, em nome da sobrevivência humana, que se reformulem princípios, objectivos, meios e métodos, baseados na capacidade cerebral humana considerada infinitamente grande.

Contudo, é inegável que a crise, como vimos por definição, enquanto decorre, cria imensos prejuízos, cria disfunção, desestrutura, desarmoniza, representa custos altos, configura um momento crítico, que pode conduzir a retrocessos, ainda que sejam temporários, pode levar a decadência de organizações, de seres vivos, de objectos, de relações, etc. Por isso, podemos falar que a crise não é tanto uma “bênção” como apregoou Einsten.

Também é verdade que a humanidade deu saltos significativos no domínio da ciência e da tecnologia, mesmo sem passar por crise. Por exemplo, a invenção da Internet, não resultou propriamente de uma crise.

No entanto, não se pode duvidar que a crise, ao mesmo tempo que é resultado de mudanças, têm o condão de impor e acelerar mudanças para melhor. A solução da crise pressupõe a mudança de paradigmas, isso é, a busca de novas e melhores formas de interpretar os factos, objectos, processos e relações.

Mas tão importante quanto reagir bem à crise, é evitá-la, acompanhando rigorosamente a tendência do curso dos factos, processos e relações ou no mínimo atenuar, com resiliência, os seus efeitos, ainda que elas tenham origem predominantemente exógena.

A Gestão da crise aconselha: Reconhecimento da sua existência; Criação de um Task Force para a crise; Conhecimento e vontade de resolvê-la; Identificação das suas causas, dimensão e características; Identificação de riscos e ameaças subjacentes a ela; Resolução dos prejuízos causados por ela; Envolvimento das pessoas afectadas e não afectadas por elas; Analise, revisão e actualização de conceitos, princípios e métodos; Condução boa do processo de comunicação sobre ela; Escolha das alternativas que melhor conduzam à nova normalidade, etc.

Sendo certo que as crises previsíveis e imprevistas sempre existirão, haverá que saber lidar com ela para mitigar os seus efeitos, reinstalar o equilíbrio ou normalidade e consolidar a mudança imposta por elas.

*Licenciado em Ciências Sociais e em Gestão de Empresas
Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.