Lisboa - O Governo não vai ter capacidade para pagar o salário suplementar em Dezembro, consequência da grave derrapagem financeira nos cofres do Estado, segundo apurou o jornal Expresso junto do Ministério das Finanças.

Fonte: Expresso
De acordo com fonte do BNA, contactada pelo jornal, o 13.º mês será pago aos funcionários públicos em três tranches, já a partir de Outubro. “É a única forma que temos para fazer face a encargos salariais anuais na ordem de USD 1.200 mil milhões”, indicou.

Além das dificuldades no pagamento do subsídio de Natal, Presidente da República, ministros, secretários de Estado e governadores provinciais viram os seus salários serem igualmente afectados pela crise cambial. Até Julho do ano passado, à excepção de José Eduardo dos Santos, que aufere ainda de regalias inerentes ao cargo de Chefe de Estado, os restantes membros do governo passaram a receber USD 1.300 em vez de USD 4.078, diz o jornal português.

A desvalorização abrupta do kwanza face ao dólar e a escassez da divisa estrangeira no país fizeram disparar a inflação, que já atingiu os 13 por cento. A classe média é agora obrigada a “apertar o cinto”. “Com salários em atraso e a valerem cada vez menos, vamos deixar de ir a restaurantes e, este ano, em minha casa já ninguém sequer pensou em falar de férias em Portugal”, diz Joaquim Faria, funcionário do Ministério da Indústria.

As dificuldades financeiras que várias famílias estão a atravessar já levaram milhares de estudantes a desistirem do ensino superior. “Há universidades, que vão acabar por encerrar”, disse uma fonte da associação das instituições privadas do ensino superior.

Considerando a quase inexistente produção interna, a escassez de divisas pode ainda levar à ruptura de stocks de produtos básicos nas prateleiras dos supermercados, alerta Joffre Van-Dúnem presidente do conselho de administração do Entreposto Aduaneiro.

Contudo, o artigo do Expresso ressalva que a falta de dólares não toca a todos. Aparentemente, a moeda norte-americana aparece com abundância no mercado de São Paulo, Luanda, “onde, no final do dia, alguns chineses, carregados de milhões de kwanzas, se vão abastecer de dólares provenientes dos bancos comerciais e casas de câmbio” escreveu o jornal.