Luanda - 1. Li com atenção o último "post" do Celso Malavoloneke e estou solidário com a inquietação manifestada por ele neste espaço de grande interacção.

Fonte: Club-k.net

2. Pelo que vejo, a situação em Angola está a assumir contornos cada vez mais perigosos, com os "radicais" dentro do MPLA a dominarem completamente o seu espaço político e, por consequência, a vida nacional.

 

3. Acredito que possa haver gente dentro do MPLA quem não esteja de acordo com esse modo de actuação, com as acções violentas e intolerantes dos seus camaradas. Pensar o contrário, ou seja, ver apenas "maus" e "radicais" em todo o MPLA será também uma atitude "radical". Eu, de modo algum, sou um "radical", mesmo que alguns mal-intencionados me apontem o dedo como tal. Se assim pensam, é porque não me conhecem bem. Durante a minha vida apenas fui "radical" uma vez: na luta anti-colonial, e isso porque não havia outra alternativa para a solução do nosso problema...

 

4. Penso, sinceramente, que ainda podemos levar a cabo transformações democráticas sem pormos em risco tudo aquilo que de bom conseguimos alcançar até agora. Foi pouco, mas já é alguma coisa...Mas, para tal, temos que limitar os passos aos "radicais" de todos os lados, quer os do MPLA, quer os das Oposições. E os deste lado, das Oposições, crescerão mais rapidamente à medida que os do outro lado, os do MPLA, preponderarem.

 

5. Não tenho dúvidas de que, a prolongar-se este estado de coisas, podemos estar a caminhar para um processo de destruição, em que os protagonistas serão apenas os "radicais" de todos os lados.

 

6. Tenhamos como exemplo a Síria: de início, eclodiu um levantamento contra uma ditadura. Tudo parecia que o objectivo seria derrubar a ditadura e instituir um Estado Democrático. Mas, com o prolongamento do conflito, o espaço ficou ocupado pelos extremistas dos dois lados, ao ponto de hoje termos o Estado Islâmico a marcar o compasso do tempo.

 

7. É, pois, altura de darmos os rostos e juntarmo-nos, todos os que preferimos soluções negociadas, para travarmos o descarrilamento total. Quando se invade uma Igreja e se prende quem, pacificamente, lá está, então, já estamos no limiar do vale tudo...

 

8. Temos que ter coragem. Cada um deve assumir as suas responsabilidades. Senão, não tenhamos dúvidas, seremos literalmente engolidos pelo turbilhão do radicalismo.

 

9. Este é o meu Apelo, o Apelo de quem sempre lutou pelo melhor e não para destruir.