Lisboa - Os familiares dos 15 ativistas detidos em Luanda desde junho, por alegadamente estarem a preparar um atentado contra o Presidente angolano, reagem hoje, em conferência de imprensa, à formalização da acusação, por parte do Ministério Público.

Fonte: Lusa

De acordo com a convocatória, na conferência de imprensa estarão presentes, além dos familiares, os advogados que defendem estes ativistas, presos preventivamente há mais de 100 dias, para que «possam esclarecer o estado do processo».

«Será também esclarecido o estado atual dos detidos que iniciaram uma greve de fome no dia 21 de Setembro», refere-se ainda.

A Lusa noticiou, na segunda-feira, o conteúdo do despacho de acusação proferido pelo Ministério Público angolano contra 15 ativistas em prisão preventiva e mais duas jovens - que permanecem em liberdade -, alegando a preparação de uma rebelião e de um atentado contra o Presidente da República, prevendo barricadas nas ruas e desobediência civil que estes aprendiam num curso de formação.

«Os arguidos planeavam, após a destituição dos órgãos de soberania legitimamente instituídos, formar o que denominaram ?Governo de Salvação Nacional' e elaborar uma ?nova Constituição'», lê-se na acusação, deduzida três meses depois das detenções.

Em causa está uma operação policial desencadeada a 20 de junho de 2015, quando 13 jovens ativistas angolanos foram detidos em Luanda, em flagrante delito, durante a sexta reunião semanal de um curso formação de ativistas, para promover posteriormente a destituição do atual regime, diz a acusação.

Outros dois jovens foram detidos dias depois, permanecendo todos em prisão preventiva desde então, alguns dos quais em greve de fome há vários dias, considerando-se presos políticos.

Estão acusados da coautoria material de um crime de atos preparatórios para uma rebelião e para um atentado contra o Presidente da República, no âmbito desse curso de formação que decorria desde maio.

Segundo a acusação, reuniam-se aos sábados para discutir as estratégias e ensinamentos da obra "Ferramentas para destruir o ditador e enviar uma nova ditadura, filosofia da libertação para Angola", do professor universitário Domingos da Cruz - um dos arguidos detidos -, adaptado do livro "From Dictatorship to Democracy", do norte-americano Gene Sharp.

«Uma vez cumprido o programa [do curso], que tinha a duração de três meses, partiriam para ação prática e concreta, pondo em execução os ensinamentos para o derrube do ‘regime' ou do ‘ditador', começando com greves, manifestações generalizadas, com violência à mistura, com a colocação de barricadas e queimando pneus em toda as artérias da cidade de Luanda», refere a acusação.